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Poesias-->FAGULHAS, SÓ FAGULHAS -- 03/03/2005 - 04:26 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER

























FAGULHAS, SÓ FAGULHAS



E OUTROS POEMAS

















ESPÍRITOS DIVERSOS

















ÍNDICE



Advertência .........................................

1. Boa conduta .........................................

2. Modéstia contribuição ...............................

3. Nunca é tarde demais ................................

4. Religiosamente ......................................

5. A crise .............................................

6. Na esteira da felicidade ............................

7. Falência superada ...................................

8. Atrevo-me ...........................................

9. Sem desperdício .....................................

10. As dúvidas ..........................................

11. Recreação ...........................................

12. Expectativa .........................................

13. Cativo ..............................................

14. Ativo e preparado ...................................

15. Razões do meu coração ...............................

16. Condomínio de amor ..................................

17. Falando grosso ......................................

18. Pensamentos agudos ..................................

19. Consultando o além ..................................

20. Excepcional só o fato mediúnico .....................

21. Em dia com os versos ................................

22. Na esteira da prosa .................................

23. Falando a verdade ...................................

24. Simples informação ..................................

25. Renovando a fé ......................................

26. Fagulhas, meras fagulhas ............................

27. A sorte grande ......................................

28. As bênçãos de Deus ..................................

29. Quase sem gás .......................................

30. Sem contemplação ....................................

31. Impreciso e descontrolado ...........................

32. Misticismo inconsciente .............................

33. Sem chance de obra-prima ............................

34. Não se esqueçam de mim ..............................

35. Poesia extravagante .................................

36. Na antevéspera da ascensão ..........................

37. Falando mal da vida alheia ..........................

38. Escutando o silêncio ................................

39. Estrepolias de malandro .............................

40. Um blefe poético ....................................

41. Reação em cadeia ....................................

42. Descansando a mente .................................

43. Amargando o verso ...................................

44. Arte poética ........................................

45. Calando a inspiração ................................







Advertência



Não queira ficar mudo cá no etéreo,

Pois sempre vão pedir-lhe p’ra falar:

Precisa colher frutos no pomar

Aquele que requer ensino sério.



Por isso, já prepare um bom bazar

Dos tais produtos, dentro do critério

De que vai ter difícil refrigério,

Se nada traz o gajo para dar.



A ordem subalterna é invertida:

Quem vem para aprender agora ensina,

Pois tem de demonstrar que quer a lida.



Não temos dois futuros pela frente,

Porém, vai ser com muita disciplina

Que vamos progredir constantemente.







1. Boa conduta



Não tenho compromisso co’a poesia,

Porém, não posso agora aqui falhar:

Mui santo e protegido é este lar,

Ao qual devo trazer mais alegria.



Então, componho a rima, a destacar

Que tudo quanto trago não daria

P’ra desfazer os males que, outro dia,

Eu pratiquei na terra e em alto mar...



Renego os muitos vícios e prometo

Tornar minh’alma pura o quanto possa

Conter a linha torta do soneto.



Pedir, eu peço sempre ao Criador

Que faça com que esqueça a velha troça,

P’ra produzir um verso com amor.







2. Modesta contribuição



Pretendo prosseguir um pouco mais,

Sabendo ser modesta a minha rima.

Talvez, por ser bem pobre, ela reprima

Alguns anseios tolos, marginais.



Espero que o leitor que mais se anima

Enfrente com paciência estes meus ais

E siga destemido, nos umbrais,

Pois da consciência brota o que sublima.



Enfim, querendo pouco, até que ponho

Alguma coisa boa entre os detritos,

Porque não quero ser sempre bisonho.



Aspiração de amor, dons infinitos

Se juntarão um dia, enquanto sonho

Que o bom foi sopitar meus tristes gritos.







3. Nunca é tarde demais



Não posso reclamar da minha sorte,

Que o posto que utilizo também serve

A quem tem mais poder e nobre verve,

Porque deixou bem longe a sua morte.



O gajo do poema não se enerve,

Se não quiser perder, neste transporte

De tom rudimentar, o belo norte

Que já traçou p’ra si... e que o preserve.



Não posso dividir esta experiência,

Porquanto trabalhar na rima cansa,

Inda que se domine esta ciência.



Contudo, o verso atrai e o metro avança,

Se tudo aqui fizermos com paciência,

Que o homem sempre foi uma criança.







4. Religiosamente



Mantenho o meu poema no rascunho,

No aguardo do momento de ditar.

Um dia, liberando-se o lugar,

Eu trago para cá meu testemunho.



