Imbeciles natus
Nascido e crescido no engano,
abandonado caminha o matuto,
despojado, é humilhado e ferido.
Reage, pensa saber, cai no delírio.
Na ilusão da cega visão, acredita
na moça de vestido amarelo, anda
de mão dada com a rainha do ouro,
e mostra o riso nesse mundo louco.
Iludido pela cauda do cometa
que não aquece e nem brilha,
come a carne dada sem caça,
e saboreia o vinho do incauto.
Se perde na encruzilhada da vida
e sem norte, escuta a fala do gênio
da mentira, e vereda pelo caminho
fácil do desencontro do anacoreta.
Envolvido pelo mundo efêmero
vive o prazer do gozo endógeno
e nu, mergulha na água profunda
da caverna uterina, riso da bruxa.
Sugado então, na areia movediça
da consciência, rasteja na estrada
do sofrimento, e lamenta a penúria
sem fim até o juízo, que não tarda.
Anderson Aguilar
|