Não sei se por formação profissional ou por fazer parte da sua personalidade, você dá muito valor às aparências.
Acho uma contradição uma pessoa, que se diz tão espiritualizada, importar-se tanto com a matéria, com a parte visível do ser humano quando, para ela, o mais importante deveria ser o espírito.
Você se preocupa tanto em ser gentil e carinhosa com os mais humildes, caridosa com os excluídos e ao mesmo tempo admira, inveja e defende os que têm muito dinheiro e poder que são justamente os responsáveis pela existência de tanta miséria e desigualdade.
Não acha isso um paradoxo?
Você acha que há necessidade de existirem pessoas passando fome, frio e privações para podermos exercitar a nossa caridade e com isso evoluirmos espiritualmente?
Perdoe-me, mas não consigo aceitar um sistema de avaliação de mérito tão injusto como esse, um sistema que condiciona a evolução ao sofrimento.
Se pegássemos todo tempo e energia gastos pelas pessoas em rituais religiosos e concentrássemos esse tempo e energia na direção de acabar com as desigualdades sociais, há muito tempo não haveria ninguém passando privações e sofrimento no planeta.
Mesmo que o inimigo seja muito poderoso e não tenhamos meios eficazes para combatê-lo, não precisamos ficar gastando nossos esforços em busca de soluções milagrosas, achando que tudo faz parte de um plano divino, que tem que ser assim etc.
Isto é útil para os espíritos mais fracos que não conseguem encarar a realidade, não para você.
Não acredito que exista um plano que contemple em suas linhas tanta miséria e sofrimento, principalmente criado por um ser de infinita bondade.
O caminho eu não sei qual é, só acredito que não é por aí.
Nos perdemos em algum lugar do passado e não conseguimos mais encontrar o rumo.
Porém, cá entre nós, acho que você está mais perdida do que eu.