É bom, neste momento, confirmar

O modo pelo qual a trova cunho,

Porquanto o meu leitor não acabrunho,

Se o bem do amor existe no seu lar.



Por isso é que me atrevo a redigir

A prece que me ocorre enquanto penso,

Sabendo que nos vamos reunir



Num plano mais profundo e mais extenso,

Que o pensamento puro do porvir

Não tem para acenar saudoso lenço.







5. A crise



Não posso me esquecer de referir

Que tenho o compromisso da verdade.

Por mais que o tema exposto não me agrade,

Terei de ser mui claro e não fugir.



A dúvida que a mente minha invade

O bom leitor já sabe discernir:

A solução está lá no porvir,

Um dia esplendoroso, sem saudade.



Triste que tenha sido o meu destino

E revoltado eu contra o Senhor,

Agora as reações eu disciplino



E busco me afastar de tal rancor,

Espírito que sou, sou mui menino,

Conforme dou de mim neste compor.







6. Na esteira da felicidade



Recolho as minhas velas e à matroca

Prossigo navegando mar acima:

Traduzo os sentimentos nesta rima

E o fuso vai-se enchendo com a roca.



No entanto, quando o verso se sublima,

Trazendo para a luz a maçaroca

De idéias que se tecem nesta troca,

Eu posso oferecer a minha estima.



Revelo este pendor para a poesia,

No entanto, não me alegra o verso agora,

Que o mais que aqui consigo em harmonia



Não passa de febril procedimento:

No fim, este arremesso não vigora

No etéreo, onde o poema tem assento.







7. Falência superada



A crise, que esperava ser mais forte,

Apenas me obrigou a refletir.

Assim é que imergi no tal porvir,

Onde queria ter bem melhor sorte.



O médium que me assiste, o Wladimir,

Pergunta quanto tempo após a morte

Cheguei à conclusão de que o transporte

Me iluminou a mente para agir.



O tempo, bom amigo, não importa.;

Importa muito mais o proceder.

Se no passado a vida foi tão torta,



A descoberta, agora, do dever

Faz com que a gente saiba como a porta

Se fecha do remorso ao se esquecer.







8. Atrevo-me



Atrevo-me a pedir que os versos meus

Não constem do volume dos colegas.

Aqui cheguei há tempos: vinha às cegas,

Chorando as mágoas trágicas do adeus.



Dizia ao coração: — Vê se navegas

À brisa da saudade, pois de Deus

Só deves esperar compor-te aos teus,

Em plano superior, pós as refregas.



Se agora expresso aqui tal sentimento,

Contrariando até meu mestre amigo,

É que não vou querer neste momento



Que alguém hoje coteje o dom comigo,

Chegando à conclusão de que acalento

Desmesurado orgulho, em vão castigo.







9. Sem desperdício



Aviso o meu leitor que se precate

Quanto a formar juízo sobre o autor.

Se tudo compreender, seja qual for,

Irá fazer depois seu arremate.



Ouvindo aqui falar muito de amor,

Talvez não sinta nada e se desate

Do clima de paixão deste acicate,

Pedindo p’ra jamais aqui compor.



Por isso é que pretendo instituir

A norma mais preclara p’ro poema,

Rogando que meu médium, Wladimir,



Se ponha sempre atento e nunca tema

O julgamento fácil do porvir,

Que vai analisar de forma extrema.







10. As dúvidas



— As dúvidas desfazem-se co’a morte? —

Perguntam os mortais, freqüentemente.

Pois digo que não há quem não sustente

Que toda conhecia a sua sorte.



Ocorre que, no etéreo, toda a gente

Carregará consigo, muito forte,

O sentimento próprio, no transporte

Que fez dos seus valores de indigente.



Então, quando recebem nosso auxílio

Ou quando caem nas trevas de um exílio,

Mantêm a opinião que tinham antes.



Depois de muito estudo ou sofrimento,

É que irão mudar seu pensamento,

Embora as recaídas tão constantes.







11. Recreação



P’ra nós, que elaboramos a poesia,

Existe um bom momento de recreio.

Talvez dê meu recado, mas receio

Deixar alguma idéia fraca ou fria.



No íntimo da alma, lá no meio

Dos temas mais formosos da alegria,

Guardamos nossa fé de que daria

A inteligência para um bom recheio.



Mas, quando estamos prestes a ditar,

Notamos, no rascunho, seus problemas,

Temendo que o projeto dê lugar



Apenas ao sorriso desse amigo

Que sente que são doces nossos temas,

Na fórmula gentil de nobre abrigo.







