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Textos_Religiosos-->EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS 2 -- 03/03/2005 - 04:38 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER













EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS — 2












Grupo dos Discípulos Fiéis

Professor Epaminondas





















ÍNDICE


Os arreios dourados ...................................
1. O poder do título .....................................
2. Aspirando à verdade ...................................
3. Laparoscopia ..........................................
4. Liberdade sem litígio .................................
5. Contas acertadas ......................................
6. Um leão no deserto ....................................
7. O caramujo ............................................
8. Um ato de cortesia ....................................
9. Com calma e com paciência .............................
10. Sem tiros no escuro ...................................
11. Uma questão de ponto de vista .........................
12. Sem sangue nem veias ..................................
13. Quiméricas conquistas .................................
14. As lentes de aumento ..................................
15. Conjugação de forças ..................................
16. Belerofonte ...........................................
17. Flores de seda ........................................
18. Estudos proveitosos ...................................
19. Religião sem fé .......................................
20. Modesta contribuição ..................................
21. Do controle das emoções ...............................
22. Paciência e resignação ................................
23. Rispidez necessária ...................................
24. Piparotes de amor .....................................
25. Um serviçal atencioso .................................
26. Não existe perda de tempo .............................
27. Recursos extremos .....................................
28. Por amor e simpatia ...................................
29. Remendo glorioso ......................................
30. Exercícios espirituais ................................
31. Repositório de fé .....................................
32. Sem inquinamentos .....................................
33. Entorna-se a água .....................................




OS ARREIOS DOURADOS

Seria injusto comparar este trabalho obrigatório com a expressão com que encimamos o nosso preâmbulo?
Certamente, muito embora, tenhamos gratíssima satisfação de servir aos irmãos, em quaisquer esferas se situem.
Então, é preciso distinguir desde logo o grau de aproveitamento dos emissores daquele dos receptores. Se bem que julguemos que o nosso esforço haverá de redundar em favor dos encarnados, cumpre-nos esclarecer que nós mesmos ganhamos muito com estas exposições.
E não poderia ser diferente, já que exige pesquisa, reflexão, elaboração, discussão, acabamento e transmissão. No decurso deste período de aprendizado, vamos acumulando muitos conhecimentos novos, úteis para a fase subseqüente do programa que teremos de perfazer se quisermos obter o diploma de socorristas.
Caracterizada a turma como pertencente à Escolinha de Evangelização, sob o comando enérgico e inteligente do Professor Epaminondas, velho conhecido dos amigos terrenos, designamo-nos com o nome de Grupo dos Discípulos Fiéis.
O mais iremos demonstrar nos textos que planejamos e que pretendemos doar aos leitores, sem que assumam nenhum compromisso, a não ser o da apreciação íntima, pelas provocações que irão receber.
Fiquemos todos nas puríssimas mãos de Jesus!
Graças a Deus!
06.05.02



