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Infantil-->Quando se perde o medo de aprender - Lenda dos Irmãos Grimm -- 28/12/2002 - 23:26 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos












Um pai tinha dois filhos, sendo que o mais velho era inteligente, hábil e muito sensível a tudo que lhe

era mandado fazer, e o mais jovem, porém, era burro, lerdo para compreender e aprender. E sempre

que alguém o via, logo dizia:

"Esse ainda vai dar muito trabalho para o pai dele!"

De vez em vez, havia alguma coisa por fazer e, então, o mais velho era quem sempre arrumava tudo.

Mas, se o pai o chamasse, já muito tarde ou mais à noite, para acompanhá-lo até ao adro da igreja

ou, ainda, por um lugar mais sombrio, ele respondia logo:

"Oh não, pai, não vou lá não, fico até arrepiado!"

E morria de medo. Por causa disso, à noite, quando alguém contava histórias junto à lareira,

dessas de fazer calafrio, às vezes um ouvinte exclamava:

"Oh, fico até arrepiado!" O mais jovem ficava assentado num canto, escutando, mas, não dava conta

de compreender o que significava aquela exclamação.

"Sempre dizem Fico até arrepiado! Não me arrepio, deve ser mais uma arte, da qual nada

compreendo também."

Aconteceu que, certa vez, o pai lhe disse:

"Ouça, você aí, neste canto: você está grande e forte, você tem que aprender alguma coisa para

seu próprio sustento. Você vê como seu irmão se esforça, mas você não se emenda.

"Ah, pai," respondeu ele, "eu quero muito aprender alguma coisa sim; se isso é bom, eu quero

aprender a me arrepiar."

O mais velho deu uma risada quando o ouviu, e matutou:

"Oh, Santo Deus, quão idiota é o meu irmão, não vai ser nada a vida inteira; sem caráter, cedo

não passará de um servo".

O pai suspirou e respondeu ao mais novo:

"Você pode aprender a sentir-se arrepiado, mas isso não vai lhe dar meio de vida."

Logo depois disto, o sacristão veio fazer-lhe uma visita e, então, o pai lamentou sua decepção

e contou como seu filho mais novo ficou tão desajustado, a ponto de nada saber e nada aprender.

"Imagine só: quando lhe perguntei com que ele queria ganhar seu próprio sustento, ele quis

aprender a sentir arrepios."

"Se nada mais adianta", o sacristão respondeu, "isso ele pode aprender comigo; deixe-o comigo

por uns tempos, eu quero ajustá-lo logo."

O pai ficou satisfeito, e pensou:

"Pelo menos, o rapaz vai ficar um pouco mais vivo."

Assim, o sacristão deixava-o em casa, e tinha de ir bater o sino. Alguns dias depois, ele o

acordou à meia-noite, pondo-o de pé, e mandou que subisse à torre e batesse o sino.

"Você já pode aprender, o que é sentir-se arrepiado", pensou ele.

Calado, chegou lá antes dele. Quando o rapaz estava lá em cima e quis pegar a corda do sino,

ele viu da escada uma coisa branca à frente da boca do sino.

"Quem está aí?"

Perguntou ele, mas a coisa não respondeu, não se mexeu e nada falou.

"Responda," gritou o rapaz, "ou caia fora logo, pois, você não consegue nada aqui, a esta

hora da noite."

Mas, o sacristão ficou imóvel, querendo que o rapaz acreditasse que ele era um fantasma.

O rapaz clamou pela segunda vez:

"O que quer você aqui? Fale logo, se você é um cara de fé, ou eu lhe jogo pela escada

abaixo!"

O sacrista pensou:"Apavoro-lhe bem mais, se ficar calado."

Não deu nem um pio e ficou parado, como se fosse uma pedra. Aí, o rapaz o chamou pela

terceira vez, e como isso também foi inútil, ele tomou impulso e empurrou o fantasma

escada abaixo, e este caiu estirado num canto. Em seguida, ele tocou o sino, foi para

casa, pôs-se na cama e dormiu logo.

A esposa do sacristão já o esperava havia muito tempo, mas, nada do homem voltar pra

casa. Então, ela começou a ficar muito amedrontada, acordou o rapaz e perguntou:

"Você não sabe onde meu marido ficou? Ele foi antes de você para a torre."