12. Expectativa



Não tanto pela prova por que passo,

Bem mais pela promessa de sucesso,

Os sons deste compasso eu crio e meço,

Querendo aproveitar-me deste espaço.



Alegre por fazer um bom progresso,

Não sinto nem anseio nem cansaço:

Os versos que transmito, quando os faço,

Apenas tranqüilizam, pois confesso.



A ordem das palavras que disponho

De forma arrevesada muitas vezes

Não representa nada para o sonho



De aqui mostrar que são pouco soezes

Os sentimentos deste, que é bisonho,

Porém, se atreve aqui todos os meses.







13. Cativo



Possuo certos méritos, no entanto,

Aqui cheguei bem pobre, reconheço:

Não seja este poema algum tropeço

Que aumente a minha dor nem o meu pranto.



Se desisti outrora, hoje eu mereço

Estar de bem comigo, em doce encanto.

Por isso é que, feliz, já não me espanto

De conseguir a rima pelo avesso.



A Deus muito agradeço, compungido,

Ter-me enviado amigos mui fiéis,

Que rejeitei um dia e que, duvido,



Me rejeitassem, como o fiz, tão tolo.

Nesta comédia, louvo os seus papéis

E o tema desse amor é o meu consolo.







14. Ativo e preparado



Se fosse controlar qual o defeito

Que alcançarei na trova que componho,

Talvez o texto faça mui bisonho

Ou diga muito pouco, neste pleito.



Também não quero dar a cor de um sonho

Ao verso a que me obrigo e que respeito,

Trazendo o compromisso do conceito

Assinalado e bom, mesmo enfadonho.



É que repito aqui, em nobre forma,

As vozes que me dizem que o dever

Precisa ser cumprido como norma,



Embora saiba bem que o meu poder

Acaba de uma vez, quando transforma

Em pensamento humano o bem-querer.







15. Razões do meu coração



Instigo o meu leitor a que forneça

Ao cérebro motivos para o amor:

Bem sei que o coração sabe compor

Um sentimento nobre p ra cabeça.



Porém, caso aqui deixe a minha dor

Exemplo que a tristeza favoreça,

Também irei deixar, muito travessa,

A idéia de que é bom, seja o que for.



Agora o que sustenta a minha fé

Resume-se na prece a que convido

Quem queira distinguir como é que é



Que pode o sentimento mais perverso

Deixar dizer ao vate: — Não duvido! —,

Enquanto louva a Deus neste meu verso.







16. Condomínio de amor



Parece familiar a minha rima?

Pois saiba que é a primeira que aqui trago.

Mas como sai perfeita, não estrago,

A idéia de que alcanço a sua estima.



Depois irei gerar um tema vago,

P ra despertar ardor que o bem sublima,

Sabendo que vai longe de obra-prima

A trova que se lê com doce afago.



Distante já da Terra, desconheço

Se ocorre junto aos homens a poesia,

Que é como o meu ensino, já do avesso,



Dispõe de mui sagaz sabedoria,

A despertar nos outros o começo

Do estudo que, por mal, ninguém faria.







17. Falando grosso



Não quero que os amigos se confundam

Pensando que os meus versos realizo

De modo muito pronto e bem preciso,

Que as rimas cá no etéreo sempre abundam.



O fato de compor me deixa aviso

De que fico no ar, sem que contundam

Os sentimentos dúbios que circundam

Os tons bastante escuros do improviso.



No entanto, se aborreço a pobre trova,

Deixando mais mistério a resolver,

Revira o meu espírito na cova,



Debaixo deste túmulo: o poder

De dar ao meu leitor tremenda sova

Co as luvas de pelica do dever...







18. Pensamentos agudos



Falece-me a vontade de rimar,

Ao ver o quanto é falha a minha trova.

No entanto, quanto escrevo apenas prova

Que devo, estando aqui, perseverar.



O verso é muito pobre e desencova

Lembranças lá da Terra, do bazar

Das idéias que tive sem parar,

Nenhuma que hoje diga ser mui nova.



No entanto, vou levando esta escansão,

Querendo terminar de forma alegre,

Não antes de pedir o seu perdão.



O texto que aqui deixo é inferior,

Porém, não quero ver que desintegre

Os laivos literários deste autor.







19. Consultando o além



Parece que o meu tema é mais terreno,

No entanto, mesmo aqui, existe o além.

A turma que progride tem também

Desejos de alcançar algum aceno.



Saber o que se passa dá, porém,

Mais segurança e deixa bem sereno

O coração que induz que coordeno

As ações de valor que sobrevêm.



