O meu rio São Francisco
muitas vezes passa mal,
ora se livra dum cisco,
ora de um piauzau.
Enjoa-se já bem cedo
e vomita seus mandis,
no tronco dum arvoredo
esconde seus surubis.
Quando fica mais nervoso,
cria marolas gigantes
pra piloto mais fogoso,
em tempos esvoaçantes.
De vez em vez uma chata
ele engole de vingança,
pois quem dele desacata
perde sua amigança.
Arrota muito dourado
pra poder se divertir,
ver um pescador frustrado
quando do anzol fugir.
E, para bem se nutrir,
põe cágados pra roer
iscas; sem ninguém sentir,
as varas não vão mexer.
Enxaquecas do Chicão
acontecem todo dia,
pra baixo, um turbilhão,
pra cima, a ninharia.
Nem sempre a Lua dita
pra valer onde vai ser
a vomitança bendita
de peixes bons pra comer.
Se você rio subir,
reza pra São Expedito
com o Chicão discutir,
onde vai ser o vomito.