Ô Cridê!
Por ocasião da morte do humorista Ronald Golias
A Robert Wise, Ernest Lehman e Ricardo Corte Real
“Pernacchia!” Otelo Zeloni.
“Já volto!” Ronald Golias.
“Vá se tudo com os diabos!...” Leonardo, Memórias de um Sargento de Milícias.
Carlo Bronco Dinossauro,
O assumido vagabundo,
Seu bordão aqui restauro,
Que gritava para o mundo:
“Ô Cridê! Fala pra mãe!”
E assim dizia o seu recado
O estorvo à família Trapo!
Que botava em apuros
O mordomo Gordon, guapo.;
Que a Pepino, com mui furos
Como aos ossos os cães,
A carteira ao cunhado!
A juventude do Sócrates
E a ultramoderna Verinha
Ainda entendem qual Hipócrates
A alma dum tio porrinha...
Que rouba bolos e pães
À cozinha, esfaimado...
A irmã Helena o ajuda,
Mas também o repreende
Quer dar-lhe uma bicuda,
Mas depois lhe compreende...
De padres a sacristães,
Da óstia ao vinho afanados!
Até ensinou a Pelé
As artimanhas do pênalti,
Ao Roberto sim, pois é,
A música enalte-
-ceu...E aos jovens guardiães
Mostrou o ritmo sincopado...
Lá se foi o louco Bronco,
Que tinha um seu terreno
Alagado e entre troncos,
E que em negócio obsceno
Vendia-o aos alemães
Mil vezes, hipotecado...
Carlo Bronco Dinossauro,
O assumido vagabundo,
Seu bordão aqui restauro,
Que gritava para o mundo:
“Ô Cridê! Fala pra mãe!”
E assim dizia o seu recado
Lá se vai o sábio malandro,
A uma praça lá no céu,
Encontrar entre meandros
De nuvens, o Manuel...
“Ô Cridê! Fala pra mãe!”
E assim dará o seu recado.
|