1. O PODER DO TÍTULO

Não esperávamos estar tão depressa perante o público encarnado. Não se passaram nem três anos desde o início de nossos estudos e já nos vemos nesta condição de suprema benemerência divina, que é como vemos a responsabilidade de redigir mensagens de apoio fraterno na aquisição das imprescindíveis virtudes para a formação espiritual de quem deve ascender a círculos mais adiantados.
Éramos grupo bastante heterogêneo e precisamos batalhar decisivamente para tornar todos os membros aptos ao mesmo padrão vibratório, o que nos forçou a inúmeros sacrifícios de opinião. Foi o nosso mestre atual quem nos dispensou os melhores conselhos, orientando-nos na configuração e na consecução dos objetivos de adaptação à realidade.
Este breve histórico deverá servir para acender o desejo de saber como é que as lutas se travam em âmbito meramente conceptual, já que há a necessidade de se evitarem tumultos, que apenas gerariam discórdias e malquerenças, quando o que nos move na colônia é o ideário espírita, conforme se registrou nas obras de Kardec, ou seja, o máximo de conhecimento intelectual, com um mínimo de desgaste emocional.
Além do mais, precisamos avaliar-nos no desempenho de todas as funções relativas à compreensão dos companheiros, trocando constantemente de posto uns com os outros, passando de crítico voraz a empertigado alvo das observações alheias. A facilidade maior ou menor com que aceitávamos as análises é que definiam o tom da personalidade, em ambas as situações, ou seja, quando púnhamos atenção nos defeitos e qualidades dos demais e quando éramos contemplados com comentários mais ou menos judiciosos.
Quando pensávamos que estávamos exarando juízos acabados a respeito deste ou aquele, logo nos apontavam os defeitos da apreciação; quando, finalmente, chegamos ao ponto de saturação, achando que por tudo havíamos passado ou feito os demais passarem, logo nos estimulavam para outros tópicos da estrutura moral ou da formação psíquica, começando tudo de novo, o que nos punha alerta quanto à possibilidade de alguém se sentir diminuído e buscar atividades menos contundentes.
Felizmente, conseguimos contornar todas as depressões psicológicas, estabelecendo por princípio que todos somos filhos de Deus e todos temos, portanto, os mesmos elementos constitutivos da criação.

Quanto ao título desta primeira incursão mediúnica, temos a dizer que ao leitor será necessário adquirir o hábito de não se importar com o aparato inicial, porque o conteúdo do texto sempre poderá surpreendê-lo. Quem se sente atraído pelo rótulo, pela capa, pelo invólucro, peca por supor que todos os desenvolvimentos são gerados segundo o mesmo arcabouço que dariam às suas próprias composições.
Em suma, a surpresa que se espera, tendo em vista o anúncio da tabuleta, pode revelar as ânsias das descobertas ou a conformação do aparato mental voltado para círculo de idéias ainda muito estreito. Pense nisto.
Plínio.



2. ASPIRANDO À VERDADE

Tal como os encarnados, também nós, no etéreo, ficamos na expectativa do que virá depois; eles, desejosos de saber como serão recepcionados após a morte; nós, esperançosos de sermos logo avaliados como capazes de freqüentar círculo existencial mais adiantado.
Não é por outro motivo que nos dedicamos tanto às tarefas que nos são determinadas pelos mentores, crentes de que nunca mais iremos caminhar sozinhos em busca da perfeição. Quando formamos grupo de estudos, amparamo-nos mutuamente, de sorte que os vínculos afetivos com outras criaturas acabam quedando em segundo plano, seja para agradecimentos efusivos aos que nos agasalharam e nos protegeram, seja para buscarmos atender aos necessitados que ficaram para trás e que, um dia, despertaram a nossa benquerença.
Desta forma, também analisamos profundamente os elos amorosos, procurando caracterizar o que de eterno ou de fugaz existiu nas relações mais íntimas ou familiares. Através deste perpassar intelectual pelas emoções, ou melhor, pela capacidade de sentir de modo a representar a manutenção dos elos pontos de fraqueza ou de força, é que vamos adquirindo consciência dos valores em jogo dentro do domínio das freqüências emotivas.
Eis que definimos o que entendemos por aspiração à verdade, que mais não é do que o ardente desejo de nos assenhorearmos da zona psíquica dos sentimentos, não para controlá-los ou direcioná-los através da vontade, mas para conhecê-los e aperfeiçoá-los.
Quem sofreu a desdita das decepções ou frustrações sentimentais, passou por momentos de angústia e dor. Muitas vezes, os jovens se rebelam e se vingam, causando dissabores de todo tipo a quem lhes deu motivos de vertigem no campo dos aborrecimentos amorosos. E se não agirem dessa forma agressiva, vão passar por covardes, não pela acusação social (o que também ocorre), mas principalmente perante seu amor-próprio.
Quando superam as crises sem violência para com seus desafetos ou contra si mesmos, compreendendo que a melhor forma de demonstrar seu amor é perdoando, também despertam os circunstantes para a desconfiança de que não têm suficiente coragem de enfrentar as turbulências psíquicas da raiva e do ódio.
Nas mesmas condições, se estão na meia-idade, o perdão vai revelar que são equilibrados, que possuem sentimentos harmoniosos, que sabem conduzir-se dentro das hostilidades, com sensatez e prudência. Receberão o epíteto de adultos, de maduros, de indivíduos responsáveis pela manutenção de um clima pacífico dentro do setor social em que atuam.
Homens velhos que se vêem abandonados por esposas jovens e que se mantêm calmos, ajuizando que as aspirações dos mais novos são diferentes das deles, passam por sábios, por santos, por iluminados.
A mesma situação, a mesma reação, porém, diferentes repercussões.
Eis que satisfizemos a necessidade de exemplificar as mudanças por que passam as criaturas durante a vida. É dessa mesma forma que reagimos nós, aceitando perdoar com desenvoltura juvenil, esforçando-nos por permanecer imperturbáveis depois de termos aprendido os valores cristãos, assimilando as lições dadas pelo Cristo, em seu excelso sacrifício em nome da verdade, quando terminamos a fase dos estudos e começamos a trabalhar em benefício dos necessitados.
Fiquemos em paz!
Clodomiro.



