"O fim do mundo está próximo deste tempos distantes" (Anticristo). Embora as previsões do fim do mundo tenham falhado todas, as pessoas não se cansam de falar nele. Querem mesmo acabar com o nosso mundo. Só mesmo depois que a ressurreição de Jesus já tiver chegado ao patamar das ressurreições de Dionísio, pessoas deverão parar de marcar o fim do mundo.
Não é nenhuma novidade quando encontramos uma série de perguntas do tipo:
"Por que devemos estar interessados no “fim do mundo”?
Segundo a Bíblia, o que é que vai findar?
Por que podemos ter certeza de que o “fim” virá?
O que predisse Jesus sobre o sistema judaico de coisas? E o que aconteceu?
Quão importante é entender o “sinal”?
Por que devemos aguardar outro cumprimento do “sinal”, e em que seria diferente do primeiro cumprimento?
Como veio a haver a predita guerra em nosso tempo?
Que cumprimento tem havido com respeito à pestilência?
Que outra evidência poderia indicar para mostrar que o “sinal” está sendo cumprido?
Como influi na sua vida o atual cumprimento do “sinal” (Don Cuervo, Está Próximo "o fim do mundo", 15/08/2004 - 21:30).
Há apenas duas perguntas na série a que pretendo aludir, para esclarecer os fatos em face da previsão aí mencionada.
"O que predisse Jesus sobre o sistema judaico de coisas? E o que aconteceu?"
"Por que devemos aguardar outro cumprimento do “sinal”, e em que seria diferente do primeiro cumprimento?"
Há aí dois grandes equívocos: Primeiro, o que está escrito que Jesus disse não se referia simplesmente ao término do "sistema judaico de coisas" . Segundo, que não há que se falar em "outro cumprimento do "sinal"", porque o evangelho exclui a possibilidade de repetição do que houve. E vale lembrar que o evangelho foi escrito depois da destruição de Jerusalém.
Eis a dita previsão:
"Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa, e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado; porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
...
Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mateus, 24: 15-20; 29-31).
Há uma explicação de que a profecia de Daniel se referia à época em que o rei Antioco Epífanes profanou o santuário judaico e este ficou desativado por três anos e meio ("um tempo, dois tempos e metade de um tempo" – Daniel, 12: 7), sendo após esse período feita a restauração do templo por Judas Macabeu. Mas isso não vem muito ao caso aqui, porque o evangelho utilizou essas coisas como sendo a abominação assoladora os exércitos romanos destruindo a cidade santa no ano 70, estabelecendo a "grande tribulação" (Mateus, 24: 20), ou "um tempo de angústia tal qual nunca houve" (Daniel, 12: 2). E temos muitos outros exemplos de uso pelos apóstolos de textos do velho testamento fora dos devidos contextos para viabilizar o reconhecimento de Jesus como o messias.
Releva frisar que não há lugar para repetição dessas coisas; porque está escrito lá no evangelho cristão sobre uma "tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá" (Mateus, 24: 20). Fala-se de "uma" - não duas –"como nunca houve, nem jamais haverá". Definitivamente, não poderia haver outra como esperam muitos cristãos.
QUANTO AOS FATOS - O texto de Mateus, 24, associado com o de Lucas 21: 20, que fala de "Jerusalém sitiada de exércitos" e de sua "devastação", não deixa qualquer sombra de dúvida de que a interpretação cristã primitiva era que a grande tribulação dita por Daniel fora a destruição de Jerusalém pelos romanos.
QUANTO AO TEMPO - Relata o livro de Daniel: "E perguntei ao homem vestido de linho, que estava por cima das águas do rio: Quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas? E ouvi o homem vestido de linho, que estava por cima das águas do rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, dois tempos, e metade de um tempo. E quando tiverem acabado de despedaçar o poder do povo santo, cumprir-se-ão todas estas coisas" (Daniel, 12_ 6, 7).
Mais adiante: "E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias" (v. 11).
