Nenhum outro povo no mundo teve a fé tão provada quanto os hebreus. E não obstante todos os fracassos por que passaram e os longos séculos de espera pelo cumprimento das promessas de Yavé, eles não se abalam. Consideram-se o povo divinamente escolhido e acreditam ainda que um dia terão o reino eterno que deveria ocorrer com a queda da Assíria.
Um profeta chamado Miquéias predisse:
“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15).
Embora predito o messias para destronar a Assíria, esta reinou com toda sua atrocidade até a chegada de Nabucodonozor, rei da Babilônia. Esse novo monarca arrasou os hebreus; mas eles esperaram o reino eterno após a queda de Babilônia. Ver nova Jerusalém (isaías, 65 e 66).
Caiu Babilônia, mas não veio o predito Messias. O Império Medo-Persa tomou o mundo de então. Segundo os relatos bíblicos, esse novo império foi benigno com os hebreus.
Nos dias de Dario, um dos reis do império medo-persa, outro profeta, chamado Zacarias, renovou a promessa de estabelecimento do reino:
“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta. De Efraim exterminarei os carros, e de Jerusalém os cavalos, e o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as extremidades da terra... O Senhor dos exércitos os protegerá; e eles devorarão, e pisarão os fundibulários; também beberão o sangue deles como ao vinho; e encher-se-ão como bacias de sacrifício, como os cantos do altar” (Zacaria, 9: 9, 10, 15). Esse texto teria inspirado Jesus de Nazaré a entrar em Jerusalém cavalgando um jumento (Mateus, 21), o que mostra que o grupo acreditava que ele iria fazer todas aquelas coisas preditas em vez de ser morto como foi.
“E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.” (Zacarias, 14: 9). “Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos. E se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos, não cairá sobre ela a chuva” (Zacarias, 14: 16, 17).
Mas, passado o poderio medo-persa, veio o grego. Alexandre o Grande dominou o mundo, e o reino eterno de Israel continuou sendo aguardado.
Morto Alexandre, seus sucessores dividiram o reino em quatro.
Antíoco Epífanes fez um destroço. Botou abaixo a cidade santa, que já havia sido destruída e reconstruída outras vezes. Esses fatos são relatados em um dos apócrifos livros “dos Macabeus”. E nada de messias. Entretanto, o povo continuou com sua fé inabalável. Não desistiram do messias.
Vieram os romanos e abateram todos os reinos da época no segundo século antes da era atual.
Nos dias dos romanos, surgiram alguns messias retardados. Mas todos foram eliminados pelos romanos.
Entre os messias, um trouxe resultado duradouro. Jesus de Nazaré, acolhido por uns poucos como o messias da promessa, com vários séculos de atraso, também foi morto, mas seus seguidores iniciaram uma pregação afirmando que ele fora ressuscitado dentre os mortos e que todos os seus seguidores iriam um dia ser ressuscitados também, e nesse dia seria estabelecido aquele reino eterno, como uma vida infindável e cheia de gozo para os que aceitasse Jesus. Adaptaram vários textos do Velho Testamento como se estivessem referindo-se a esse Jesus (Ver detalhes), e a doutrina grassou pelo império, até um dia se tornar a religião oficial. Depois disso, a nova religião, o Cristianismo, dominou o mundo.
Com exceção dos poucos que abraçaram o Cristianismo, os hebreus mantiveram firme sua fé, aguardando um dia o estabelecimento daquele reino eterno.
No ano 70 do calendário atual, a cidade santa foi destruída mais uma vez, desta pelos romanos. O povo hebreu foi disperso pelo mundo. Contudo, a grande fé os manteve unidos, ainda que dispersos.
Em 1948, vinte e seis séculos depois da promessa do messias, por determinação da ONU, foi criado o novo Estado de Israel. Este estado está longe das condições que deveriam reinar no reino eterno predito por Miquéias (Miquéias, 5: 2-15). Todavia, não obstante os ataques terroristas que sofrem constantemente dos irmãos muçulmanos, eles estão na melhor fase de toda a sua história.
Não pode ser outra coisa senão a grande fé desse povo que os manteve unidos por todos esses períodos de fracasso e os levou ao Estado atual. A fé realmente remove montanhas. Imensas foram as montanhas políticas que existiram em seu caminho. Mas eles sobreviveram a todas e estão poderosos hoje. Não veio nenhum messias belemita, mas eles chegaram aonde estão. E acreditam seja Yavé que os tenha trazido até o estado atual e lhes dará o domínio do mundo como prometido.
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