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Poesias-->UMA ODE PATÉTICA AO MENSALÃO -- 18/06/2005 - 22:13 (João Ferreira) |
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UMA ODE PATÉTICA AO MENSALÃO
Juan de a Ville
18 de junho de 2005
Choro pelo luto da cidade escurecida
No painel da corrupção
Nos amplos salões da Câmara ergue-se
o véu mortuário da ética embalsamada
Ouvem-se sob o ritmo fúnebre dos cortejos da esquina
os discursos
Restituídos em retóricas vieirianas...
Há dedos em riste e rostos perturbados
Ódios e catilinárias vorazes
Mastigando e debatendo o mensalão
Calam-se as contas correntes e os recibos
De depósitos feitos no crepúsculo do online
Ainda não chegaram os extratos
mas já há malas transportadoras
e negócios de balcão
Os microfones proclamam a surpresa de hábitos obsoletos restaurados na órbita da casa parlamentar
O povo é só lamento e choro
Na hora em que através dos telões das praças dos centros urbanos das grandes cidades
assiste atônito ao grande teatro das denúncias
Aberto à curiosidade pública o pano das surpresas, a notícia vai se desdobrando
e alastrando
E agora já são milhões de reais e mensalões de trapaças
Para aliciar corromper e atrair
Vai-se a ética vão-se os homens vai-se a representação
E o povo descobre que seus deputados viraram mercadores
Não resiste o povo ao ver o país envolto em nevoeiro e traficância sem medida
Para os honestos o cenário vira uma tortura
E quando o pano desce e a desilusão cobre os corações
A figura inglória do congresso invade a rua desnuda
E tudo se passa como se uma mundana tivesse atingido a sacra inviolabilidade de sua Casa
e se expusesse em praça pública
Ignóbil...ignóbil...ignóbil
Mas o povo fica atento, apesar da escuridão...
E esperará e acompanhará até o pano cair o desenrolar da peça
Porque na cidade que amamos como casa pátria
Há uma nuvem negra que os santos do Brasil
irão fazer desaparecer com o exorcismo da ética e da responsabilidade.
Juan de la Ville
18 de junho de 2005
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