Aos poucos vou cumprindo a minha sina,

Na esfera em que preciso evoluir,

O que me obriga a ter mais disciplina,



Se quero lobrigar o meu porvir

E preparar a volta, como ensina

O mestre que me ajuda a refletir.







20. Excepcional só o fato mediúnico



Não venho repetir minhas lições,

Que o tempo que hoje tenho é limitado.

Também não vou deixar ninguém de lado,

Firmando nos meus versos vãos sermões.



Talvez eu desejasse ser de agrado

Daqueles que desejam emoções.

Não posso aqui, porém, nas escansões,

Tornar o texto nobre e consagrado.



Mas peço p ra pensarem sobre a forma

Em que disponho o tema sugerido,

No título que dei, seguindo a norma



De tudo estimular, com muito jeito,

Mas nunca fomentar nenhum — Duvido! —

De quem foi escolhido e foi eleito.







21. Em dia com os versos



Se não puder compor para os mortais,

Lerei minha poesia aos companheiros.

Aqui terei ouvintes bem certeiros,

Porque os da Terra querem muito mais.



Porém, serão, no etéreo, os pioneiros

Que chegarão aos bens imateriais?

Ou hão de ser aqueles cujos ais

Se desfarão de vez pelos terceiros?



Aqui se prega pelo bom trabalho

De ajuda aos que precisam mais de luz.

É onde o meu poema é muito falho:



Ainda que me lembre de Jesus,

Apenas faço as vezes de espantalho,

Guardando o trigo que este amor produz.







22. Na esteira da prosa



Preciso resolver sério problema,

Para trazer ao povo o meu poema,

Elaborado, sim, com tal capricho

Que apenas um soneto será pouco

P ra demonstrar que estou ficando louco,

Pois nestes versos sou não mais que lixo...



Resolvo evidenciar quanto sou pobre,

Consciente que o leitor logo descobre

Quem veio para as novas da poesia.

Este arremedo serve como prova

Do quanto há de ser má a minha trova,

Se aqui me derem azo à fantasia.







23. Falando a verdade



Não venho bem disposto para o verso,

Sabendo quanto possa ser perverso

O sentimento a ser descrito aqui.

Mas posso avaliar que o meu amigo

Não vá ficar zangado mais comigo

Do que se eu mantivesse que venci.



Estou inda arruinado no momento

Em que rimo sem gosto e não aumento

Os termos de elogio do vitupério.

Se faço algumas trovas, também sei

Que cumpro simplesmente aquela lei

Que determina o bem, mas sem mistério.



Trazendo para a trova a minha voz,

Não vou querer jamais ser muito atroz,

Porém, também não fico aqui contente.

As coisas que disponho com lisura

Não vão dizer que tenho a alma pura,

Porque digo a verdade, simplesmente.



O sofrimento é grande, reconheço,

E o meu desejo é vê-lo pelo avesso

Em rimas mais saudáveis, mais gostosas.

Ó coração cruel, que tanto acusas

Os meus defeitos graves, sei que abusas

Da liberdade que hoje aqui tu gozas...







24. Simples informação



O quanto deixo escrito nos meus versos

Não vem p ra desnudar meus universos,

Que as frases são mui frágeis, mui simplórias.

Não queiram ver em mim a sumidade

Capaz de enunciar que o bem invade

Os corações que prezam estas glórias.



Assunto e me modelo o linguajar

De acordo com o tema que rimar,

Às vezes, de improviso, num só jato.

Ocorre que as idéias que mantenho

Só ficam cá vertidas por empenho

Dos mestres que me ajudam no retrato.



Falece-me, contudo, a rima rica

E quando cá recai não modifica

O texto em seu teor mais filosófico.

Eu faço por agir naturalmente,

Mas como vou verter bem consciente,

Se tenho o pensamento catastrófico?



Entendo que o leitor não considere

O que possa expressar um miserere,

Pois bato no meu peito com mais força,

Se tanjo alguma corda dissonante

Capaz de demonstrar quanto é flagrante

Que o bem do amor meu verso sempre torça.



Esqueça, caro amigo, esta imprudência.;

Transforme o espiritismo em sã ciência

E aceite tão-somente o que for puro.

A luz que aqui se esparge é tão fraquinha

Que vem para mostrar quanto é mesquinha

A dor que brota n alma e aqui censuro.







25. Renovando a fé



Preciso aqui no etéreo renovar

A fé que compreendi dentro do lar,

Na infância deste encarne derradeiro.

Mamãe me autorizou o testemunho.;

O padre quis que fosse de seu cunho

O modo de entender o que escaveiro.



Antigamente, eu vinha do outro mundo,

Sem nada que dissesse ser profundo

O sentimento augusto religioso.

