Fé, no sentido mais simples, é confiança. Mas essa confiança pode chegar à irracionalidade.
Quando você vai ao médico, você está com fé no conhecimento do médico e no medicamento que ele lhe receita. Se você participa de um concurso, é porque você tem um pouco de fé em si mesmo.
Mas quando se fala de fé no sentido religioso, parece não haver como definir melhor do que fez João de Freitas: “fé é o firme fundamento das coisas infundadas, a certeza da existência das coisas que não existem.”
É com essa fé que milhões de pessoas ainda aceitam, contra todos os elementos científicos, a versão de um mundo criado em seis dias há mais ou menos seis mil anos.
Com essa fé, autoridades eclesiásticas determinaram a execução das pessoas que ousaram por em dúvida os dogmas da igreja.
Com essa fé, fiéis assassinos esperam que irão para o paraíso ao espirarem em suas missões suicidas.
“Muito do que as pessoas fazem é em nome de Deus. Irlandeses explodem uns aos outros em nome de Deus. Árabes explodem-se a si mesmos em seu nome. Imames e aiatolás oprimem mulheres em seu nome. Papas e padres celibatários interferem na vida sexual das pessoas em seu nome. Judeus shohets cortam a garganta de animais em seu nome. As conquistas históricas da religião – cruzadas sangrentas, inquisições torturantes, conquistadores genocidas, missionários destruidores de culturas e toda resistência possível contra o progresso científico – são ainda mais impressionantes. E qual é a parte positiva? Fica cada vez mais evidente que a resposta é “absolutamente nenhuma”. Não há motivos para acreditar na existência de quaisquer tipos de deuses, mas razões bastante boas para concluir que não existem e nunca existiram. Tudo foi apenas um gigantesco desperdício de tempo e vidas. Uma verdadeira piada de proporções cósmicas, se não fosse tão trágico. (Richard Dawkins).
Todavia, a fé mantém vivo o deus de todos esses destruidores. É a certeza das coisas incertas, da existência das coisas que não existem.