Quem chega lá esquece de cá mesmo. Onde está aquele defensor dos fracos e oprimidos? Ou é dos frascos de comprimidos?
“Na oposição, o PT sempre defendeu os interesses dos trabalhadores e dos servidores públicos. Agora, no governo, o partido adota uma outra postura: a política do arrocho. O reajuste salarial do funcionalismo é o melhor exemplo. O que o governo pretende propor não deve ser acima de 4%. Com isso, a defasagem salarial vai se agravando. No projeto que trata da reforma da previdência, o governo pretende também mexer com benefícios dos trabalhadores. A alegação é o rombo da Previdência Social. A reforma é necessária para tirar a Previdência do buraco. Mas ela tem de ser feita preservando o direito adquirido. E a reforma tributária? É outra que vai impor mais sacrifícios ao contribuinte. Ninguém tem dúvida disso, mesmo porque nenhum governante – seja federal, estadual ou municipal – admite perder receita. Mas ninguém, na área do governo, fala em estabelecer mecanismos mais eficientes para combater a sonegação. É por aí, no combate à sonegação, que o governo deveria iniciar a reforma tributária, sem sacrificar o contribuinte” (Diário da Tarde, 20 de março 2003).
Há uns seis ou sete anos, FHC falou em dar 10% de reajuste para o funcionalismo público. Isso foi uma coisa abominável para o PT. Depois de oito anos sem nada, porque FHC não deu nem os 10% que dissera estar disposto a dar, o cabeça do PT chega ao governo e tem a coragem de falar em 4%. Quatro por cento!!!! Será que estou dormindo e tendo um pesadelo? É muito difícil acreditar que isso seja realidade. Como pode aquele que ontem estava defendendo um direito publicamente para todo o país estar hoje pronto para suprimi-lo?
Sabemos que, graças aos parlamentares petistas, FHC não conseguiu excluir direitos previdenciários dos servidores públicos. Agora, quem nos defendia está no lado de lá. Parece que estamos fu... , dizer “mal pagos” é desnecessário.
E a reforma tributária? Certamente restará alguma coisa para nós – de prejuízo, é claro. FHC lutou para não corrigir a tabela do IR, mas não conseguiu evitar cinqüenta por cento dessa correção. Agora, o ex-defensor do contribuinte parece que não vai ter dificuldade para manter tudo congelado, com exceção dos preços daquilo que temos que pagar.
Dizem, lá no interior, que a corda arrebenta no ponto mais fraco. Assim é na sociedade. Os donos do dinheiro continuarão ganhando e nós perdendo.