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Poesias-->A OUTRA MOLDURA -- 01/05/2005 - 00:00 (João Ferreira) |
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A OUTRA MOLDURA
Jan Muá
27 de abril de 2005
Há caminhos, sim.
Tua escrita é já um caminho
Que traças com teus sentimentos
Os Poetas escrevem caminhos
De modelação
E arquitetam como tu a exemplar moldura
Do ser que projetam
Como deuses, eles pegam o barro informe que lhes vem às mãos
E o tratam como matéria potencial de todas as formas
São as cores, os sons, os ruídos
E o mundo em imagem tratados como barro
Aquele barro que ora sua da umidade dos pântanos
Ora vem em nome da dispersa matéria do areal do deserto
Ou da saudade da poesia das praias
Onde a maresia deixa seus beijos de doação
Como deuses os Poetas pegam o barro
Dos montes escalvados secos e áridos
E o tiram da rude companhia das pedras sem caminhos prontos
Na perseguição do barro úmido das águas cantantes das nascentes
Como deuses pegam o barro termal de águas quentes
Com que suavizam o delírio amaciante da pele
E trabalham o barro informe das palavras e lhe dão vida
Edificando a mensagem ditada pelas imagens de mundo
Que é o barro de sua íntima procura
A este transformam em olhar, em sentido e pensamento
E o conduzem na caminhada
Em sensitivas impressões
Apostando nos silêncios
Próprios do barro original e único
Como deuses, os Poetas intuitivos e móveis
Carregam cada passo de sentido e cada movimento de emoção
E animam o barro com coração de gente
Tentando anular a ditadura da indeterminação
No fim, fica o barro...só barro
Matéria-prima
Essencialmente apta para a poesia
O barro da alma
O teu barro original que tão bem usas
Para além dos clamores
Das mordaças e dos silêncios
O barro da autenticidade com que lavras teu caminho...
O barro com que ainda irás moldar novas silhuetas existenciais
Quando nos castelos de tua emoção
Vingar a misteriosa grandeza que te deu a voz da poesia do coração!
Jan Muá
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