Sabia algumas preces tão-somente,

Mas tudo tão vulgar, indiferente

Ao fato de crescer da glória o gozo.



É como se escrevesse estes versinhos,

Sabendo que são vis, pobres, mesquinhos,

Sem nada realizar que justifique

Ditá-los para alguém aí na Terra

Que sabe muito pouco desta guerra

Que travo contra o mal, em rude pique.



Agora que termino esta poesia,

Envolto nestas brumas, todavia,

Já penso em melhorar minha escansão.

Um dia irei voltar, hoje prometo,

De forma a esclarecer o que for preto,

Buscando ricas rimas, nunca em –ão.







26. Fagulhas, meras fagulhas



Não vou comprometer-me, na poesia,

A vir trazer-lhes sons em harmonia

Nem pensamentos puros, como em festa.

Pretendo aqui dizer tão simplesmente

Que fui, aí na Terra, um ser demente,

Perdido na cidade e na floresta.



Ao menos, hoje estou arrependido,

Embora diga ainda que duvido

Que não irei voltar endividado.

As coisas que acontecem cá no etéreo

Nos chegam claramente, sem mistério,

De forma que a ninguém errar é dado.



Por isso é que o poema que estremece

Exige terminemos numa prece,

Agradecendo ao Pai o sofrimento.

Se tudo se passasse sem ferir,

A gente ia querer o devenir

Apenas p ra folgar, no esquecimento.



A vida se prepara com rigor,

Mas seja a sina dura quanto for

Não vai representar nada de mais.

Somente corresponde ao que se fez:

Ninguém há de pagar de uma só vez,

Que, aos poucos, bem aos poucos, vem a paz.



Não tiro a sorte grande nestes versos,

Porém, não quero crer sejam perversos

A ponto de ferir o bom leitor.

Não tenho o que contar com formosura

Nem posso demonstrar que seja pura

A fórmula em que exponho o meu amor.



Resiste, bom amigo, ao mal que expõe

O coração às lágrimas: supõe

Que um dia hás de rimar as tuas dores.

Escreve ao Pai a carta do pedido

Que deverás fazer, eu não duvido,

P ra suportar bem lúcido os temores.



Já findo a lengalenga e me despeço,

Sabendo que estou longe do sucesso

Que gostaria de alcançar na cova.

Proteja-me, Senhor, contra mim mesmo.;

Não deixe que o poeta cante a esmo

E cubra-me de bênçãos, nesta prova.







27. A sorte grande



Não quero estimular o meu leitor

A só considerar quem vem compor,

Trazendo no rascunho a sorte grande.

Jogar é pensamento que não vige

Na Escola que freqüento e que me exige

Discernimento... e fé que não desande.



Assim, quanto a ditar o meu poema,

Aguardo o bom momento sem que trema,

Sabendo que os mentores sempre ajudam.

Se, por acaso, aqui algo falhar,

Ninguém há de supor que neste lar

As coisas não se acertam nem se mudam.



É claro que o sistema não funciona,

Se o vate não perdoa e se abandona

Aos vícios lá da Terra, vis, fatais.

Ocorre que o meu mestre sempre avisa

Que tudo que se escreve sincroniza

Os corações, que acalmam sempre mais.



— Tirei a sorte grande! — há de dizer

Aquele co a noção do bom dever,

Trabalhador honesto e sempre pronto

A reparar os males que a caneta

Riscou sobre o papel, com tinta preta,

Enquanto o pensamento andava tonto.



Não posso compreender como se dá

Que a prece do final não tenha já

Refinado a lição desta poesia.

Então, eu peço a Deus que me sustente

A trova, que trará mais luz somente

A quem agir em paz, com alegria.







28. As bênçãos de Deus



Não vou reverenciar, nesta poesia,

As glórias do Senhor, com alegria,

Pois temo que esta prece não se dê.

Então, peço ao leitor que me compreenda

E logo ao sacrifício aqui se renda,

Ouvindo o que lhe digo, com mercê.



Jesus nos ensinou a melhor prece

E todos destes lados, me parece,

Estão bem conscientes da palavra.

Assim que começar o padre-nosso,

Irei ter a certeza de que posso

Deixar um belo verso, nesta lavra.



A glória do Senhor já não exalto,

Que o medo vive em mim, de sobressalto,

Depois que convivi com o mistério.

Talvez eu tenha tino e faça tudo

Para dar força à forma e conteúdo,

Achando ser melhor que o faça sério.



Senhor, eu peço humilde que me atenda

E cá me inspire a tese, nesta senda,

P ra concluir a rima com talento.

