1.
Chego ao cume da colina, enquanto a noite de rosto roxo desce do infinito, para recolher sonhos e ternuras em taças de luz. O tempo parece livre de depressões, e caminha a passos lentos, indiferente ao pesadelo das metrópoles.
2.
Ouço um suave ruflar de promessas, e deixo-me impregnar de aromas desconhecidos, oriundos de vales e abismos.
3.
Eis o ensejo aguardado para o juízo sem tribunal. Silencio a mente e o coração, até me debruçar na janela do passado.
4.
Então percebo que ainda sou o que era, que faço o que fiz, e ainda não logrei me tornar o que sempre quis ser.
5.
Deixei a colina como quem se livra de uma esfinge, enquanto a noite de face fria se ausentava de novo, conduzindo, em sua ânfora, ternuras e sonhos desdenhados pela ironia do tempo.
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