O SILÊNCIO E OUTRAS FORMAS DE ABRIGO III
I
Em tuas mãos,
Poesia,
Vejo o hoje que repousa
E guarda a beleza das paixões,
Das entregas desmedidas,
De tantos amores,
De tantas chegadas
E de algumas partidas.
Em teus versos
Sinto a precisão imprecisa
Que o acaso costuma doar,
A sutileza doce
Que as rosas
Costumam exalar .
II
Poesia visceral , dá-me
A outra face do eclipse:
Vocábulos que exprimam
- Na vertigem do universo -
A matéria - prima sentimento,
Trazendo a paz
Ao tormento
Em que me vejo imerso.
III
Poesia-carne,
Quero teu sangue
Queimando em minhas veias.
E ,sem verdades meias,
Musa etérea ,
Quero que deságües
Em meu sonho
Com tua forma mais crua:
Teu néctar mais suave,
Teu veneno mais pungente...
E deslizes com tua nua
Silhueta de serpente
Pelos versos imaculados
Rasgando-os com tua lâmina suja de realidade,
Em brados ,
Silêncios,
Buscas,
Frontes
E abrigos.
©Anderson Christofoletti
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