Meus Versos
Não quero meus versos vagando vadios, despreocupados
Ou brincando em salões de luxo em grandes recepções.
Não ao vagarão em mundos abstratos,
Nem cegarão ao amor ao próximo.
Eu quero um verso gole de café,
Quente na noite fria de julho.
Que aconchegue o visitante na poltrona
E abra o coração para o desabafo de uma dor.
Desejo o verso irmão.
Que sofre com as saudades do amigo
E sente falta do tempo passado juntos.
Verso denuncia
Corajoso e temido pelos poderosos.
Escandaloso como uma mulher da vida,
Ajudando no parto de um novo mundo.
Verso que fala do amanhã.
Que não promete heroísmos bárbaros,
Nem conquista e força.
Remete à juventude de espírito e à paz,
À comunidade e à espiritualidade.
Que fala de amor sexual realizado:
Cópula e carinho, caminho comum a dois.
Sem possessão de coisa,
Sem coisificação de pessoa.
Verso consternado.
Que fale de amor de mãe e infância,
De música, movimento, cor e dança.
Cheiro, forma, beleza de mulher.
Coxa morena rumando à praia.
Pele radiante pelo sol.
Verso simplicidade, Que contempla o milagre da vida.
E aprende a aprender a aprender.
A não humilhar os que não puderam
Arrancar dos livros os segredos que decodificam
O mundo em explicações e revoluções.
Não aprende ostentação
Aprende para viver, compreender,
Agir e mudar a vida.
Para vivê-la com imenso prazer.
Verso introspectivo.
Que se perde nas linhas do meu eu,
Procurando refletir-me
Nos olhos de outras vidas.
Que me decompõe e reconstrói,
Renova-me e adelgada-me o espírito,
Recupera-me a alma, meu sentido humano.
Verso realização:
Busca da verdade incessante.
Nascente a todo curso de meu rio modificar.
Verso vida: inexplicável.
Minha vida versejando.
Retrato em branco e preto,
Melancólico e enigmático.
Vida em verso a ser-me escrevendo,
Poetizando o meu caminho,
Levando o meu sermão social.
Procurando um caminho comum encontrar.
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