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Contos-->Realejo de periquito azul (mini-conto) -- 12/05/2000 - 08:55 (Marcos Gimenes Salun) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje vi um homem tocando realejo na porta de uma churrascaria. Nada de mais, exceto pela raridade. Difícil ver realejos hoje em dia. Só chamou-me a atenção, o fato de ser o periquito azul e não verde como todo periquito de realejo. Tem que ser verde! Mas esse não, e parece que tinha consciência disso, pois se engalanava todo no pequeno poleiro. Divergia, e muito, do homem que manejava o instrumento sonoro. O tal dono do realejo tinha uma febril e corcunda aparência. Espiava pela porta da churrascaria enquanto virava com vagar a manivela da engenhoca. Olhos baços e famintos.
Parou uma mocinha, e ficou olhando o periquito. Ele, acho que por ser azul, esticou ainda mais o pescoço e inclinou a cabecinha soberba para o lado, com desdém. A ladainha fanhosa e modorrenta do realejo, e um aroma de baby beff. O homem curvo e baço não tirava os olhos da porta. A mocinha quis tocar os dedos na ave, que incontinente se afastou. E a manivela girando, lentamente. Juntaram-se mais uns dois ou três espectadores e aí então a fanha musiquinha parou. Sem tirar os olhos da porta, o homem bateu com os dedos uma ou duas vezes na caixa com os bilhetinhos e o bico do periquito buscou um da cor azul. A moça sorriu, largo. Desdobrou, ansiosa. Mas logo trancou o sorriso aberto. Um mal prenúncio, quem sabe. Ainda olhando o papelucho, a moça entregou uma moeda. O homem guardou no bolso e voltou a girar a manivela, olhando novamente para dentro da churrascaria. O periquito azul trincou no bico uma semente de girassol, embalado pela ladainha. Só isso.

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do livro "Trilogia Paciente"
Casa do Novo Autor Editora - SP - 2000
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