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Artigos-->A Questão do Direito Adquirido -- 19/06/2003 - 12:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Direito Adquirido

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Direito adquirido. Ainda estava lá dentro. Na barriga da mamãe. Ainda nem tinha nascido. Fase pós concepção. Mas o direito à vida. Já estava garantido. Inserto na Carta Magna. No nosso Texto Maior. A Constituição Federal. O que era expectativa. Transformou-se em verdade. Saiu da virtualidade. Passou para o mundo real.



Um belo grito ecoou. O mundo se fez presente. Um choro líquido e certo. Eis que nasce o requerente. Ao redor de testemunhas. Fez-se luz o depoente. Testemunhas de avental. Brancos e sorridentes. Emoção tomou a sala. Pelo sangue derramado. Do cordão umbelical. O bebê foi separado. Do corpo de sua mãe. O sangue foi estancado. A cirurgia, um sucesso. O parto, melhor dizendo. Mais um cidadão egresso. Lá do sobrenatural. Ingressa em nosso universo. Ganhou nome e registro. Certidão de nascimento. Seu primeiro documento. O direito ora em comento. Está na legislação.



Segue nos braços da mãe. Vai direto ao novo lar. É um menino de sorte. Tem saúde e belo porte. Nasceu não faz nem três dias. E já tem onde morar. Propriedade privada. Muita luta pra comprar. A alegria da mãe. Pelo pai ter conseguido. Sua casa pra morar. Hoje é proprietário. Um direito adquirido. Tem um chão para pisar. Por onde o novo cidadão. Vai a vida começar. Aprender os primeiros passos. Na expectativa de andar. Até chegar a idade. De sua segunda mudança. A idade escolar.





Renova-se a emoção. A expectativa agora. É ver o menino chorar. Segunda separação. Primeira vez na escola. Educação garantida. Pela Constituição. Deveres e direitos. Outra grande obrigação. E assim vai estudar. Ele é quase exceção. Tem uma casa e um lar. Uma família empregada. Todos eles são formados. Boa renda familiar. Bons colégios. Boas chances. De passar no vestibular.



Já é universitário. A cabeça foi raspada. O pai se sente orgulhoso. Mas não se alegra de todo. Pois há muitos companheiros. Do filho que tanto adora. Que lutaram e se esforçaram. Mas que ficaram de fora. Sem um colégio decente. Não há quem tenha sucesso. O resultado é perverso. E isso incomoda a gente. Muito embora o seu filho. Seja a prioridade. A obrigação permanente. Direito e paternidade. O novo código civil. A mãe também é chamada. À responsabilidade. O princípio do Direito. O preceito da igualdade.







Formado e já crescido. O filho procura emprego. E descobre o concurso. Previsto na Constituição. Transparente e sem segredo. Para ingresso no Estado. Trabalhar para a União. O processo seletivo. Pelo sistema do mérito. É a melhor opção. E de todo candidato. É só fazer a inscrição. Preenchendo os requisitos. Igualdade de direitos. Para essa seleção. Às vagas oferecidas. Conforme o resultado. Para quem for habilitado. Ter a classificação. Expectativa de direito. Antes de ser convocado. E depois de tudo checado. Faz-se a nomeação. Toma posse na carreira. E tem sua lotação. Vai o novo servidor. Prestar serviço à nação.



Assim se passam os anos. Criam-se as expectativas. De direito no futuro. Namorar com quem quiser. Sem ficar em cima do muro. E depois até se casar. Tomar conta do que é seu. Um direito adquirido. O imóvel onde nasceu. Herança deixada dos pais. O que assim prometeu. Direitos e obrigações. De um cidadão perfeito. Que vota e pode também . Se quiser, candidatar-se. Ser eleito bom prefeito. Sair de casa em segurança. Sentar no banco da praça. Tomar café ou cachaça. O direito à liberdade. Direito de ir e vir. E da sua privacidade. Respeitando a do alheio. Falando sempre a verdade.



Alegrias e tristezas. Melhorias no trabalho. Cursos de atualização. Mestrados e Doutorados. Ou a especialização. E chega, enfim o momento. O momento esperado. Conta tempo de serviço. Pode ser aposentado. Dentro da lei vigente. Do compromisso assumido. O contrato assegurado. O direito adquirido. Pela contribuição total. Todo mês, durante anos. Para a sua Previdência. Para sua garantia. Do jeito que a lei previa. Seu salário é integral. Não cabe, agora, portanto. Descumprir o contratado. Taxar de novo o coitado. Medida que arranha de morte. O nosso Texto Maior.



Taxação de inativos. Fere nossos direitos. O direito adquirido. Por qualquer aposentado. Direito incorporado. Mediante a execução. De um contrato firmado. Entre ele e a União. O tomador do serviço. E o respectivo empregado. Não se trata o benefício. De concessão liberal. De qualquer autoridade. O caso sugere confisco. Tributo à mão armada. Uma verdadeira garfada. No bolso do inativo. Que nada tem com o caso. Do rombo da Previdência. Tudo por incompetência. Do que foi administrado. E muito mal fiscalizado.



Mudar a Constituição. Emenda constitucional. Não resolverá o problema. Trata-se de cláusula pétrea. Este é o grande dilema. Admitir-se a mudança. Abre ruim precedente. Para qualquer alteração. De hoje e daqui pra frente. Princípios fundamentais. Princípio federativo. Tudo passa a ser mudado. Ao sabor das conveniências. Nada mais é garantido.



É isso que se percebe. É isso que a gente sente. E o poder derivado. Das emendas oferecidas. Passa a ser mais importante. Que o poder originário. Inserto naquelas medidas. Desconhecendo a Assembléia. Que criou a Constituição. E só ela, então, poderia. Em tese, assim sugerir. Propor qualquer mudança. Tamanha transformação. Em coisa que não se altera.



Do nosso Texto Maior. Do jeito que a coisa anda. Falando em verso e prosa. A criatura derivada. Será coisa incestuosa. É esperar para ver. Pois a emenda passa a ter. Em relação à origem. Que criou a nossa Carta. Muito e muito mais poder. Criador e criatura. Invertendo seus papéis. Só para dar cobertura. À conta de alguns mil reis.



Domingos Oliveira Medeiros

18 de junho de 2003





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