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Contos-->NUMA SORVETERIA -- 10/02/2004 - 21:36 (Edmar Guedes Corrêa****) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NUMA SORVETERIA

Manoela era uma menina pequena e sapeca. Eu a via correndo para lá e para cá quase todos os dias, uma vez que morávamos todos na mesma rua. Não me lembro quantos anos tínhamos, mas sei que ela era uma menina de nove a dez anos, e eu tinha idade suficiente para ser seu pai.
Algum tempo depois eu me mudei para outro bairro e ela também deve ter se mudado logo depois; pois voltei muitas vezes à minha rua e nunca mais a vi.
Os anos passaram. Nesse meio tempo, eu me casei e me separei. Acabei ficando desiludido com o casamento e com as mulheres. Preferi viver sozinho a ter que dar satisfação a alguém, a ter que ter horário para estar em casa, a ter que dividir a cama todos os dias com a mesma mulher, e tudo mais. Não que eu achasse que elas não prestavam; não, nada disso! Foi mesmo uma opção de vida.
Às vezes, quando me sentia solitário, saía à rua em busca de companhia. Procurava locais onde havia aglomeração de gente, e assim acabava sempre encontrando alguém para conversar e até alguma garota para sairmos. De vez em quando, ia para um barzinho com uma e terminávamos a noite na minha cama. Depois ela partia e a minha vida voltava à rotina de sempre.
Certo dia, estava eu sentado à mesa de uma sorveteria saboreando um delicioso sorvete de chocolate quando entram duas jovens.
Era um sábado lindo, fazia muito calor naquele final de tarde. Estávamos em meados de janeiro. O sol ainda não havia se posto e os raios solares ofuscaram a minha visão quando virei o rosto para o lado para acompanhar com os olhos aquelas duas.
Ambas aparentavam ter entre dezesseis e dezoito anos. A mais clara usava chinelos, um shorts colado ao corpo e uma blusinha que não chegava ao umbigo; a outra, a de pele morena, quando a reparei, já estava de costas. Mas mesmo assim pude ver que também calçava chinelos e vestia uma saia jeans bem justa e camiseta. Na verdade, prestei mais atenção nas longas e roliças pernas daquela jovem.
Não pude evitar que pensamentos impuros surgissem em minha mente. Mas isso é tão comum. Qual o homem que, ao ver uma mulher atraente, não é acometido por tais pensamentos? É como uma reação espontânea. É quase inevitável. Mas assim que a atenção é desviada para outra coisa, aquilo cai no esquecimento e o homem nem se lembra mais no que pensou e em como era a garota que causou tais pensamentos.
Elas porém entraram na sorveteria e compraram um sorvete. Pareciam alegres e sorridentes. Tive a impressão de que trocavam expressões sobre algum rapaz que acabaram de ver a pouco.
Que engraçado? Nesse ponto as mulheres não se diferem tanto dos homens. O que muda é o enfoque: os homens reparam mais nos seios, no traseiro e no meio das pernas; as mulheres já reparam no bíceps, nas pernas e nos braços.
Ao saírem, eu pude reconhecer uma delas. Era a mesma menina que eu vivia cruzando nas proximidades da minha antiga casa. Mas agora era não era mais uma menina. Havia se tornado uma adolescente alta, atraente, de seios fartos, uma mulher feita. O rosto ainda conservava a mesma fisionomia. Como num estalo, a lembrança daquela menina me veio à memória.
Ela pareceu não me reconhecer, e se eu não tivesse me dirigido à palavra a ela, teria seguido seu rumo.
Naquele instante, fui tomado pela nostalgia e pelo desejo. Foi uma mistura agradável de sentimentos. Talvez, por isso, eu tenha falado com ela.
-- Oi Manoela! Tá lembrado de mim?
-- Oi Carlos! To sim!
-- Nossa, menina, como você cresceu! Virou uma gata.
-- É! Cresci um pouco.
-- E como...
-- Oi! – falei para a amiga dela.
-- Oi! – disse a amiga, me cumprimentado.
-- Essa é minha vizinha, Cristina. E esse é um antigo vizinho. Nós morávamos na mesma rua quando eu era pequena.
Ambas ficaram de pé na minha frente.
-- Não querem se sentar? – perguntei.
Sentaram-se.
Durante quase meia hora ficamos falando dos velhos tempos e fizemos um rápido resumo de todos os anos desde que nos separamos. Depois ela disse que precisava ir embora por causa da amiga.
