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Artigos-->FERNANDO PESSOA, AUTOR EM INGLÊS -- 08/02/2001 - 02:01 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


FERNANDO PESSOA, AUTOR EM INGLÊS







João Ferreira

8 de fevereiro de 2001





Além dos textos publicados pelas Edições Ática de Lisboa, o estudioso de Fernando Pessoa dispunha, até agora, de três principais edições consideradas globais ou abrangentes. A primeira delas era a da Editora Nova Aguilar do Rio de Janeiro, em dois volumes: Obra Poética, em um volume (seleção, organização e notas de Maria Aliete Galhoz, cronologia de João Gaspar Simões e introdução de Nelly Novaes Coelho,1960) e Obras em Prosa (organização, introdução e notas de Cleonice Berardinelli, 1974).

A segunda edição global deu-se a partir de 1985, graças à iniciativa das Publicações Europa-América, de Lisboa, que lançaram, na série “Livros de bolso Europa-América”, a Obra Poética de Fernando Pessoa, com introdução, organização e biobibliografia de António Quadros. Nesta edição, o poema Mensagem abriu a edição da Obra Poética, cabendo-lhe o número 435 do catálogo da Editora. Foi continuada em seguida pelos números 436 (Poesia-I), 437(Poesia II), 438 (Poesia III), 439 (poemas de Alberto Caeiro), 440 (Odes de Ricardo Reis), 441 (Poesias de Álvaro de Campos). A partir de 1986, com o n. 466 foram publicados os Escritos Íntimos. Cartas e Páginas Autobiográficas, com introdução, organização e notas de António Quadros. Em seguida apareceu a Obra em Prosa com o n. 467 (Textos de Intervenção social e cultural), 468 (Livro do Desassossego 1), 469 (Livro do Desassossego 2), 470 (Ficção e Teatro), 471 (A Procura da Verdade Oculta), 472 (Portugal, Sebastianismo e Quinto Império), 473 ( Páginas de Pensamento Político 1), e 474 (Páginas de Pensamento Político 2), todos com prefácios, introdução, notas e organização de António Quadros.

Coincidindo com uma maior internacionalização da obra de Fernando Pessoa , a Editora Lello & Irmão Editores do Porto, Portugal, promoveu, a partir de 1986, edição conjunta da Obra Poética e em Prosa, em três volumes, num total de 4.065 páginas, com introduções, organização, biobibliografia e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa para o I volume (Poesia ortônima e heterônima) e de António Quadros para o II (Prosa 1) e III (Prosa 2) volumes. Foi a terceira edição global da obra de Fernando Pessoa em língua portuguesa.

A cumprir um papel complementar a par das edições globais, foi publicado o volume Pessoa Inédito, iniciativa dos Livros Horizonte. É o resultado do trabalho de vinte pesquisadores do Instituto de Estudos sobre o Modernismo, de Lisboa, sob a coordenação de Teresa Rita Lopes. Trata-se de um volume de 439 pp, com dados novos tirados da correspondência e de textos não publicados de Fernando Pessoa. Esses textos dizem-nos o que Pessoa pensava sobre o quotidiano, dá-nos detalhes sobre alguns heterônimos, revelam-nos poemas ingleses não assinados, dizem-nos sobre a vida de tradutor de Fernando Pessoa, sobre sua concepção da Língua Portuguesa como Pátria, trazem novas reflexões sobre Sebastianismo e Quinto-Império, sobre arte, paganismo, nacionalismo cosmopolita, cultura cosmopolita, arte literária e crítica literária, conceitos políticos sobre república, filosofia e ciência, contos filosóficos e esotéricos, etc.

Lançada pela mesma Editora Livros Horizonte, de Lisboa, que publicou Pessoa Inédito, aparece agora o volume Poesia Inglesa. Trata-se de uma edição bilíngue que permite consulta e pesquisa tranqüila para quem domina os dois idiomas ou até para quem entende apenas um. É um trabalho meritório de Luísa Freire, que se encarregou da organização, tradução e notas da edição. Embora, segundo a organizadora, a edição não pretenda ser crítica, o simples fato de se fazer uma apresentação bilíngue da poesia inglesa pessoana mais significativa, com o original inglês de um lado e a versão em português do outro, é já um trabalho meritório.

Dos duzentos e cinqüenta poemas que esta obra contém, cem são inéditos. E muitos dos que já foram editados são aqui traduzidos pela primeira vez.

Segundo observações autorizadas de Teresa Rita Lopes, foi em língua inglesa que o pensamento de Fernando Pessoa e a sua inspiração abriram verdadeiramente as asas. Tem um significado especial saber que a Poesia Inglesa foi a parte da obra que Pessoa mais cuidou. Ainda em vida, publicou e organizou, para publicação, uma boa parte dessa poesia. Com esta edição de Livros Horizonte, as coisas mudam. Até agora, tínhamos apenas uma visão fragmentária da produção pessoana em inglês. A partir da edição presente teremos meios para passarmos a fazer uma idéia conjunta da mesma, assim como avaliá-la cultural e esteticamente.

Em relação à cronologia de produção, sabemos que os poemas em língua inglesa foram compostos entre 1901, quando Pessoa tinha 13 anos e1935, ano da morte do Poeta.

O conteúdo está distribuído por partes.

Na primeira parte, apresentam-se os poemas datados e subscritos pelo heterônimo Alexander Search (de 1904,1905,1906,1907,1908 e 1909); em seguida, vêm alguns poemas do mesmo heterônimo, não datados.

A segunda parte é ocupada pelos 35 Sonnets(1910-1918) Epithalamium (1913), Antinous (1915) e Inscriptions(1920) .

A terceira parte é composta pelo longo poema Rabequista Mágico(The Mad Fidler), de pp. 317 a 442, estruturado em oito quadros (O Rabequista Mágico(The Mad Fidler); O Lago Espelhado(The Shining Pool), A Escolha Errada(The Wrong Choice);Quatro Lamentos(Four Sorrows);Jardim Febril(Fever-Garden),Canções após o Sono(Songs after Slumber), O Facho Tombado (The Dropped Torch) e o Labirinto (The Labyrinth) desdobrados, por sua vez, em 53 mini-poemas.

A quarta parte consta de Dispersos (poemas compostos por Pessoa entre 1914 e 1935), excepção feita para o primeiro poema que é de 1901.

O que desejaríamos salientar é que esta edição da Poesia Inglesa de Fernando Pessoa, além de concorrer para uma maior internacionalização do Poeta sem intermediários, alarga também seu âmbito de leitura, por oferecer, em inglês original, o texto dos 35 Sonnets, de Epithalamium e de outros poemas Além de ser um poeta excepcionalmente dotado que se sentia bem na sua Pátria que era a Língua Portuguesa, sabemos agora que ao criar o heterônimo Alexander Search(que apresenta como nascido em Lisboa), estabelecia ao mesmo tempo uma ponte íntima para a expressão lingüística em inglês que nele era forte vestígio de uma infância e adolescência em Durban, na África do Sul. Alexandre Search representa, por isso, aquele mundo que veste Pessoa de “português à inglesa”, como expressivamente disse num verso inédito.



João Ferreira

Universidade Católica de Brasília





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