Brasil fecha acordo com Portugal, Cabo Verde e São Tomé para unificar a ortografia da língua
“Acordo entre quatro países que falam o português permitirá a “unificação” ortográfica entre eles. Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe fecharam o acordo. O documento não definiu ainda todas as regras, mas várias coisas devem mudar. Sairão os acentos circunflexos de verbos como lêem, vêem e crêem. O hífen sumirá de palavras como anti-religioso, que ganhará um "r". O trema, que muita gente já não usava em palavras como tranqüilo e lingüiça, será abolido de vez. Em algumas palavras será aceita a dupla grafia: por exemplo, a palavra econômico (atual grafia brasileira) também poderá ser escrita com acento agudo: económico (atual grafia portuguesa). As letras K, W e Y voltarão a figurar oficialmente no alfabeto da língua portuguesa. A nova ortografia deve entrar em vigor em janeiro do ano que vem e estará nos livros didáticos em 2010. A população brasileira terá três anos para assimilar a nova grafia das palavras”. (Jornal Montes Claros, 24/05/2008)
“Sairão os acentos circunflexos de verbos como lêem, vêem e crêem” – Tais acentos, são realmente supérfluos, não fazendo nenhuma falta.
“O hífen sumirá de palavras como anti-religioso, que ganhará um "r". – Aí também não há nada de prejudicial; não haverá nenhuma confusão.
“Em algumas palavras será aceita a dupla grafia: por exemplo, a palavra econômico (atual grafia brasileira) também poderá ser escrita com acento agudo: económico (atual grafia portuguesa) . - Aqui também, nenhum problema.
As letras K, W e Y voltarão a figurar oficialmente no alfabeto da língua portuguesa. – Embora em nossa palavras já não façamos uso dessas três letras, não será também nenhum problema elas retornarem ao nosso alfabeto.
MAS,
“O trema, que muita gente já não usava em palavras como tranqüilo e lingüiça, será abolido de vez.” - Nesse caso a supressão trará muito mais confusão do que sua manutenção. É como disse uma internauta que se denomina Thaïs: “Qualquer pessoa que tenha lido um livro editado há mais de vinte anos pode perceber o decréscimo de acentos nas nossas palavras. Não estando satisfeitos, os gramáticos da língua portuguesa continuam a castrar nossas acentuações e a última vítima foi o trema. Até hoje não sei ao certo o porquê da exclusão do trema (que por sinal continua vigente nas gramáticas brasileiras) quando até mesmo com ele nossos conterrâneos falam absurdos como “tranquilo”. Estou sentindo um processo de analfabetismo agudo não só nos outros, devo admitir que me pego em dúvida quanto às questões mais banais. Não sei se posso culpar a internet, onde a necessidade da comunicação rápida (para não dizer urgente) faz com que usemos abreviações e deixemos de lado coisas como pontuação e acentuação, o que muitas vezes danifica a compreensão da mensagem, ou à televisão, onde mais uma vez a rapidez com que as imagens são transmitidas tornam os prazeres de uma leitura obsoletos. Ou talvez se dê simplesmente pelo fato de que uma leitura seja considerada perda de tempo ou desnecessária em tempos onde a televisão e, principalmente, a internet atendem e se encaixam mais perfeitamente no nosso mundo corrido de globalizado. Como a boa velha rabugenta e reacionária que sou, continuo prezando não só pela manutenção do trema, mas pelo respeito à minha língua, que pelo fato de ser viva não só se modifica ao decorrer do tempo, mas também se contorce e faz cara feia quando alguém chama coco de cocô” (http://kisuki.blogspot.com/2005_02_01_archive.html)
Suprimindo-se o trema, será a verdadeira “torre de babel” para quem estiver aprendendo a língua quando se colocar diante de uma sílaba como “gue”, “gui”, “que” ou “qui”. Como saber se o “u” forma ou não um fonema da palavra? Daí para frente, cada vez mais, o som do “u” irá desaparecer na linguagem popular. Não será muito agradável ouvir alguém dizendo: linguiça, arguir, sequela, sequestro, aguentar, cinquenta, etc., ou, ao contrário, outros dizendo: aqüi, aqüilo, esqüecer, etc.
As demais alterações são bem compreensíveis; porém, com relação ao trema, essa unificação ortográfica só trará dificuldades ortoépicas.