3. LAPAROSCOPIA

Nem sempre os grupos se decidem por organizar os textos mediúnicos em conjunto. O nosso optou por colocar o nome do autor ao final, porque todos nós teremos a liberdade de expender algumas idéias pessoais, como intuições que só se dão verdadeiramente no íntimo de cada um. Os trabalhos individuais têm a vantagem da originalidade, muito embora não possamos afiançar que serão vertidos para o campo magnético dos humanos com total pureza estilística, dado que, primeiro, devem ser aprovados pela classe e pelo instrutor e, depois, terão de ser dimensionados para caber nos limites lingüísticos de domínio do médium.
— E que tem de ver o nosso título com este desenvolvimento?
Se laparoscopia significa exame endoscópico da cavidade abdominal e de seu conteúdo, realizado sob anestesia geral e após insuflação do abdome com um gás inerte (geralmente protóxico de nitrogênio), segundo um dicionário ; ou visualização do interior da cavidade abdominal mediante o uso do laparoscópio, que é introduzido através da parede abdominal anterior; o mesmo que abdominoscopia, segundo outro , teremos que criar um contexto adequado em que caiba figuradamente o vocábulo?
O que estamos fazendo, no entanto, realmente, é demonstrar como o mesmo procedimento médico pode receber definições diferentes quanto à construção das orações e o uso do léxico, conservando, contudo, o significado mais ou menos incólume. No caso acima, podemos notar que cada verbete elege tópicos próprios, dando configuração personalizada ao texto, o que não impediu os dicionaristas de colocarem informações periféricas, para maior compreensibilidade ao objeto de sua atenção.
Aproveitando a idéia laparoscópica, vamos enfatizar a necessidade de se proceder ao exame interno de cada comunicação, de forma rigorosa e profunda, sempre fazendo corresponder os pensamentos aos que se registram nas obras da codificação de Kardec.
— Quer dizer, em outras palavras, que toda a doutrina se condensou naquelas cinco obras iniciais do Espiritismo?
Eis uma preocupação que devem ter quantos se derem ao trabalho de ler e examinar os documentos mais recentes, porque (parece-nos óbvio) não é possível que tudo se contenha em apenas cinco obras. Com certeza, nelas está o principal, o fundamental, o essencial, mas não tudo. Aliás, a idéia ali desenvolvida da contínua evolução dos seres, inclusive humanos, está a referendar a nossa colocação, já que, para tornar-se perfeito, o indivíduo sempre haverá de deixar-se contaminar pelas verdades que lhe fugiam um instante antes.
— Estamos sentindo este desenvolvimento como proveniente da necessidade de apontar certas falhas nas mensagens anteriores. Estamos certos?
Não inteiramente. Conforme dissemos, os textos passam pelo crivo da turma e do professor, que não permitiriam falhas conceptuais grosseiras. Se algo não está absolutamente correto, é natural que o deixemos passar para discussões posteriores, abrindo mão de criticar os pontos de vista pessoais, para facultar aos leitores o exame, numa espécie de exercício utilíssimo para que se preparem para os debates que enfrentarão nas colônias em que se alojarão para progredir.
— Se o texto está sob a responsabilidade daquele que o assina, por que o uso da primeira pessoa do plural?
Elementar, meu caro: é mero sinal de modéstia e para fugir o máximo possível daquele desejo quase incoercível de aplicarmos na escrita o sinete de nossa distinção. Não é verdade que já dissemos que o entrosamento dos espíritos, a partir de certo momento, é imprescindível para a melhoria total das personalidades?
Esperem para ver!
Leocádio.