-- O que você vai fazer mais tarde? – perguntei. -- A gente poderia se encontrar para falar das novidades se você puder.
Na verdade, eu estava fascinado com aquela menina; mais precisamente, no que ela havia se transformado: numa mulher sexy e muito bonita.
-- Tudo bem! Estou de férias mesmo! E ficar em casa em pleno sábado a noite não é comigo – disse ela com naturalidade.
-- Eu também, não tenho nada para fazer mesmo! Que tal, a gente se encontrar aqui mesmo?
-- Por mim tudo bem! Nove horas. Está bom? – sugeriu Manoela, levantando-se da cadeira.
-- Então está bom. Eu te espero as nove, aqui mesmo. Só vou até em casa tomar um banho, trocar de roupa e volto – falei, sentindo-se necessidade de se explicar.


Quinze para as nove eu já estava de volta.
Ela chegou logo depois. Estava adiantada, assim como eu.
Também havia se trocado. Havia feito um rabo de burro no cabelo, vestia uma mini blusa branca, e um short colado a corpo, parecido com o que a amiga estava usando mais cedo. Tive a impressão de que uma tinha pegado a roupa emprestada da outra.
-- Quer tomar alguma coisa? – perguntei.
-- Não, por enquanto não! Não estou com fome. Talvez mais tarde.
Eu, por minha vez, tomava um refrigerante.
Depois que acabei de tomar o refrigerante, Manoela sugeriu que fossemos dar uma volta.
Foi o que fizemos.
De início, fomos lado a lado, como dois amigos. Mas no meu íntimo, o desejo de descobrir a mulher que havia dentro daquela jovem crescia lentamente. Já não era mais o espanto ou um simples desejo provocado pela visão de um belo corpo. Havia algo mais. Algo que eu não sabia explicar. Parecia que quanto mais tempo eu permanecia junto dela, mais eu a desejava.
Caminhamos uns dois quilômetros pelo calçadão. Quando encontramos um banco vazio, ela disse:
-- Vamos sentar um pouco. Não estou com vontade de ficar andando muito.
-- Para te ser sincero, nem eu.
Sentamos. Eu sentei bem juntinho dela e passei o braço por trás de sua cabeça. Do jeito que estávamos, parecíamos até um casal de namorados.
-- Mas você ficou uma gata, heim! – comentei, quando houve uma pausa e parecia que falar do passado havia perdido toda a graça.
-- Não seja bobo!
-- Mas é verdade! Olha essas pernas – Alisei-lhe com a ponta dos dedos uma das coxas, como se quisesse provar o que acabara de afirmar.
-- Para que isso está me causando calafrios.
-- Não leve a mal, mas, quando você era pequena, eu achava que você seria uma mulher feia, desengonçada, do tipo que não atrai os homens; agora, porém, estou aqui do teu lado e morrendo de vontade de te dar um beijo, de sentir o calor do teu corpo. – Não sei como pude ter coragem de dizer tais coisas, mas saiu sem que me apercebesse.
-- Então quer dizer que você pensou que eu seria uma coisa e sai outra?
-- Acho que sim. Quando é que eu poderia imaginar que ficaria atraído por aquela menina. Nunca que eu ia imaginar que estaria aqui agora querendo te beijar.
-- E você quer mesmo me beijar, ou só está brincando?
-- Quer saber mesmo a verdade? Quando eu ti vi mais cedo na sorveteria, senti uma quentura em meu corpo, senti um desejo enorme. Pensei comigo: “preciso saber no que transformou aquela menina. Quero beija-la e quero conhece-la intimamente”. Foi assim, por isso eu te convidei. E se você não aceitasse, eu ia insistir até ver que não havia nenhuma possibilidade. Mas você aceitou logo de cara. E isso me encheu de esperança.
-- E eu pensando que você só queria alguém com quem conversar...
-- O que também não deixa de ser verdade!
-- Eu já saí com muitos rapazes. Quase todos começavam com uma conversa mole, com papo furado, mas queriam mesmo era o meu corpo. Eu, às vezes, ficava chateada e dizia que tinha que ir para casa. Depois com o tempo, fui me acostumando, e agora nem ligo mais quando vejo que estão interessados em transar comigo. Vocês homens, no fundo, são todos iguais.
-- Também não é bem assim...
-- Não vai dizer que você também não quer transar comigo?
