Esta é uma história
do cabra do caminhão,
que vivia numa glória,
e se chamava Marcão.
Rodando pelo País,
cantava pela estrada:
— Nasci pra ser feliz,
gosto é da mulherada!
O meu nome é Marcão,
e sou lá do Maranhão,
entrou no meu caminhão,
tá no ferro, sem perdão!
Há dois meses jejuava
o motorista fogoso,
nenhuma mulher lhe dava,
e já estava choroso.
Eis que, no meio da chuva,
uma freira ensopada
surge como preta uva
na beirada da estrada.
À Deus pediu seu perdão;
quando a freira gritou,
freiou o seu caminhão
e, então, ela entrou.
— Bom dia, oh, filho meu!
Preciso do seu favor,
me leve até Androceu,
lá tem reza de louvor.
— Bom dia, freira amada,
nasci pra ser feliz,
gosto é da mulherada,
de rezar sou aprendiz!
O meu nome é Marcão,
e sou lá do Maranhão,
entrou no meu caminhão,
tá no ferro, sem perdão!
— Meu filho, mais devagar,
minha frente de Deus é,
você pode me enrabar,
oh, homem de pouca fé!
Marcão, então, mandou ver
na freirinha rezadeira,
e remorso já foi ter,
tava feita a besteira.
Ela pediu pra parar,
pra ficar numa fazenda.
Marcão quer se desculpar
daquela coisa horrenda.
— Desculpe-me, dona freira,
foi grande a solidão,
por isso lhe fiz besteira,
coisa mesmo do Marcão.
E, então, a freira disse:
— Filho meu, não se condene,
não lhe passo recepisse
pra que não se envenene.
Meu nome é Amaral,
de Natal, bisexual,
este é meu ornamental
para este carnaval!