Com a ampliação dos meios de comunicação, começam vir lume alguns atos praticados, embora formalmente condenados, dentro da Igreja Católica. A atitude tomada pela igreja no decorrer dos tempos tem sido mais a de não punir os culpados, para ocultar mais facilmente os fatos. E, com isso, tem mantido por muito tempo certa credibilidade.
“A Igreja Católica tem como tradição tratar com discrição as denúncias de abusos sexuais em suas fileiras. Como recurso para proteger a imagem da instituição, os casos geralmente são encerrados com reprimendas simbólicas, como a transferência para outra paróquia, ou tratamento psicológico em clínica especializada. Foi dessa forma que a Santa Sé tentou primeiro lidar com a série de escândalos envolvendo padres que atacam sexualmente meninos nos Estados Unidos. O silêncio na alta hierarquia romana passava a mensagem de que o problema era visto como uma excentricidade americana e acabaria por sumir. Nada mais distante da realidade. Há tal quantidade de casos similares surgindo em toda parte do mundo que a pedofilia de batina se tornou o epicentro de uma das maiores crises da Igreja nos tempos modernos. A importância avassaladora da questão pode ser dimensionada pela convocação, por parte do papa João Paulo II, na semana passada, de uma reunião de emergência com todos os cardeais americanos, a primeira em uma década. O encontro a portas fechadas, marcado para durar dois dias a partir desta terça-feira no Vaticano, é o reconhecimento pela alta hierarquia da Igreja de que os escândalos já não podem ser justificados como o comportamento pervertido, mas perfeitamente controlável, de alguns padres. Por sua persistência e amplitude, é um câncer de bom tamanho, que começa a sabotar a autoridade moral, a credibilidade pública e até a saúde financeira da Igreja Católica” (Veja, 24 de abril/2002, pág. 83).
O que está atualmente vindo à tona é que isso não é coisa hodierna, mas sempre existiu na igreja, porém ficava muito bem encoberto através de enormes indenizações aos prejudicados. E assim, a igreja aparece como a instituição mais confiável:
“Uma pesquisa da Sensus que está para ser divulgada surpreende pelo resultado. Os entrevistados foram inquiridos sobre credibilidade. Deu Igreja Católica na cabeça, com 44%, depois as Forças Armadas, com 12%, depois a imprensa, com 11%, e só depois, muito depois, a máquina governamental e o Judiciário. Em último lugar, o Congresso Nacional, com 1,5%. Por que será?” (LUIZ ROBERTO TURATTI, “IGREJA CATÓLICA - A PRIMEIRÍSSIMA EM CREDIBILIDADE”).
Por que será? O Congresso Nacional não tem conseguido camuflar bem sua sujidade. A imprensa, apesar de dos pesares, ajuda um pouco. As forças armadas, embora fracas, o povo conhece pouco. E quanto à igreja, não obstante os escândalos existentes, é coisa divina. Há lá aqueles homens divinos, que não se maculam com mulheres, satisfazendo as fraquezas (ou forças?) da carne com meninos e adolescentes. Mas o povo nunca é bem informado; ou, ainda que informado, aceita que seja o Diabo tentando enfraquecer a instituição representante de Deus. |