Meu rosto enrubesceu. Ela havia lido os meus pensamentos. No fundo, ela era muito mais esperta do que eu poderia imaginar.
-- Mas que homem que não ia querer fazer amor com uma garota atraente como você.
-- Quer dizer “gostosa”!
-- É isso aí.
-- Pelo menos você é sincero.
-- Então me fala o que você gostaria de fazer comigo!
-- Eu... eu... falar? – gaguejei e fiquei sem saber o que dizer.
-- É. Diz o que se passou pela sua cabeça. Quem sabe assim você me convence. Porque vou te falar: já transei com alguns rapazes, mas os caras não eram de nada. Na maioria das vezes, eu tive que terminar em casa, sozinha na cama.
-- Por isso você deve procurar um homem maduro.
-- Assim como você?
-- Não necessariamente. E por que não?
-- Mas o que um homem maduro assim como você sabe fazer que os rapazes não sabem? – quis saber ela com o intuito de me ver falar, como se quisesse saber de antemão o que poderia esperar.
-- Ora, muitas coisas!
-- Como, por exemplo...
-- Como excitar uma mulher de verdade, como ter paciência e esperar o momento certo, como toca-la e acaricia-la nos lugares certos, no momento certo.
-- Hum... Já está me deixando mais curiosa...
A sua curiosidade me desconsertava. Eu tentava me esquivar de entrar em detalhes, mas ela me encurralava. E, à medida que o tempo ia passando, eu acabava narrando minhas fantasias com mais detalhes.
Aquilo tudo acabava por afetar emocionalmente tanto eu quanto ela. Agora já não era a curiosidade que me impelia a seguir com aquilo, era nada mais nada menos que o desejo puro e simples, o instinto e a força que impele dois seres opostos de se atraírem.
E eu via o quanto ela também ficava afetada com minhas descrições. O seu tom de voz não era o mesmo; os olhos haviam adquirido um brilho todo especial; os seios sob o pano também haviam se enrijecido e suas pernas pareciam agora mais inquietas, como se algo as incomodassem.
Ah! Eu conhecia esses sintomas...
Não sei quanto tempo permanecemos sentados ali. Sei que fora tempo suficiente para descrever-lhe o que gostaria de fazer com ela mais do que teria contado para meu melhor amigo. No começo foi meio constrangedor, mas quando vi que ela gostava daquilo e o quanto ela ficava afetada, acabei me encorajando e falando muito.
Por fim, acabamos saindo dali e a levei para minha casa.
-- Só quero ver se você vai fazer tudo que disse – comentou ela assim que tranquei a porta de casa.
-- Você verá, menina!


-- Você faz melhor do que descreve – disse ela, cerca de duas horas depois.
-- Não exagere!
-- Não, é sério! Não estou exagerando.
-- E você também me surpreendeu – falei. – Além do mais você é mais bonita assim do que vestida.
-- Agora é você quem está exagerando.
-- Qual nada! É a mais pura verdade!
-- Sabe de uma coisa! Você ainda deve ter muito para ensinar.
-- Ah, tenho sim! Você sabe né, num encontro não dá para mostrar tudo. – Falei.
-- Você não é nada bobo!
-- Eu? Por quê?
-- Não se faça de desentendido! Mal acabou de transar comigo e já está pensando num próximo encontro?
-- Eu só disse que não dava para mostrar tudo de uma vez.
-- Sei! To vendo essa cara de safado! Por que vocês homens são tão safados e convencidos?
-- Mas já vem você de novo com essas perguntas! Por acaso você não é parente daquele cara grego que passava o tempo todo fazendo perguntas não, né?
-- Que cara grego?
-- Sócrates, o filósofo que viveu em Atenas, na Grécia Antiga!
-- Vá para merda! Vai!
-- Estou só brincando.
Permanecemos em meu apartamento por mais meia hora. Já passava da uma da madrugada quando ela resolveu ir para casa.
Aproveitamos para esquentar um resto de comida que estava na geladeira e matamos a fome. Como ela mesmo disse: Por que que essas coisas dão tanta fome na gente? Sei lá, respondi.
E assim ficamos de nos encontrar outro dia para eu mostrar o que mais sabia fazer.
Se realmente o encontro ia acontecer ou não, eu não tinha certeza. Talvez ela mudasse de idéia depois; mas de uma coisa eu sabia: havia conseguido meus objetivos, e isso era o que importava.

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