Muitas e muitas vezes, quando residi em Teresina, viajando pela estrada que leva à antiga propriedade Salobro, comentei com minha mulher que nós somos, ao nascer, personagens do acaso. Dizia isso olhando para as casas de palha e adobo que se postavam à beira da estrada, vendo os moleques tomando banho de açude, brincando de pega-pega ou, então, algumas vezes, capinando pequenas tarefas de roça. E eu pensava seriamente, eu poderia ter nascido aqui, numa dessas casinhas, vivendo essa mesma vidinha simples, sem maiores pretensões, sem ter sido vítima da tormenta do saber, das leituras de tantos livros que,na verdade, rasgam os nossos horizontes, mas deixam uma espécie de verme interior que vai corroendo as nossas entranhas e nos faz ir em busca de uma felicidade que nunca está na direção para onde nós marchamos.
Tudo é uma questão de oportunidade. Eu nasci assim, ouvindo as declamações de meu pai, recebendo os carinhos de minha mãe, acreditando no Deus em que acredito...e isto tudo, para mim, fez toda a diferença. |