"Não," respondeu o rapaz , "mas, lá havia uma coisa, de pé, em frente à boca do sino,

que não quis dizer quem era e, também, não quis sair. Então, eu achei que era um

salafrário e o empurrei escada abaixo. Vá até lá! Assim, você poderá ver. Se a coisa

era ele, sinto muito, ele vai ter que me desculpar."

A mulher correu para lá e achou o seu marido deitado num canto, com uma perna

quebrada. Ela o carregou para baixo e, apressada, gritou bem alto para despertar o

pai do rapaz.

"Seu filho," disse ela, "provocou um grande acidente. Ele empurrou meu marido

escada abaixo, deixando-o lá, de perna quebrada. Tire esse imprestável da nossa casa."

O pai assustou-se, foi correndo lá e passou um pito no rapaz.

"Que espécies de maldosas blasfêmias são essas, que o Mal pode ter encarnado em você?

"Pai," respondeu ele, "apenas, ouça, eu sou totalmente inocente; ele estava lá, à noite, como alguém

que estivesse com más intenções. Eu não sabia quem era, e o preveni três vezes para falar ou ir embora."

"Oh," disse o pai, "com você tenho somente desgosto, suma da minha frente, não quero vê-lo mais."

"Sim, pai, tudo bem. Espere, apenas, o dia clarear. Quero ir embora e aprender o sentimento de arrepio,

pois, estou certo de que é uma arte que me fortalecerá."

"Aprenda o que você quiser," disse o pai, "pra mim, dá na mesma. Leve estes cinqüenta táleres, caia com

eles no mundo e não diga a ninguém de onde você vem e quem é seu pai, pois você me envergonha."

"Está bem, pai, seja como o senhor quer. Se o senhor não tem mais nada a exigir, posso me lembrar disso

facilmente."

Quando o dia clareou, o rapaz pôs os cinqüenta táleres na sua bolsa, saiu pela grande estrada rural e

sempre repetia para si mesmo:

"Se algo me arrepiasse! Se algo me arrepiasse!"

Pelo caminho apareceu um homem que ouviu a repetição do rapaz e, quando andaram juntos mais uns passos,

de onde se podia ver a forca, disse-lhe o homem:

"Veja, lá está a árvore, onde sete dos pretendes da filha do alfaiate estão dependurados e, agora,

aprendem a voar. Sente-se debaixo dela e espere, até que a noite venha; assim, você aprenderá logo o

sentimento de arrepiado."

"Se nada acontecer," disse o rapaz, "fica tudo bem. Mas,: se eu aprender, assim, tão rápido, a ter o

sentimento de arrepiado, então, você poderá levar meus cinqüenta táleres.Volte a mim somente amanhã

cedo."

Aí, o rapaz foi para a forca, assentou-se debaixo dela e esperou, até que a noite veio. E, como fazia

frio, ele acendeu um fogo, mas, à meia-noite, ventou tão frio que, apesar do fogo, ele não se aquecia.

E, enquanto o vento balançava os enforcados, uns contra os outros, fazendo-os ir pra lá e pra cá,

então, ele pensou:

"Você se congela ao fogo! E os que estão lá em cima podem se congelar primeiro e sofrer com isso.!"

Então, compadecendo-se deles, ele posicionou a escada, subiu lá, desamarrou cada um e trouxe todos

os sete para baixo. Em seguida, ele atiçou o fogo, soprou-o e colocou-os em volta deles, para se

aquecerem. Mas, estavam ali, sem poder falar, e o fogo atingiu as vestes deles. Então, ele disse:

"Cuidem-se, do contrário, eu dependuro vocês de novo!"Mortos, porém, não ouvem, e, por isso,

calados, deixaram seus trapos pegar fogo. Então, ele ficou nervoso e disse:

"Já que vocês não querem se cuidar, então, não posso ajudá-los. Não quero me queimar como vocês."

E pendurou-os em série novamente. Depois, pôs-se à beira do seu fogo e dormiu. Pela manhã, então,

apareceu o homem, querendo os cinqüenta táleres em pagamento, e disse:"Agora, você já sabe o que

é ter arrepio?"

"Não", respondeu ele, "onde mais posso saber disso? Os lá de cima não abriram a boca e foram tão

burros que uns até deixaram seus poucos trapos, que cobrem seus corpos, pegar fogo.