Não peço já por mim, porém, por todos

Que vão enaltecê-lo com epodos

Do mais sutil e puro sentimento.







29. Quase sem gás



Não quero preocupar o meu leitor,

Dizendo-lhe que venho p ra compor

Um texto de tremenda contumácia.

Preciso urgentemente destes versos,

P ra demostrar o quanto estão imersos

Meus sentimentos numa vã falácia.



É que pretendo dar um pouco mais

Que simples citação de amor e paz,

Palavras que esvaziam qualquer mente.

A trova há de conter mais esperança

Mas não para afirmar que alguém se cansa,

Enquanto o seu autor se esforça e mente.



Ateio esta fogueira de vaidade,

Pedindo compreensão que me arrecade

Auxílio entre os amigos desta esfera.

Por isso, eu peço preces provisórias,

Pois sei que vão se dar certas vitórias,

No campo dos sucessos que amor gera.



É claro que sorrio e que estraçalho

As roupas tão grosseiras de espantalho

Que visto nesta rima em descompasso.

Alheio às tais virtudes que me ensina

O mestre que me atura a indisciplina,

Ainda ponho fé no que hoje faço.



Por isso é que agradeço ao médium meu,

Que escreve sem saber se alguém me deu

A permissão da outorga da poesia.

São tantas as facécias da preguiça

Que o carro que acionei agora enguiça,

Sem gasolina, inerte, posto em fria...



Não posso terminar com pessimismo.

Então vou caminhar por sobre o abismo

Da incompreensão do texto que apregôo,

Solicitando ao Pai que me governe

A mão, para deixar do texto o cerne,

Rasante tentativa em cego vôo...



Palmilho a dura estrada já sem brio,

Deixando pobres rastros neste frio

Que gela os ossos meus dentro da cova.

Se pensam que estou preso junto à tumba,

Não sabem quanto é bom dançar a rumba,

Modesto bailarino de uma ova!...







30. Sem contemplação



Imaginei um texto bem tranqüilo,

Sem exigências muitas ao leitor.

Bolei este soneto e vim compor,

Na hora que é possível tudo aquilo.



É claro que o farei com muito amor,

Pois brilha o coração quando assimilo

A túrbida promessa e rejubilo,

Vertendo a luz em frases deste ardor.



O mais corre por conta de meu mestre,

Que vê no tema um pouco conturbado

O muito do desterro do terrestre



Que passou bom tempo do outro lado,

Azucrinado e pobre, assim, pedestre,

Pois altos vôos só em verso alado.







31. Impreciso e descontrolado



Não vou fazer idéia muito falsa,

Se registrar aqui que estou surpreso.

Bem sei o quanto o médium fica teso,

Se o tema da escansão meu tom realça.



Quisera que o leitor ficasse preso,

Porquanto o meu amor o bem exalça,

Trazendo esta poesia o som da valsa,

Que soa ao derredor, quase sem peso.



Por isso é que esta tese aqui encalha,

Que a dor e o sofrimento... Já me calo

Não revelando o mal que o verso espalha.



Mas peço a Jesus Cristo p ra mudá-lo,

Trazendo alguma luz, fogo de palha,

P ra coroar a rima do regalo.







32. Misticismo inconsciente



Não posso afiançar que estou seguro

Da fé que deveria depurar.

Se adentro satisfeito neste lar,

Espero não causar qualquer apuro.



No entanto, quase fico a simular

Que ajo com amor, pois, no futuro,

Eu sei que alcançarei fugir do escuro

Da mente e dos tormentos do lugar.



Agindo muito certo da conquista

Dos versos do soneto em que se enquista

O intento mais sadio desta escansão,



Lhes peço humildemente que me escutem

E que jamais refuguem nem relutem

Em aceitar as leis da salvação.







33. Sem chance de obra-prima



Entendo que meu caso é rumoroso,

Por isso é que me calo por enquanto.

Assim, fica importante e sem encanto

O verso que componho sem tal gozo.



Provoco este escrevente e não me adianto,

Nem mesmo a ele, caro e valoroso,

Um médium de princípio, com quem coso

Os termos tão sutis deste acalanto.



Um dia, vão saber do que se trata,

Que as coisas se esclarecem só por si.

Aí irão dizer que foi pro rata



A minha discrição, pois não senti

Que as coisas se ajustassem, negociata

Que envergonha o poeta por aqui.







34. Não se esqueçam de mim



Não vou pedir por mim nem por ninguém,

Que a prece que farei é puro amor:

Irei agradecer ao Salvador

Por ter-me aberto as portas para o Além.



