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Contos-->"NAS MARGENS DO RIO PIEDRA..." -- 17/02/2000 - 14:11 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“NAS MARGENS DO RIO PIEDRA...”

Paccelli M. Zahler

Em uma daquelas tardes pachorrentas de verão, após meditar longamente, decidi fazer o Caminho de Santiago de Compostela.
Vendi tudo o que tinha, comprei uma passagem de avião até a França, colhi algumas informações, tomei o cajado e a manta com as famosas conchinhas e parti, a pé, em direção a Santiago de Compostela.
Após uma semana de uma extenuante caminhada, os pés cheios de bolhas de tanto subir e descer colinas pedregosas e íngremes, e um ligeiro resfriado devido ao frio da noite, pensei com meus botões: “ Será que Santiago de Compostela se importaria se eu cumprisse o restante do caminho prometido de ônibus?”
Existem promessas e “promessas”. Eu estava ali para curtir a caminhada, a paisagem, buscando um encontro místico e este não tinha acontecido. Pensava até mesmo em escrever um livro relatando minha experiência espiritual.
Enquanto meditava, avistei ao longe um ônibus. Joguei o cajado fora, escondi a manta com as conchinhas na minha mochila., desculpei-me com Santiago de Compostela e comecei a acenar. O ônibus parou, subi.
No meio do caminho, comecei a sentir alguns movimentos “estranhos” na minha barriga. “Teria sido um castigo de Santiago de Compostela?”, conjeturei. Para meu azar, o ônibus não tinha banheiro.
Lá pelas tantas, senti um cheiro de metano e enxofre. Fiquei preocupado. Teria sido eu? Eu estava tão preocupado e distraído que poderia não ter percebido, afinal de contas, ventosidades involuntárias podem escapolir sem a gente perceber, não é mesmo?
Tranqüilizei-me quando um bêbado perguntou a uma senhora sentada no banco de trás: “A madame peidou, não peidou? Pode dizer, peidar é natural!”
A madame estava vermelha, quase chorando, e o bêbado insistindo: “Pode falar, ninguém vai lhe recriminar. Apenas, admita!”
A insistência foi tanta, constrangendo os demais passageiros, que o motorista resolveu intervir, expulsando o bêbado do coletivo. Ele desceu resmungando indignado: “ Essa eu não entendi, a madame peida e eu é que sou expulso do ônibus!”
Resolvido o tumulto, o ônibus seguiu viagem, entretanto, meus movimentos intestinais estavam cada vez mais intensos, quase não dando para segurar.
Para sorte minha, um dos pneus furou e todos os passageiros foram obrigados a descer. Aproveitei a oportunidade e saí buscando desesperadamente alguma moita pelas redondezas. A alguns metros do ônibus, avistei a ponte que atravessava o Rio Piedra. Não perdi mais tempo, fui para debaixo dela , arriei as calças e desci o barro sem medo de ser feliz, chegando a ver estrelas cadentes, entre elas a do PT caindo nas pesquisas eleitorais.
Foi a experiência mística mais maravilhosa que tive na vida. Graças a Santiago de Compostela, nas margens do Rio Piedra, agachei e caguei.


(Publicado no Jornal PQP, Belém, PA)
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