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Poesias-->AVENIDA DAS PALMEIRAS -- 30/10/2005 - 19:36 (João Ferreira) |
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AVENIDA DAS PALMEIRAS
Jan Muá
30 de outubro de 2005
Lá onde os deuses marcam seus concílios
Há uma avenida de palmeiras imperiais
Aberta para a amplidão do mundo
Com a lua e as estrelas longínquas
Brilhando intensamente como rainhas da festa
Lá, a distancia se dilui
O céu ganha um cariz de ternura
Os olhos viram sentinelas examinadoras
Os carros fluem sem agressividade
E dopadas pelo ambiente as palmeiras tornam-se marcos
Na tecelagem do mistério da distância
É a noite que coordena todos os movimentos
E por isso só ela disciplina a linguagem
Que nasce no bojo do nada e do tudo
Na ansiosa caminhada telúrica
Onde as almas peregrinam em noites humanizadas
No estado caminhante as pessoas tornam-se prisioneiras
do que não conhecem e movem-se telepatas
Pelas bordas envolventes da sombra
Dominadas pela tecelagem do relógio que as segura
Na monocórdica escuridão do chão
Na avenida da noite os pés perdem segurança
E por caminhos umbrosos a alma viaja e vagueia
Como se pela caverna platônica desfilasse
Lá longe perfilam-se tênues fios de luz
A criar as cores de um tapete persa
Sem que possam impedir que a dominação global
Seja da treva suavizada por tênues colares de Apolo
Senhora do tempo a noite governa a vida e a morte
E cria territórios abertos ás musas
Para que a alma embora subjugada
Possa sentir-se divina na ritualização do mistério
E teça poemas e cânticos ao oco da abóbada
Nas barbas das palmeiras da avenida
Já crescidas e barrigudas
Adensando o mistério, a noite se detém diante
De cada palmeira
Solene, ela pára e saúda todas as barrigas expostas
Homenageando a vida exuberante que brota do seio da terra
Nos circuitos da Natureza
De alma atenta aos sinais claros que fazem sentido no seio do mundo!
Jan Muá
30 de outubro de 2005
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