No livro de Isaías, há um relato falando de uma virgem e isso repercutiu no Cristianismo de forma meio estranha.
“Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. Pois antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo. Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria. Naquele dia assobiará o Senhor às moscas que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria. E elas virão, e pousarão todas nos vales desertos e nas fendas das rochas, e sobre todos os espinheirais, e sobre todos os prados. Naquele dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do Rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba arrancará. Sucederá naquele dia que um homem criará uma vaca e duas ovelhas; e por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; pois manteiga e mel comerá todo aquele que ficar de resto no meio da terra. Sucederá também naquele dia que todo lugar, em que antes havia mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para sarças e para espinheiros. Com arco e flechas entrarão ali; porque as sarças e os espinheiros cobrirão toda a terra. Quanto a todos os outeiros que costumavam cavar com enxadas, para ali não chegarás, por medo das sarças e dos espinheiros; mas servirão de pasto para os bois, e serão pisados pelas ovelhas.
Disse-me também o Senhor: Toma uma tábua grande e escreve nela em caracteres legíveis: Maer-Salal-Has-Baz; tomei pois, comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias. E fui ter com a profetisa; e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Pois antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samária, diante do rei da Assíria.
E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo: Porquanto este povo rejeitou as águas de Siloé, que correm brandamente, e se alegrou com Rezim e com o filho de Remalias, eis que o Senhor fará vir sobre eles as águas do Rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras; e passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”. (Isaías 7:14 – 8: 8).
A “virgem” referida era a “profetisa” com que foi ter o profeta, e ela concebeu e deu à luz um filho, como predito. E ao nascer o filho e lhe ser dito para pôr o nome “Maer-Salal-Has-Baz”, foi repetida a previsão de que viria o rei da Assíria para levar as riquezas de Damasco e os despojos de Samária.
Muito tempo depois, nos dias em que aquele povo estava sob o domínio romano, uma jovem engravidou-se sem estar desposada. Algumas más línguas andavam noticiando que o responsável pelo acidente era um soldado romano. Mas um homem chamado José, a quem ela já estaria oferecida para lhe ser esposa, recebeu a moça, que devia ser muito bela.
Uns evangelistas registraram que o filho teria sido obra do Espírito Santo, e que José não teria tido relações com a jovem “enquanto ela não deu à luz o filho” (Mateus, 1: 25). E, para dar força ao conto, usaram uma frase do relato de Isaías: “Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco (Mateus, 1: 22-23). Uma coisa não tinha nada a ver com a outra; mas até hoje, dois mil anos depois, milhões de pessoas ainda não perceberam isso.
Aquele menino, chamado Jesus, cresceu, reuniu um grupo de discípulo e era considerado o “messias” que segundo o profeta Miquéias, livraria do povo de seus opressores nos dias do domínio assírio. No entanto, foi apenado com a morte por crucifixão, assim como todos que eram condenados por crime contra o império. Mas a comunidade de seus seguidores cresceu até converter o próprio império que o crucificara, propiciando a oportunidade aos perseguidos de se tornarem os novos perseguidores.
Séculos depois, a igreja criou o dogma de que a mãe de Jesus não somente o teria dado à luz sem ter relações sexuais e sem romper o hímen, como teria permanecido virgem até a morte, ou melhor, para sempre, porque dizem que ele não morreu, mas foi levada viva para o céu.
E a virgindade tornou-se uma coisa de tanto interesse, que, até recentemente, nossa lei civil permitia ao homem anular o casamento se descobrisse que sua esposa não fosse mais virgem. Hoje, isso foi retirado do código, porque, se todos os noivos fossem exercer esse direito, a maioria dos matrimônios seriam anulados. |