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Cronicas-->DEVER DE CASA -- 20/03/2006 - 19:55 (FAFÃO DE AZEVEDO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nos idos dos anos 70, minha primeira mulher, quando me via cabisbaixo e sorumbático, dizia que meu problema era pensar muito.

Mais tarde, compartilhei minha vida com uma outra mulher que, por ter sido criada na roça, quando me ouvia comentar: "eu penso...", logo retrucava, à maneira dos seus conterràneos: "todo penso é torto". De princípio, eu não entendia o trocadilho, mas fui ao dicionário e descobri o verbete penso = adj. Pendido, inclinado ou de mau jeito.

Vou abrir parêntesis aqui para citar um samba do meu amigo Paulinho de Castro que considero muito apropriado para o assunto em pauta:

Perdi, lá na linha do trem,
A minha cabeça, decepada.
Aí eu descobri, meu amor,
Que a minha cabeça não valia nada.

Minha cabeça rolava, rolava
Chorando de dor.
Ela pedia, gritava, implorava:
Me chamem um doutor.
Ao lado o corpo morria de rir:
Ninguém se mexe porque está tudo legal,
Essa cabeça é que sempre foi o meu mal.


Pois é... há muito dei minha mão à palmatória. Sei que meus pensamentos tortos sempre me atrapalharam a vida. Mas não adianta, por mais que eu tente não consigo alcançar o ideal yoga, ou seja, parar de pensar. Meditar até entrar em alfa está fora de meu alcance.

Não que eu seja um pensador "full time", desses que vive na posição daquela escultura de Auguste Rodin, com o semblante carregado e o queixo apoiado no punho fechado. Eu até que fico bastante descontraído quando bebo umas biritas pelos butecos da vida. Acontece que o efeito passa e lá vem ele novamente... o tal do pensamento, e logo agora que eu to com uma baita duma ressaca!

Mas até que ele, vez por outra, tem uma certa utilidade. Pois foi numa dessas que eu descobri porque que eu bebo. Sempre me perguntei o motivo de eu gastar meu suado dinheirinho pagando copos e mais copos de bebidas insossas (salvo seja o primeiro chopinho, é claro, pois este é delicioso) que ainda me sobrecarregam o fígado no dia subsequente. Mas enfim... a luz se fez! EUREKA! Descobri: Bebo para tornar as outras pessoas interessantes (como disse muito bem o Sr. George Jean Nathan, seja lá ele quem for).

É verdade! Confesso que tenho achado tudo muito chato, com uma significativa prioridade para o futebol carioca.

E logo eu, que aprendi na minha juventude, lendo o livro "A Conquista da Felicidade" do filósofo Bertrand Russell, que "quanto mais objetos de interesse um homem tem, mais ocasiões tem também de ser feliz e menos está à mercê do destino, pois se perder um pode recorrer logo a outro".


Acontece que ando mesmo perdendo meu interesse por tudo e por todos. Só posso estar seriamente doente, é isso. Por esse motivo fui procurar ajuda terapêutica com a Dra. Maria Eugênia... foi ela quem me passou essa tarefa, me mandou escrever sobre o que eu tenho sentido. Eu mesmo não andava entusiasmado nem para elaborar minhas croniquinhas de costume. Escrever pra quê, se ninguém quer ler? Este texto, pelo menos, eu sei que vai ser lido, por ela. O que já é alguma coisa. Toda grande caminhada começa com o primeiro passo, não é mesmo? Eu devo ter ouvido isso em algum lugar, talvez seja um provérbio chinês, sei lá...

Eu já não sei mais de nada, só sei que é muito difícil dar o primeiro passo, ainda mais de graça. Ou pior, às vezes ainda temos que pagar para dar o passo. E depois vem o primeiro tombo... quem é que vai ajudar a levantar? Quanto vai custar isso?

É Doutora... o desànimo é geral. Pra não dizer que estou completamente desmotivado, a bem da verdade, devo revelar aqui entre nós que ainda gosto de mentir um pouquinho (como já dizia o mestre Tim Maia, que Deus o tenha).

Será que ainda tenho cura?

Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2005.
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