Herança
Pelas réstias de luar
Vivo a espreitar o tempo
Em noites de encanto
E de dor...
Será que importa
Esse compasso medido
Se meu amor já vai
Longe e esquecido?
Pelos caminhos do vento
Seu rosto, antes sorriso
Hoje quem sabe, nem se
Recorda de quem tanto
Amou...
Vivo a sussurrar o pranto
Ao relembrar toda paixão
Que era só descomedimento.
Era tal uma onda a jogar por
Terra qualquer juízo
Pois, amantes não são
Afeitos às normas
Sempre tão mornas...
Era medo, suor,
Consumição,
O que não havia era
Covardia!
E eis que solidão
É a herança que me
Ficou dessa história,
Mas por tê-la vivido
Assim tão intensamente
Faz-se agora vida nova,
Em cada canto de minha
Saudosa memória!
Lídia Meireles
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