"Então, vendo o homem que naquele dia não levaria os cinqüenta táleres, despediu-se dizendo:

"Que cara esse, nunca vi igual".

O rapaz pegou seu caminho e começou novamente a repetir para si mesmo:

"Ah, se eu me arrepiasse! Ah, se eu me arrepiasse!"Atrás dele ia um motorista que ouviu aquilo e

perguntou:

"Quem é você?"

"Não sei," respondeu o rapaz.

O motorista perguntou em seguida:

"De onde vem você?"

"Não sei."

"Quem é seu pai?"

"Isso não pode dizer."

"O que você sussurra constantemente pelo caminho afora?"

"Ah," respondeu o rapaz, "quero poder me arrepiar, mas, ninguém consegue me ensinar a sentir

isso."

"Larga esse palavrório bobo." Disse o motorista fale, "Venha comigo, quero ver se arranjo

abrigo para você."

O rapaz foi com o motorista e, à noite, eles chegaram a uma pousada onde eles puderam dormir.

Então, ele falou bem alto, novamente, ao entrar no quarto:

"Ah, se eu me arrepiasse! Ahhh, se eu me arrepiasse!"

O proprietário da pousada ouviu isso, riu, e falou:

"Se você tem prazer em saber o que é isso, aqui provavelmente você terá sua chance."

"Oh, nem fale", disse a mulher do anfitrião, "quantos curiosos já perderam suas vidas ou até

prejudicaram seus belos olhos, pois, nunca mais puderam ver a luz dos dias que se seguiram."

Mas, o rapaz disse:

"Ainda que seja muito difícil, quero aprender de uma vez."

Ele não deixou o proprietário em paz, até que este lhe contou que, não longe dali, havia um

castelo amaldiçoado, onde qualquer poderia aprender o que é o sentimento do arrepio, desde

que ficasse lá por três noites. O rei daria a mão de sua filha, a moça mais bela que o Sol

já iluminou, a quem ousasse passar lá as tais três noites. No castelo havia, também, grandes

riquezas guardadas por espíritos malignos que zanzavam por lá, livremente, e poderiam tornar

um pobre bastante rico. Então, na manhã seguinte, o rapaz apresentou-se ao rei e disse:

"Se permitido fosse, então, eu gostaria de passar três noites no castelo amaldiçoado."

O rei observou-o e, como se simpatizou com ele, disse:"Você pode pedir, ainda, três coisas

diferentes, mas, coisas sem vida e, com elas, você será recebido no castelo."E ele respondeu:

"Sendo assim, peço um fogo, um torno mecânico e uma bancada com faca." O rei mandou que

levassem tudo para ele, durante o dia, no castelo. Como a noite estava chegando, o rapaz

subiu, acendeu um bom fogo em um dos quartos, pôs bancada com a faca ao lado dele e

assentou-se no torno mecânico.

