O cuidador tem valor,
e vertentes ele tem,
ora cuida dum senhor,
ora se cuida também.
Há quem cuida do doente,
há quem cuida do falar
e escuta muita gente,
antes de se revelar.
Há quem cuida dum metal
em forma de um anel;
sem ele se sente mal,
pensa que não vai pro céu.
Há quem cuida duma jarra
com pintura bem gravada,
tudo nela se agarra
da sua vida passada.
A jarra vai se quebrar,
alguém então vai sofrer,
não por ela s"apegar,
mas por fim do proteger.
Há quem cuida dum problema
e sabe equacionar:
com discrepância bem tema
do que há e vai faltar.
Há quem cuida da serpente
num grande serpentuário;
sucuri, tal como gente,
tem até um lactário.
Há quem cuida com carinho
de criado e criação,
e até dum pedacinho
de cordel feito a mão.
Há que se cuidar do sono,
do instrumento preciso,
do café, do abandono
de tudo que nos dá ciso.
Cuidador até que sara,
quando há possível cura;
sabe que vida é cara,
não suporta desmesura.
E enquanto o sofrer
precisar do cuidador,
nova luz há de nascer
nos olhos do sofredor.
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