O martírio dos poderosos
Não sou Thom Yorke, nem Lord Byron
Minha tristeza infinita não se mede em doses de uísque
Meu sagrado martírio de fogo não contém paixões próprias
Mais do que nunca estou longe do poder
Sagrada hora que perdi o rumo, descompassado.
Não sou nenhum simbolista, nem poeta do fantástico
Apenas anseio ser uma lenda lúgubre que preenche intensas
[ horas de solidão.
Se sou belo ou hábil, se existo ou não, isso pouco importa:
O momento não é para se julgar, mas para ser jogado,
Tabuleiros e cartas são toda uma vida.
A vida que busco não é medida por golpes. Segundo a segundo
Percebo que tudo que é amor, ódio ou indiferença
Bate ocamente. A alcatéia não demanda mais expedientes criativos,
Dia após dia, eu busco apenas o óbvio- o indescritível,
Buscado em recantos do inconsciente apenas me enoja,
É o lado visceral latejando, pressupondo erupção próxima.
Eliot estava errado. O mundo acaba sim como uma explosão.
Nada de suspiros derradeiros.
Nada de moinhos satânicos de Blake.
Um mar de luz limpará os resquícios de meus prismas,
A consciência brotará novamente.
(Eder Luis Tomokazu Kamitani)
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