"Ah, se eu me arrepiasse! Ah, se eu me arrepiasse!" Disse ele, "mas, aqui também, não vou aprender isso." À meia-noite, ele quis avivar o fogo mais uma vez, novamente, e, enquanto o soprava, algo guinchou num canto: "Au, miau! Oh, que frio!""Seu bobo", disse ele, "por quê chiar desse jeito? Se estiver com frio, ponha-se perto da lareira e se aqueça."E, mal acabou de falar, dois grandes gatos pretos deram um grande salto e se puseram junto dele, um de cada lado, e o olharam com selvageria, cravando seus olhos de fogo nele. Mas, depois de um certo tempo, como eles tinham se aquecido, eles falaram:"Camarada, vamos jogar baralho?""Por quê não?" Respondeu ele, "mas, antes disso, mostrem as suas patas!"Então, eles puseram suas garras para fora."Oh," disse ele, "você estão com as unhas muito grandes! Esperem aí, vou cortá-las para vocês."Em seguida, pegou-os pelo pescoço, colocou-os sobre a bancada de corte e amarrou suas patas bem firme."Depois de ver os dedos de vocês, perdi a vontade de jogar baralho." Matou-os e lançou-os n água. Mas, quando ele acabou de silenciar os dois, vieram de todos os cantos gatos pretos e cães pretos lá gatos pretos e cachorros pretos, de gargantas ardentes, cada vez mais e mais, de tal modo que ele não podia mais se salvar. Então, ele gritou para que eles ficassem em silêncio, mas, como eles o deixaram muito nervoso, ele pegou sua faca e gritou:"Pra fora, seus imundos!"E espetava a pele de cada um que dele se aproximava. Uma parte deles caiu fora e a outra parte que ele matou, ele jogou-a na lagoa. Quando ele voltou, a lareira só tinha uma faísca e ele assoprou-a e aqueceu-se. E, assim, seus olhos não quiseram mais ficar abertos e ele quis ter um prazeroso sono.Então, olhou em torno de si e viu uma cama grande."Esta está boa mesmo pra mim"Disse ele, e deitou-se nela. Mas, quando ele quis fechar os olhos, a cama começou a mover-se e a rodar por todo o castelo."Oh, coisa boa," disse ele, "vai melhorar."A cama seguiu sua rota, como se estivesse sendo puxada por seis cavalos, pelos umbrais e escadas, para cima e para baixo. De repente, tudo caiu de uma vez sobre ele, do ínfimo ao mais alto, como uma montanha. Mas ele lançou mantas e travesseiros para o alto, ergueu-se e disse:"Agora, viaje quem quiser", deitou-se perto da lareira e dormiu até que veio o dia. Pela manhã, chegou o rei e, vendo-o deitado no chão, pensou que ele estaria morto. Então, ele falou:"Que pena, era uma bela criatura!"Quando o rapaz ouviu aquilo, endireitou-se e disse:"Tão longe, assim, ele ainda não está!" O rei ficou surpreso, mas, alegre, perguntou-lhe como tinha passado."Muito bem," respondeu ele, "uma noite foi contornada, as duas outras também serão."Quando ele chegou até ao estaleiro, este arregalou os olhos."Eu não pensei que o veria, novamente, ainda com vida. Agora você já aprendeu o que é sentir arrepio?""Não, disse ele, foi tudo em vão. Se pelo menos pudesse me contar como é isso..."Na segunda noite, ele subiu até o velho castelo, pôs-se perto da lareira e cantou sua antiga ladainha:"Ah, se eu me arrepiasse!Como a meia-noite se aproximava, ele ouviu um barulho e um estrondo, primeiro de leve e, em seguida, cada vez mais forte. Então, apareceu um anão gritando alto, descendo pela chaminé e caiu perto dele."Epa!", exclamou ele, "ora, é apenas um anão, isso é muito pouco". Então, o barulho recomeçou, uivos e gritos e, ao mesmo tempo, apareceu o outro anão."Espere," disse ele," primeiro, eu quero soprar o fogo um pouco para você". Quando ele acabou de fazer isso, deu uma olhadela em volta e viu que os dois pequeninos haviam se fundido e um homem horroroso assentou-se no seu lugar."Isso está fora do acordo", disse o rapaz, "o banco é meu".O homem quis afastá-lo, mas o rapaz não gostou, empurrou-o com toda força e assentou-se novamente no seu lugar. Em seguida, desceram mais homens ainda, um depois do outro, e trouxeram nove ossadas de pernas e dois crânios. O rapaz recebeu-os com prazer e perguntou:"Escuta, posso participar?""Se você tiver numerário, sim!""Tenho dinheiro suficiente," respondeu ele, mas suas bolas não estão bem arredondadas". Ele pegou os crânios, levou-os ao torno mecânico e os arredondou bem."Assim, agora elas vão rolar bem melhor," disse ele, " ah, agora dá prazer de jogar!" Ele jogou com eles e perdeu algum dinheiro, porém, quando bateram duas horas