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Poesias-->Terra Brasil -- 05/09/2003 - 16:33 (Roberto Ponciano Gomes de Souza Júnior) |
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Terra Brasil
Ouço a agonia do teu povo.
Os prantos que correm para um mar de dor.
O choro das crianças nas palafitas dos manguezais.
A anti-poesia das meninas prostituídas abortantes.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Dos camponeses assassinados na luta pela terra.
Os patriotas que dão seu sangue por uma pátria livre.
Caluniados na historia pelos que detém o poder,
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Do desempregado mendicante humilhado.
Do assalariado que vê o filho passar fome.
Dos jovens sem razão para viver.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Que conta os dias aguardando alegremente a chegada da morte.
Que se diverte acostumado com a dor.
Masoquisado , velando mais um assassinado.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Sem identidade memória referência.
Humilhado por culturas estranhas.
Fazendo macaquices para um amo que o despreza.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Dos vende-pátria que entregam sua nação
Com prazer à vontade das multinacionais.
Lixo humano na mais alta degradação.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Hipnotizado pela magia televisiva.
Tomando como verdadeira a mais absoluta das mentiras.
Dopando de imagens o estômago vazio.
Ouço e não escuto.
Ouço a agonia do teu povo.
Que se acostumou com a impunidade
E não acredita em nenhuma maneira em Justiça
Que caminha medroso pelas calçadas,
Teme o bandido e a polícia.
Ouço e não escuto.
Ouço e não paro para escutar,
Porque também estou desumanizado
Hipnotizado por sonhos de consumo.
Nada de novo escuta-se aqui,
O tempo, parece, parou ou voltou atrás.
Essa terra em transe em arroubos místicos
Não mais retém o calor do sol das manhãs
Este frio que nos persegue, corações partidos.
Névoa a encobrir o futuro.
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