Não é seguro nos orientarmos pelas exceções ao invés de seguirmos as regras. Pessoas que não querem ver seus próprios erros sempre encontram exemplos em que se apoiar como justificativa do que fazem, ainda que contra todas as estatísticas e análises científicas.
Certa pessoa, ao ouvir a informação de que estava perdendo noventa por cento de seu tratamento estético como seu vício, disparou: -- “Não é bem assim... conheço um senhor que tem mais de oitenta anos, fuma e bebe muito e parece ter menos de sessenta, continua fazendo filhos... conheço uma pessoa que nunca fumou ou bebeu e sofreu um câncer... uma pessoa que nunca bebeu e sofreu cirrose...etc...” --, passando a cortar pelo meio qualquer frase que lhe fosse dita.
Da mesma forma, já ouvi pessoa dizer: -- “Não adianta fazer cultura física. A fulana não faz nenhuma ginástica e come de tudo e tem aquele corpinho lindo”.
Semelhante consideração pode levar a se opor a qualquer prova científica em favor de qualquer hábito, por mais nocivo que seja. Poderíamos dizer também: o estresse, a tensão, as preocupações não abalam a saúde como se afirma. Se assim fosse, um homem como Nelson Mandela, que viveu anos de luta contra o Apartheid e mais 27 anos da prisão, não teria saído vivo e com a disposição de se tornar o presidente de seu país; Yasser Arafat, que não se pode afirmar ter levado uma vida tranqüila e despreocupada comandando a OLP, já ter-se-ia sucumbido há anos; Sandan Hussein, com a oposição de boa parte do mundo, será que vive sem preocupações e aborrecimentos, para se manter tão saudável por todo esse tempo. Outros exemplos excepcionais poder-se-iam apresentar. Aí está o perigo de se orientar pelas exceções.
Você pode até conhecer dois ou três fumantes em boa forma em idade avançada; outros dois ou três não-fumantes que sofram de impotência sexual. Mas seria motivos para desconsiderar uma pesquisa estatística americana que, em um grupo de impotentes, encontrou 81% de fumantes (Vida Integral, maio de 1992, pág. 18)? Se levarmos em consideração que menos de vinte por cento da população fuma, não há como negar que o tabaco seja a maior causa de impotência que se conhece. Caso houvesse o mesmo número de fumantes, mais de noventa e oito por cento dos impotentes estariam entre eles. Se as estatísticas mostram que mais de noventa por cento dos cânceres de pulmão ocorrem entre esses menos de 20% da população, bem como a maioria dos infartos e derrames, não será um ou dois casos isolados que vão convencer alguém que pensar bem racionalmente de que o vício não é extremamente nocivo. “Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), registrados pelo Ministério da Saúde no ano passado” (1995 “dão conta de que o cigarro causa mais mortes prematuras que a soma das mortes causadas por Aids, Coca, Heroína, álcool, incêndios, acidentes de automóveis e suicídios” (Jornal Pampulha, 16 a 22/11/96, pág. 7). O álcool, em pequena quantidade, pode até fazer bem. Mas não resta dúvida de que o alcoolismo é destrutivo.
Argumentar contra a realidade como se mostrou acima é como afirmar que não se corre risco de vida em uma guerra, tendo por base a existência de alguns sobreviventes ao lado dos milhares de mortos.
Se você quiser maior segurança em sua vida, procure pautar-se pela regra, não pelas exceções.