Deus está na cabeça humana desde tempos muito remotos. Os deuses não são mais os mesmos, mas ainda não se acabaram.
Para o homem primitivo, havia uma infinidade de deuses: um deus para cada espécie animal e um para cada fenômeno da natureza, bem como cada astro que brilhava no céu seria um deus.
As coisas mudaram e até os deuses, mas deus não saiu de todo da cabeça do homem. Antigos persas chegaram a uma conclusão mais redutiva dos deuses. Deveria haver somente dois: Masda, o deus do bem, que teria criado tudo de bom, e Arimã, o deus do mal, que teria feito tudo que é ruim.
E as mudanças não pararam por aí. Posto que circundados de povos adoradores do deus boi (baal) e uma multidão de outros, os hebreus deixaram aquela multidão divina e passaram a dorar um único deus, Yavé, criador de tudo, do bem e do mal.
Embora no meio dos gregos e romanos, com suas centenas de deuses, nas cabeças dos cristãos só houve lugar para o deus dos hebreus e seu filho, porém o viam mais amável, complacente, capaz de perdoar todos os pecados dos que aceitassem como seu filho e salvador aquele Jesus que os romanos crucificaram.
Os muçulmanos também só viram um deus, a quem chamaram Alá. Para eles, Jesus não foi o filho de Alá, mas sim um profeta.
Hoje, quase não se vêem outros deuses. Yavé dominou o espaço divino tão amplamente, que para a maior parte do mundo ele ate perdeu o antigo nome, sendo conhecido simplesmente como “Deus”, por eles não acreditarem que existam os outros.
Todavia, até podemos também dizer: “Deus não é mais o mesmo”:
Para os hebreus, Yavé, o único deus verdadeiro, era um onipotente, que criara este mundo, o céu, com dois grandes luminares para o iluminar e milhares de estrelas, astros secundários, que, para os cristãos, deveriam cair sobre a Terra anunciando a volta do filho de Yavé. O Deus dos hebreus era muito parecido com eles: castigava o filho por causa da maldade do pai; endurecia sadicamente os corações dos estrangeiros para os entregar nas mãos dos hebreus e fazia o que lhe aprouvesse, criando o bem e o mal.
Já para os cristãos, Yavé, que passou a ser chamado simplesmente "Deus", já se tornou “amor”, capaz de sacrificar seu próprio filho para salvar o homem, perdoando suas transgressões. No entanto, ainda permaneceu o deus do tudo ou nada. Crer e não em Jesus significa a diferença entre uma eterna felicidade e um eterno suplício; não há meio termo.
Até dizia Ellen G. White: "Estar quase, mas não completamente salvo é estar, não quase, mas completamente perdido".
Depois de milhares de anos de evolução, o homem ainda continua vendo deus por toda parte:
“Contemplo DEUS brilhando nas estrelas
No olhar das mães fitando os filhos seus
Nas noites de luar claras e belas
Que em tudo pulsa o coração de DEUS!
Eu vejo DEUS nas flores e nos prados,
Nos astros a rolar pelo infinito,
Escuto DEUS na voz dos namorados,
E sinto DEUS na lágrima do aflito!” (José Soares Cardoso)
Se perguntarmos ao poeta por que vê deus em tudo assim, ele certamente, tal qual aquele homem da caverna, responderá: “Todas essas coisas não podem ter surgido do nada, sem haver um criador para produzi-las”.
Mas o poeta, assim como o homem da caverna, nunca se perguntou: Se essas coisas não podem ter-se formado espontaneamente na natureza, como terá surgido o criador delas?
Terá sido foi por outro criador superior?
Nunca cogitou o poeta que: se não fosse possível o desenvolvimento espontâneo, não seria possível existir o criador dessas coisas. E, se possível o desenvolvimento espontâneo, é bem mais viável surgir as formas mais primitivas e evoluírem do que surgir do nada um ser perfeito onipotente e onisciente.
Deus está na cabeça do homem desde os seus primórdios, assim como demônios, duendes, fadas, etc. Mas a base da sua existência não tem solidez lógica, não passando da imaginação.
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