Vez ou outra, temos visto publicações sobre o medo dos donos de bares e restaurantes de terem prejuízos ao proibirem o tabagismo em seus estabelecimentos. Eles estão enganados. Onde se proíbe o vício há é mais lucros. Isso é que a experiência nos tem mostrado. E é também uma simples questão de lógica: o número de pessoas que não fumam é muito maior do que o das que fumam, o que tornam mais freqüentados os locais livres do incômodo vício.
"O estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, registrou um considerável aumento da taxa de ocupação de seus hotéis durante os meses de junho e julho deste ano, superando outros estados. Viagens de negócios e de lazer fizeram as receitas dos hotéis crescer pela primeira vez nos últimos três anos. Isso porque, acreditam antitabagistas, o ar da cidade está mais limpo, livre da fumaça do cigarro. Vendo isso como um benefício, Nova Iorque começou uma campanha "Eu amo Nova Iorque livre de fumo" com bonés, shorts, camisetas, buttons e cartazes no metrô. "O ar livre de fumo de Nova Iorque é definitivamente preferível ao ar sujo de Nova Jersey", diz Joe Cherner, presidente do SmokeFree Educational Services, Inc., o maior grupo de política por espaços livres de fumaça do país - "E os dólares do turismo estão mostrando isso." Nova Iorque vem implementando uma série de leis para reduzir o consumo de tabaco. Em julho deste ano entrou em vigor uma lei que determina que ambientes de trabalho, incluindo restaurantes e bares, devem remover os cinzeiros e disponibilizar, de forma visível, uma aviso pedindo "Não fumar". Além disso, o governo o tornou o imposto sobre cigarros o mais alto do país, fazendo com que as vendas do produto na cidade se reduzissem em torno de 50%.
Fonte : Crain`s" (INCA, 23/09/2003).
Substituir a cultura de fumo por outra também já está mostrando bom resultado:
"Cidade de SC lucra com a substituição de fumo por orgânicos - A substituição da produção de fumo pela de alimentos orgânicos em Santa Rosa de Lima, no sudeste de Santa Catarina, desencadeou uma onda de negócios que elevou os lucros provenientes do campo e gerou uma nova fonte de renda no setor turístico da região. À radical mudança de cultura — de um produto prejudicial à saúde para outro livre de agrotóxicos —, seguisse a exploração do agroturismo.
Antes desses dados, as estatísticas já mostravam que a despesa do Estado com tratamento das pessoas que adoecem por causa do tabaco é mais ou menos duas vezes o montante dos impostos arrecadados sobre os produtos do tabaco.
Outra constatação de especialistas do meio econômico é que os funcionários fumantes custam mais caro para as empresas.
Os que acham que proibir o cigarro dará prejuízo ainda irão perceber que nem sempre se ganha prejudicando os outros. Quanto mais se estuda o tabagismo, mais se comprova que ele é prejudicial em todos os aspectos, e combate-lo é lucrativo. Além de o número de fumantes ser aproximadamente um quarto do número de não fumantes, o tabaco tende a prevalecer mais entre os pobres, o que torna ainda piores as probabilidades de lucro para os estabelecimentos que se colocam ao lado do vício. Agradar a uns poucos em detrimento da maioria não pode ser bom negócio.