No entanto, ainda sofro ao vir compor,

Porquanto já não tenho no armazém

As armas de defesa que mantêm

O lídimo compasso, com ardor.



Se trago muitos versos, meu amigo,

Você há de convir hoje comigo,

Que são bem misteriosos e sem jeito.



A dúvida, eu levanto em compulsão,

Querendo que o leitor não diga não

A que eu more p ra sempre no seu peito.







35. Poesia extravagante



Não tenho compreensão para o poema

Que querem que redija em versos brancos.

Apenas sei dizer que estes barrancos

Me servem p ra esquiar, embora trema.



Ao lado do mortal, existem bancos

Tomados por irmãos que têm por lema

Paciência e decisão, quando se extrema

O tempo desta oferta aos versos mancos.



É claro que possuo algum talento,

Ao menos p ra furtar o pensamento

Do gajo que nos serve de suporte.



Aos poucos, vou chegando ao fim da rima,

Sabendo que o valor que ele sublima

Concentra este poder, após a morte...







36. Na antevéspera da ascensão



Hoje estou prontinho para o verso,

Pensando quanto é grande este universo

E quanto sofro ainda ao relembrar

Que estive muito próximo de ser

Um reles criminoso, sem poder

De me achegar aqui, junto ao seu lar.



Por isso é que reduzo a minha frase,

Dizendo uma palavra apenas: quase

Que fico na penúria de minh alma.

As coisas se amoldaram, finalmente,

E pude, ao ser chamado, estar presente,

Alçando a minha voz, que a rima empalma.



Motivo inda não tenho p ra sorrir,

Mas sei que alguma vez, em meu porvir,

Virei anunciar o meu progresso.

O fato é que esta trova que apresento

Também vem demonstrar o meu alento,

Que o texto está fadado a bom sucesso.



A compreensão do amor já se perfaz,

Conquanto falte ainda estar em paz,

Conforme se vê bem em cada linha.

Se trago no compasso a disciplina,

É pouco p ra indicar quanto se ensina

Aos tantos que se alistam na Escolinha.



Orar a Jesus Cristo aqui é lei,

Por isso é que hoje afirmo que bem sei

Que vou deixar a marca do poeta.

No etéreo, fica bem este poema,

Posto que aos bons mortais cause problema:

Senhor, peço perdão, que o mal me afeta.







37. Falando mal da vida alheia



O título que dei à obra minha

Não chega muito perto da verdade,

No entanto, se eu rogar por caridade,

Terei alguém que afague a ladainha?



Estive certa vez numa cidade,

No etéreo, ao fugir desta Escolinha,

Passando por ladrão, por ser mesquinha

A lábia duma prosa de saudade.



Queria era exigir reparação,

Que os danos que sofrera lá na Terra

Bem poucos vão saber quantos serão.



Porém, mais desabrido, um tal se aferra

A sapecar na carne atroz tição,

Com seu tridente enorme abrindo guerra.







38. Escutando o silêncio



Não posso repetir as mesmas rimas,

Cansando o meu leitor neste estribilho,

Mas, como já gastei todo o meu brilho,

Prefiro silenciar, sem pantomimas.



Obrigam-me, contudo, quando encilho

O meu ginete, Amigo que me estimas,

Pois não me deixam ir, se tu te animas

A ler qualquer canção do peralvilho.



Eu não serei jamais um bom cantor

Destas virtudes que não têm fronteiras:

Da paz, do bem, da caridade e amor.



Não vou te sapecar, inda que queiras,

A linha que conduz ao bom compor,

Se elejo tais mentiras companheiras...







39. Estrepolias de malandro



Sentia muito orgulho aí na Terra

Dos feitos imorais que praticava:

Minh alma dos desejos era escrava,

Não vendo que gerava triste guerra.



Agora, cá no etéreo, a gente trava

Combates no consciente, enquanto emperra

O pensamento lúcido que encerra

O amor desta lição que o mestre grava.



Por isso é que meu verso não se ajeita

E perco o prumo até da melhor rima,

Buscando só nos sons, que a mente espreita,



Todo o valor do verso que me anima...

Talvez não tenha fôlego a suspeita

E meu leitor demonstre alguma estima.







40. Um blefe poético



Não vou acostumar o meu leitor

Com versos retumbantes no lavor,

Conquanto os sons irrompam mesmo assim.

Nesta sextilha, exponho o compromisso

De vir aqui prestar um bom serviço,

Mas no sentido inverso, já que vim.



Não tenho inspiração que me apresente

De forma divinal, pois, simplesmente,

Componho sem pensar no conteúdo.