4. LIBERDADE SEM LITÍGIO

Uma das maiores aspirações da humanidade é sentir-se liberta de todas as pressões, já que, a partir de certa conscientização do livre-arbítrio e do poder de elaboração e consecução de projetos de vida, a pessoa passa a querer ter domínio absoluto sobre seu destino.
Ora, já se tem dito por toda a parte que a liberdade do indivíduo se limita pela liberdade do semelhante, o que, de certo modo, restringe a capacidade de realização de cada um.
Todos sabemos que pelo mundo grassam disputas e guerras de toda natureza, armando-se as facções para a conquista de supostos direitos desrespeitados. Isto ocorre também, com muita freqüência, no âmbito familiar, no trabalho, na sociedade em geral.
Mas nós não estamos vindo para descrever o que se passa na crosta; estamos vindo para revelar que, entre os do etéreo, junto aos que convivem nesta esfera, dentro da colônia espiritual, também existe o desejo de liberdade, mas com prisma muito diferente daquele humano, porque a aspiração do povo daqui se concentra em conseguir encaixar-se nos grupos de trabalho que partem para a assistência aos necessitados.
Então, ser livre, para o espírito de nossa condição moral e intelectual, é poder oferecer-se sem peias, sem preocupações, sem limitações de conhecimentos e de habilidades, aos organizadores das excursões ao campo onde atuam os encarnados ou às zonas umbralinas. Os grupos se formam e muitos são preteridos. Se fosse na Terra, criar-se-iam dissidências, invejas, ciúmes, rancores, desejos de revide etc. Aqui, todos recebemos as explicações a respeito dos impedimentos, de sorte a favorecer a eliminação dos defeitos, das falhas, das lacunas.
Quando somos aceitos, regozijamo-nos e logo nos organizamos para auxiliar os parceiros que não obtiveram alvará. Assim, vamos adquirindo o sentimento de liberdade, a ponto de nos impulsionarmos decididamente para frente, adquirindo mais discernimento, aprendendo a conhecer-nos à perfeição.
Ao imaginarmos os irmãos de luz em seus círculos mais felizes, logo nos assalta a questão relativa à atuação deles em plena liberdade, se, cada vez mais, estão compenetrados dos ensinamentos doutrinários e da responsabilidade gregária. Não compreendemos como é que podem agir levados pela força de seu desenvolvido livre-arbítrio, se tudo devem realizar conforme as leis supremas da criação. Aí, somos obrigados a concluir que eles não possuem a liberdade da escolha, mas a liberdade da ação, dentro dos parâmetros estabelecidos para as elevadas tarefas de que estão sendo investidos.
O que estamos tentando demonstrar é a rarefação da vontade individual, à proporção que cresce o sentimento da responsabilidade. O que estamos tentando deixar claro é o fator do egocentrismo estar cada vez mais tênue, anulando-se em planos superiores, para só existir a consciência do bem, da verdade, da justiça, do trabalho e do amor.
Não estamos trazendo nada de novo, a não ser quanto ao escalonamento da aquisição dessas virtudes. O mais é totalmente inteligível e se encontra registrado nas obras básicas do Espiritismo.
Larissa.



