PONTES E PINGUELAS...
Luiz Roberto TurattiEm janeiro de 1991 espalhou-se pela cidade de Araras (SP) o boato de que um padre (Prof. Dr. Padre João Modesti), que sofrera delicada intervenção cirúrgica, havia chamado um famoso curandeiro-espírita (Waldemar Coelho), da vizinha cidade de Leme (SP), para o aliviar de fortes dores pós-operatórias, porque a cirurgia, pela qual passara, “não tinha sido bem realizada”.
Vindo o curandeiro, o padre ter-lhe-ia exposto tudo sobre as dores de que estava padecendo.
O boato afirmava ainda que o curandeiro já havia consultado seus “guias” que o informaram que, de fato, o padre não estava bem de saúde.
Diante disto, o curandeiro recomendara ao padre que passasse por outra cirurgia, mas agora “espiritual” e urgente, lá no centro-espírita de Leme, visto que fora do centro seria impossível a obtenção da “cura”.
O padre teria vacilado surpreso perante tal possibilidade, e teria dito ao curandeiro: “o que diriam os seus fiéis?; como se justificaria o seu envolvimento com o espiritismo?...”
Duvidando do rumor, fui ter com o principal envolvido no episódio, aliás, a única pessoa confiável: o sacerdote em causa.
Esse não se perturbou com minha narrativa, dizendo-me estar habituado a muitos diz-que-diz-que, e que como padre Católico Apostólico Romano, não costumava importar-se com isso, e acrescentou que nunca o espiritismo lhe despertou nenhuma atração, pois continua o mesmo de sempre, ou seja, desmoralizado e desmerecedor de interesse.
O padre afirmou-me que o curandeiro realmente o visitou logo após a sua cirurgia, mas que o comentário que eu ouvira não tinha fundamento, pois a intervenção cirúrgica por que ele passou fora muito bem sucedida e que estava muito bem, recuperando-se normalmente.
Eu, que estas linhas escrevo, acho pertinente informar aos que me lêem, que os curandeiros-espíritas, também conhecidos pelas denominações: médiuns; ou médiuns-espíritas; ou médiuns-cirurgiões; ou cirurgiões-espíritas, sem exceção, são
megalomaníacos: ou mágicos, ou fanáticos, ou ordinários, ou enganadores, ou tarados, ou criminosos, ou tudo isso ao mesmo tempo, aproveitando sempre a boa-fé alheia, principalmente, do povo simples, e de modo geral, fazendo propaganda das suas seitas, visitando pessoas influentes do povo, neste caso um padre, e agindo sempre de acordo com os seus interesses econômicos.
No livro
“O Poder da Mente na Cura e na Doença” (ou
“Curandeirismo: Um Mal ou Um Bem?”), assim escreve o respeitado especialista
Padre Quevedo:
“Há curandeiros ou seitas de curandeirismo (p. ex.: ‘Ciência Cristã’, Seicho-no-iê, Pentecostais etc.), que editam com grande tiragem os seus próprios livros, revistas, jornais propagandísticos”, diz.
“A propaganda é uma das principais causas, e imprescindível, para o êxito dos curandeiros. A televisão, o rádio, e até o próprio cinema são freqüentemente pagos para apresentar a propaganda dos curandeiros. Curtas-metragens, slides, folhas volantes, até enormes cartazes são profusamente espalhados”, afirma.
“Trata-se na realidade de tergiversações, exageros e até abertas mentiras”, conclui o Padre Quevedo.
E o padre caluniado (pois estamos mesmo a ver que tudo não passou duma calúnia aparentemente bem urdida) contou-me que nesta visita que lhe fez o curandeiro-espírita – por sua livre iniciativa frise-se – este perguntou-lhe, com comiseração digna de riso, “porque não o procurara antes de passar por essa operação física e todo esse sofrimento terreno...”
O padre ainda me disse ter agradecido a gentileza da visita do curandeiro e foi categórico em afirmar que nunca, nunca ninguém conseguiu provar de maneira inequívoca, definitiva, a cura de quem quer que seja, nas sessões-espíritas.
E é justamente o que afirma o Padre Quevedo: “Não conheço – entre tantíssimos! – nenhum milagre nem Providência Especial Divina em ambiente espírita”, no primeiro tomo (de cinco) da sua obra:
“Os Mortos Interferem no Mundo?” (em que ele prova, à saciedade, à exaustão, que os mortos não interferem absolutamente no nosso mundo).
Como o curandeiro insistisse ainda no seu propósito, o padre encerrou a visita dizendo ao importuno que, o que ele precisou foi de quatro pontes-de-safena e não de quatro pinguelas... e até mais ver.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.