da madruga, todos eles sumiram dos seus olhos. Ele deitou-se e dormiu calmamente. Pela manhã, voltou o rei e quis interrogá-lo."Como passou você desta vez?""Joguei boliche," disse ele, e perdi alguns trocados.""Não sentiu nenhum arrepio?""O quê?", exclamou ele, prazer até que eu tive. Mas, se eu pelo menos soubesse o que é ter arrepio..."Na terceira noite, ele assentou-se novamente em seu banco falou muito mal-humorado:"Ah, se eu me arrepiasse!"Quando chegou a calada da noite, seis homens grandes vieram e trouxeram um caixão. Então, ele falou:"Ah, ah, com certeza, este é o meu pequeno primo que já morreu há alguns dias."Acenou com o dedo e disse:"Venha, priminho, venha!"Eles puseram a urna mortuária, e ele se aproximou dela e levantou a sua tampa e viu dentro dela um homem morto.Ele tocou-o em seu rosto, e sentiu que estava frio como gelo. "Espere," disse ele, "vou aquecê-lo um pouco.Foi até à lareira, esquentou suas mãos e colocou-as sobre o rosto do cadáver, mas, ele permaneceu frio. Então, ele tirou-o para fora, colocou-o em frente à lareira e esfregou seus braços, querendo que o sangue voltasse a circular nele. Como isso, também, não ajudou nada, ele pensou:"Se dois se ajuntam na cama, eles se aquecem."Trouxe-o para a cama, cobriu-o bem e pôs-se ao lado dele. Depois de algum tempo, o morto já estava quente e começou a se mexer. Então, disse o rapaz:"Veja, priminho, não é que?"Mas, o falecido ergueu-se e disse:"Agora, eu vou estrangular você.""O quê?", ele disse, "é assim que você agradece? Você tem que voltar logo pro seu caixão!"Agarrou-o e lançou-o para dentro e fechou a tampa do caixão. Aí, vieram os seis homens e levaram-no de volta para fora."Não sinto nenhum arrepio," ele disse, "aqui, não aprenderia nada, a vida inteira."Nesse momento, entrou lá um homem que era maior que os outros e tinha um olhar de furioso; porém, ele era velho e tinha uma longa barba branca. "Ah, você, seu desgraçado," respondeu-lhe o velho," agora, você vai aprender logo o que é arrepiar-se, pois, você vai morrer.""Não tão cedo assim," respondeu o rapaz, "para morrer, tenho muito que ainda viver.""Vou lhe pegar já!" Disse o monstro."Calma, calma, não seja tão soberbo. Sou tão forte quanto você, também.""É o que veremos. Se você for tão forte quanto eu; deixarei que você se vá. Venha, vamos provar isso." Então, ele o seguiu por um caminho escuro que os levou até uma ferraria. Ele pegou um machado e, com um só golpe, afundou uma bigorna no chão."Nisso aí eu sou bem melhor."Disse o rapaz e foi para a segunda bigorna. O velho colocou-se bem perto dele e, tanto quis ver que sua barba se estendeu pelo chão. O rapaz pegou o machado e afundou a bigorna, mais a barba do velho, no chão. "Agora, eu é quem lhe digo," disse o rapaz, "a morte está chegando é para você!"Assim, apanhou um cabo de aço e bateu no velho, até fazê-lo chorar e implorar para que ele parasse. Em troca, ele lhe daria grandes riquezas. O rapaz puxou o machado do chão e libertou-o. O velho conduziu-o de volta ao castelo e mostrou para ele um porão com três canastrões cheios de ouro."Uma parte de tudo isso é dos pobres, outra parte é do rei e a outra é sua." Disse ele.Foi quando bateu meia-noite e o velho desapareceu. Pela manhã, veio o rei e afirmou:"Agora, você aprendeu o que o sentimento do arrepio!" – "Não", ele respondeu, "é somente isso? Meu primo morto estava lá e, então, chegou um homem barbudo que me mostrou muito dinheiro, mas, nada me disse sobre arrepio."Então, disse o rei: "Você resgatou o castelo e pode se casar com minha filha." Assim, o ouro foi trazido para cima e o casamento celebrado, mas o jovem rei , mesmo gozando do afeto da sua esposa e estando muito feliz, sempre dizia:"Ah, se eu me arrepiasse! Ah, se eu me arrepiasse!"Finalmente, ela se preocupou com isso. Sua camareira disse:"Eu vou trazer ajuda para que ele aprenda logo o que é arrepiar-se."Ela foi até o riacho o riacho que passava pelo jardim e encheu um balde inteiro de água com piabinhas. À noite, quando o jovem rei dormiu, sua esposa teve que descobri-lo e entornar todo o balde de água fria com as piabinhas sobre ele, de modo que os peixinhos ficaram saltitando sobre o seu corpo todo."Oh, o que é isso que me faz arrepiar tanto, querida mulher! Hummm..., agora eu sei o que é sentir arrepios."
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