Muito conhecida e divulgada, a imagem que nos vem à frente quando pensamos em levitação é a de alguém “poderoso” fazendo outra pessoa se erguer e flutuar pelo ar. Depois, lentamente, voltar ao ponto de partida.
Na realidade, ninguém pode levitar outra pessoa, a não ser por truque. Todo bom ilusionista sabe apresentar o truque da levitação nos teatros, nas tevês...
A levitação enquanto fenômeno parapsicológico só pode ser do próprio corpo. É um dos mais raros - e interessantes fenômenos estudados pela Parapsicologia. No entanto, é também um dos mais fáceis de se verificar. Excluindo a alucinação, qualquer pessoa pode se aproximar, verificar, apalpar... Ter a certeza de que uma pessoa está realmente no ar ou não, se por truque ou sem apoio normal nenhum.
A levitação tradicionalmente foi sempre atribuída ao sobrenatural: demônios, espíritos... ou a Deus. Mas não é lícito atribuir os fenômenos ao sobrenatural antes de excluir todas as possibilidades e hipóteses de explicações naturais.
Alguns casos foram resolvidos com exorcismo (católicos, protestantes ou de seitas) ou por meras ordens e ameaças; outros casos foram curados por hipnotismo. Há ainda casos em que o levitado curou-se com vitaminas, chás, calmantes ou água destilada com rótulo de “poderosíssimos remédios”! Seria completamente absurdo admitir que entidade sobrenaturais (demônios, espíritos...) foram hipnotizados ou expulsas com ervas, chás, remédios sugestivos...
Os que têm levitação são psiquicamente doentes. Os “exorcismos” e os “remédios” acalmaram os nervos e o inconsciente da vítima, não passando de um tranqüilizante, um modo de tirar de transe, uma maneira de desipnotizar...
Considerando ainda que a levitação ocorre em todos os ambientes (católico, protestante, hinduísta, budista, maometano, espírita, ocultista, ateu, qualquer que seja...), com ou sem conotações religiosas, confirma-se a naturalidade do fenômeno. Levitação e sua ura são um efeito evidentemente natural de causas e condições naturais.
E qual o mecanismo de levitação?
Como em todos os fenômenos parapsicológicos de efeito físico, a explicação é a telergia (energia somática e exteriorizada). Em determinados momentos de exaltação ou predominância do psiquismo, o organismo pode desprender telergia, e é esta que levanta o corpo. E isso se dá de diversas maneiras:
1.º) Pela emissão de telergia há, é lógico, uma diminuição de peso... Isso não é suficiente para o corpo ficar mais ligeiro do que o ar, mas facilita a levitação.
2.º) O corpo, pesando menos, pode ser empurrado e sustentado pela própria telergia: “hastes psíquicas”, “coluna ectoplasmática”... Se, portanto, a telergia pode levantar objetos (telecinesia), não parece exagero afirmar que possa levitar o corpo do próprio doente. A telergia nunca age sobre outra pessoa.
3.º) Muitas vezes, a telergia tem apresentado efeitos elétricos e magnéticos. O fenômeno poderia se produzir caso o doente, em “êxtase”, deixasse escapar o seu fluído elétrico (telérgico) pelos pés e joelhos (muitas vezes estão em oração), elevando-se assim acima do solo.
4.º) A telergia provocaria uma orientação privilegiada (polarização interna) das partículas do corpo humano, e o efeito da atração ficaria anulado.
5.º) Formar pela ação da telergia um campo antigravitacional parapsicológico ao redor do doente.
Há outras possíveis explicações, outras diferentes ações da telergia, verificadas cientificamente, como as anteriores, em diversas levitações. Explicações que se completam e se unem em favor da naturalidade do fenômeno.
Milagre de levitação, só quando for a grandes alturas, claramente “sobre-humanas”, por poder claramente divino: como a Ascensão de Jesus Cristo, algumas das levitações de São José de Cupertino, São Gregório Taumaturgo, São Raimundo de Penafort, São Jacinto etc. Por milagre, por poder divino, alguns santos também podem levitar outras pessoas, como fizeram São Carlos Borromeu, São Bento de Alcântara, entre outros.
Portanto, afaste-se das pessoas que dizem fazer alguém flutuar. Elas, na verdade, estão querendo iludi-lo.
Por Luiz Roberto Turatti, aluno do Centro Latino-Americano de Parapsicologia, CLAP (www.clap.org.br), dirigido pelo Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo, S.J.
Esse artigo já foi publicado em:
- “Tribuna do Povo”, Araras/SP (Brasil), sábado, 4/2/1995;
- “Jornal de Parapsicologia”, Braga (Portugal), novembro/1995;