A considerar a interpretação evangélica, temos que esse tempo delimitado pelo homem vestido de linho da visão de Daniel deveria ser a duração do expatriamento dos judeus. Fala em "um tempo, dois tempos e metade de um tempo". Traduzindo um tempo por uma ano, chegamos a "mil duzentos e sessenta dias" ou "quarenta e dois meses" mencionados no Apocalipse. E diz que "desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias".
Muitos dos atuais intérpretes dizem que a cada "dia" da profecia corresponderia um ano.
Assim sendo, considerando a tirada do "sacrifício contínuo" como sendo o sacrifício de Jesus na cruz, pode-se contar os mil e duzentos e noventa dias (anos) a partir desse fato e os mil e duzentos de sessenta dias a partir do cerco de Jerusalém, que ocorreu aproximadamente trinta anos após a época em que se crê que Jesus foi crucificado. Daí para frente estaria muito fácil definir quando seria o fim do mundo, uma vez que "logo após a tribulação daqueles dias", diz o evangelho, deveriam ocorrer o escurecimento do Sol e da Lua e a queda das estrelas, seguida pela volta de Jesus.
Contar o tempo literalmente como "mil duzentos e sessenta dias" seria dar pela falha da predição ainda naqueles dias, porque não ocorreram os referidos fenômenos cósmicos e Jesus não reapareceu. Restou, pois, somente, acatar a interpretação de um ano por um dia.
Se a única interpretação viável para o cumprimento da profecia é um ano por um dia, basta contar mil duzentos e sessenta anos a partir do cerco de Jerusalém, para chegarmos ao início do século XIV. Aí deveriam ocorrer os últimos fatos, passando os escolhidos de Jesus a viver naquele eterno reino de paz.
Agora, pergunto: As profecias se cumpriram?
O século XIV foi um dos períodos mais atribulados para os judeus, continuando pelos séculos seguintes. Só no final da primeira metade do Século XX, seis séculos depois, os judeus puderam retornar à sua "cidade santa". E a paz não veio; continuam em guerra com os vizinhos.
E, ainda que fôssemos admitir que, em vez dos dias serem "abreviados" como está escrito (Mateus, 24: 22), esse período se tenha estendido por desenove séculos, no final disso tudo, nenhum Jesus apareceu nas nuvens do céu. As estrelas caírem, isso sabemos ser fisicamente impossível.
Acabou-se o Século XX, que não poderia passar sem ocorrer o fim do "sistema de coisas" como diz a linguagem cristã. Estamos no Século XXI. E essas pessoas não se mancam. Eles não desconfiam, não percebem que o que se escreveu nos evangelhos se referia ao que estava acontecendo naqueles dias, mas o futuro assumiu rumos imprevistos. Vimos que o próprio cristianismo tornou-se uma besta bem mais assoladora do que o império romano clássico. Entretanto, os séculos passaram, e não houve a prevista e esperada volta de Jesus. Podemos dizer com segurança, após todas essas falhas, que "nem haverá jamais"; que o pobre Yeshua, ou Yehoshua, como alguns afirmam, se realmente existiu, teve um fim trágico sem conseguir libertar seu povo, e que esse povo continua esperando um messias até hoje, messias esse que, para tornar verdade a predição, deveria ter surgido nos dias do império Assírio, há mais de dois mil e seiscentos anos.
É incrível! Nem parece ser realidade o que ocorre ainda hoje: milhares de pessoas continuam por aí anunciando a volta de uma pessoas que pode ter existido há dois mil anos e que deveria ter retornado há mais ou menos seis séculos. E ainda tentam nos convencer de que "tudo" que se escreveu na Bíblia se cumpre nos mínimos detalhes. É cômico! Os romanos acreditavam que Dionísio teria sido morto e ressuscitava todo ano, podendo dar vida aos que fossem fiéis a ele. Assim pensaram os cristãos sobre Jesus. Um dia certamente o mundo não olhará mais as duas histórias como diferentes entre si. Nesse dia, as pessoas deixarão de esperar um fim místico deste mundo, não obstante não esteja ele invulnerável a alguma catástrofe.
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