As coisas se sucedem fragorosas

E tu podes julgar que ainda gozas

A doce e perenal hora de estudo.



Eu sei que meus leitores sempre têm

Os olhos sobre o texto, que convém

Não se envolver em obra enganadora.

Pois fazem muito bem agindo assim,

Que a trova, quando está muito ruim,

Não poderá ficar fazendo hora.



Eu recomendo, assim, muita cautela,

Pois muitos dos que trazem rima bela

Só montam arcabouços sem doutrina.

Bem sei que é meu dever, estando aqui,

Depositar no verso o que senti:

Agora o que demonstro é disciplina.



Os termos não se ajustam pela norma

De quem domina a glória desta forma,

Pois não provocam lágrima nem riso.;

Apenas sentimento de revolta,

Porque toco mazurca e a voz se solta,

Dando a impressão final que falta siso.



Desejo agradecer ao médium meu,

Que, sem reclamações, hoje atendeu

Aquele que lhe trouxe vil mistério,

Pedindo a Jesus Cristo que abençoe

O povo que me lê e que perdoe

O meu pecado vivo... em cemitério...







41. Reação em cadeia



Não posso começar o meu versinho

Que logo me dedico à trova inteira.

Às vezes, não consigo algo que queira

Deixar ao meu leitor, com meu carinho.



Talvez, na minha estrofe derradeira,

Reúna o material em desalinho,

Que vou acumulando de mansinho,

Com muito pouco afã, do mal à beira.



Peço perdão ao Pai e me despeço,

Ouvindo e imaginando um pescoção

Do mestre que me orienta, pois não meço,



Da trova que componho os pés do metro,

Deixando p ra depois toda a escansão,

Porquanto do dever me compenetro.







42. Descansando a mente



Reponho os meus neurônios nesta vida,

Aqueles que perdi quando encarnado.

Desperdicei o tempo, depravado.;

Estou sofrendo agora a dor devida.



A natureza cobra deste lado

O que fiquei devendo e convalida

Os atos da bondade, em acolhida

De muita festa e luz, se estou nimbado.



Ocorre que hoje em dia a dor se esvai,

Ao ver-me perdoado dos malfeitos,

Agradecendo a rima o amor do Pai.;



Não porque tenha sido um dos eleitos,

Contudo, tenho fé que o texto sai,

Relevando-me o leitor os vis defeitos.







43. Amargando o verso



Procuro desfazer minha impressão

De que nos versos ponho a frustração

De não deixar um traço definido.

Minh alma se condói pelo leitor

Que segue esta façanha de compor

A rima do sei-não-porque-duvido.



É claro que hoje brinco mas é sério,

Se está presente a dor do cemitério,

Que a vida era feliz e eu não sabia.

O texto, pobrezinho, só repete

O trecho que demonstra o meu topete

De lhe trazer a moda e a fantasia.



Mas tudo quanto escrevo e aqui registro

Tem um sabor perverso e mui sinistro,

Promessa de passagem conturbada.

No entanto, quem cumprir de Deus a lei

Irá dizer ufano: — Agora eu sei

Que o passamento em paz não causa nada...



Serão quatro as estrofes da poesia:

Alguma coisa mais aqui daria

A falsa idéia de que trova ajuda

A superar as crises do infortúnio,

Não esta que me esconde o plenilúnio,

Mantendo a escuridão a quem não muda...







44. Arte poética



Não vou ditar-lhe as regras da poesia,

Embora aqui sigamos muitas delas:

Seria a um mau defunto acender velas,

Velório só com risos de alegria.



Porém, caso suspeitem, sentinelas

Do poético mister, que eu não teria

Condições de escrever a melodia,

Procurem descobrir por que são belas



As trovas que deponho aos pé do altar

Do ilustre padroeiro deste lar,

Um santo milagroso por acaso.



Então, vão perceber, nas entrelinhas,

Que as rimas não são pobres nem mesquinhas,

Se elevo o pensamento e me extravaso.







45. Calando a inspiração



Não devo prosseguir na caminhada

Que põe nos corações tamanho medo:

Bem sei que vão dizer: — Mero arremedo!.;

Que bem melhor seria um simples nada...



Porém, Camões, no fim desta jornada,

Não vai reivindicar, o velho aedo,

Que eu seja aqui punido, pois não cedo

Ao argumento espúrio, que me enfada.



E qual o pensamento que assoberba

O coração com tese tão acerba,

A ponto de causar-me tal transtorno?



O fato de não ter nenhum desejo

De expor ao meu leitor o quanto almejo

Depositar a trova em ígneo forno...



Indaiatuba, de 23.05 a 29.8.01.

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