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Artigos-->O MARKETING DA MORTE AINDA NÃO ACABOU -- 12/08/2006 - 16:45 (JOÃO DE FREITAS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


No século passado, muitos atores ganharam muito dinheiro e perderam a vida como o vício. E, apesar de todo conhecimento divulgado, o marketing da morte ainda permanece na mídia; e, mais do que marketing, um merchandising da morte, que burla facilmente as leis de proteção à saúde.



“Até o início dos anos 80, o cigarro era aquele velho sinal de charme. Nos filmes antigos, nem se fala. O cigarro deveria, pelo menos, ganhar o Oscar de ator coadjuvante, por exemplo, em Casablanca. Em quase todas as cenas, lá estava ele contracenando com Humphrey Bogart (o Tom Cruise, o Brad Pitt ou o Leonardo DiCaprio da época), que morreu, precocemente, de qual câncer? Câncer de pulmão, infeliz e obviamente. ...



Em 22 de novembro de 1997, data que já podemos considerar como histórica, no meio anti-fumo, os Sindicatos de atores, diretores e produtores de cinema de Hollywood (Los Angeles, EUA), entraram na justiça contra as indústrias de cigarro, pedindo indenização pelos prejuízos causados a todos os trabalhadores da poderosa indústria cinematográfica americana. A utilização do cinema, como fonte de influência para a juventude começar a fumar, pode ser constatada por uma revelação recente (segundo o jornal O Globo - 9/12/97), de que o ator Sylvester Stallone, recebera, em 1983, 500 mil dólares da indústria de cigarro Brown & Williamson, para fumar cigarros da empresa em, pelo menos, cinco de seus filmes.” (www.cigarro.med.br, pág. eletrônica do Dr. Jorge Alexandre Sandes Milagres). “Várias estrelas de Hollywood (sem qualquer alusão à marca de cigarro), que foram muito conhecidas dos pais de vocês, morreram por causa de doença tabaco-relacionada, tais como, John Wayne, Steve Macquen, John Houston, Robert Mitchum, Melinda Mercury (fumante de 3 maços por dia), Sammy Davis Jr., entre outras. Yul Brinner, um dos atores mais respeitados nos EUA, convocou uma entrevista coletiva em que disse, para uma audiência atônita: "Eu estou com câncer de pulmão. Se soubesse antes, o que o cigarro poderia me causar, jamais teria fumado", morrendo, por esta doença, alguns meses depois. O maestro, compositor e pianista, Leonard Berstein foi-se, devido à gravidade de seu enfisema pulmonar (tres maços de cigarros por dia). Ele era considerado a maior cultura musical deste século. O criador da Psicanálise (que não deixa de ser um tipo de arte), Sigmund Freud, morreu de câncer na boca, de tanto fumar cachimbo. Também não sendo artista, porém, presidente da Coca-cola há 15 anos, morreu por câncer de pulmão, Robert Goizueta, em outubro/97. Entre nós, o diretor de teatro, Flávio Rangel, emérito fumante, nos deixou por um câncer de pulmão. O mesmo câncer que levara o Chacrinha (Abelardo Barbosa), o mais famoso e criativo apresentador da televisão brasileira; o velho guerreiro, como era chamado, fora realmente um guerreiro, pois, vencera o primeiro câncer de pulmão, sucumbindo ao segundo, vinte e cinco anos depois. No final de novembro/97, o fumo levou pro andar de cima o Zózimo Barroso do Amaral, um dos maiores colunistas sociais do país, com apenas 56 anos. A lista dos que partiram por doença relacionada com o fumo é imensa mas, estes exemplos nos parecem suficientes. Ou não?” (www.cigarro.med.br, pág. eletrônica do Dr. Jorge Alexandre Sandes Milagres).



O "ator José Mayer, ex-fumante de 54 anos que deu suas primeiras tragadas aos 18. "Comecei para mostrar que era homem e só ganhei a guerra depois de umas 100 tentativas", diz ele, que recentemente foi obrigado a fumar para compor seu personagem na minissérie Presença de Anita. "Foi uma recaída profissional, mas parei sozinho quando as filmagens acabaram." (Época, 09/06/2003). E, bem mais recentemente ele tem sido visto fumando no papel de outro personagem de novela. Deve estar sendo obrigado novamente. Por que razão?



E, falando em "Presença de Anita", vale lembrar que Mel Lisboa também se tornou fumante ao interpretar a personagem. E quantas adolescentes se viciaram inspiradas nela não se sabe, mas devem ser muitas.



E Omar Pasquim, da novela Cobras e Lagartos, que dava charutos para Foguinho? Qual a finalidade de passar esse exemplo aos telespectadores?



Não obstante todas as informações científicas e medidas legais para evitar esse crime contra a humanidade, a televisão ainda anda recheada desse merchandising maligno. Enquanto comerciais de cigarros são quase totalmente proibidos por lei, os filmes e novelas sempre trazem esses personagens fumantes, e no mais das vezes, estão entre os papéis mais importantes. Uma personagem de filme ou novela com um cigarro vale por muitos comerciais. E o que sempre vemos por aí não é nada acidental. Muito dinheiro deve estar por trás.



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