Em verdade, sou eu quem calará a dor do negro em pelourinho.
Os ais do torturado não são nada, são imaginação do sádico.
Sou eu também quem das nações, negreiros hinos,
Fará que zombem da memória infame destes atos.
Estarei nas praças, estarei nas ruas.;
Um andar saltitante, ora felino, pés no chão.
Estarei nos lares, nos becos escuros.;
Um olhar da cor do sangue.
Vocês me encontrarão profundo nesses olhos, brancos.
Não numa palavra dura, não num castigo, embora merecido.
Vocês me encontrarão nos olhos da minha gente, questionando
a sua integridade, o seu direito à vida,
sua moral hipócrita, seu vil engano.
Em verdade, serei da sua contestação a chaga viva.
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