5. CONTAS ACERTADAS

Tudo parece muito harmonioso neste nosso mundo de estudos e trabalhos ou, ao menos, os textos tendem a deixar essa impressão. No entanto, temos saldos de antigos débitos para pagar, só deixados em suspenso pela divina misericórdia da procrastinação, em virtude de variadas condições dos credores.
Somente depois de acertarmos as contas, todas elas, ainda que apenas pela compreensão de que as temos, caso diminutas, é que poderemos progredir na escala espírita. Pode parecer retrogradação, já que estamos cientes de que a carência existe e dos meios de superar os traumas antigos, mas somente o perdão das dívidas pela consciência, e isso inclui necessariamente o ato de seu peditório, quase sempre simbólico, já que endereçado em forma de vibrações de caráter positivo aos adversários de outrora, é que nos aliviará o remorso de tê-las contraído.
Será que esqueceremos os rancores, os ódios, os graves momentos de fúria íntima ou exteriorizada que nos prendem à conjuntura da infelicidade presente? Certamente, não. Contudo, quanto tenhamos feito de errado se transformará em lições definitivas, dessas que se incrustam na personalidade e dela fazem parte dali por diante. Não teremos que sofrer mais, nem a lembrança dos defeitos nos trará desconforto. Ao contrário, serão pensamentos de alegria, porque nos darão a satisfação do dever cumprido e da virtude conquistada.
Não sabemos ainda mas somos capazes de intuir que, em esferas mais elevadas, todo o sistema acima descrito cai em completo esquecimento, por força das novas atribuições e responsabilidades, talvez até com deslizes de outra natureza, uma vez que ainda não seremos perfeitos. E o ciclo deverá ter andamento semelhante, com a vantagem de ser conhecida a fórmula da salvação.
Uma palavra aos encarnados. Enquanto o espírito estiver preso à carne, os liames são de forma a tornar a mente cada vez mais débil com o perpassar do tempo, pelo desgaste dos órgãos ou pela incapacidade física de restabelecimento completo. Pode parecer que os velhos perdem muitas oportunidades de resgatar os males praticados, ficando impossibilitados para a depuração moral. Tais reflexões com certeza ocorrerão uma hora ou outra durante a absorção dos cânones do ideário espírita. Então, é preciso que se assegurem os amigos de que qualquer bem praticado como qualquer arrependimento sedimentado no coração serão ressaltados na erraticidade, contando pontos a favor.
Finalmente, um texto como este nos dará bônus espirituais para crescermos em méritos, a nós que o elaboramos e aos leitores que se assenhorearem das verdades imanentes ou intuídas; a nós, por termos sido o mais possível honestos e justos na apreciação das teses, buscando levá-las aos amigos, sem a pretensão do perfeito, ou seja, de forma realista e ponderada; aos leitores, pela concepção criada de que o melhor dos mundos deve conter como norma o perdão e o amor aos semelhantes, ainda que exija humildade e bom senso.
Paulo.



6. UM LEÃO NO DESERTO

Nada mais desajustado do que um leão que se aventurasse a atravessar deserto de grande extensão. Apesar de leão e de todos os atributos, iria perecer, porque, se ele é rei, é o rei das estepes e savanas, onde impera glorioso. Na aridez das areias escaldantes, teria de sofrer a desdita das grandes decepções.
Eis que configuramos quadro bastante sugestivo para colocarmos os amigos espíritas em sua denodada luta para a divulgação do ideário de Kardec. Todavia, tal como o leão, com todos os méritos intelectuais e emocionais, não alcançariam sucesso junto à sociedade humana em geral. Por isso é que a maioria dos irmãos, consciente da falta de repercussão do discurso doutrinário, prefere trabalhar intramuros, nas casas criadas pelos pioneiros arrojados e empreendedores.
Consideradas as diferenças de ambientes, também nós estamos, mais ou menos, limitados em nossa atuação socorrista, já que a grande maioria sequer considera possível que exista ajuda desinteressada. Foram tantos os trancos e tantas as frustrações que o grau de desconfiança cresceu, assenhoreando-se dos espíritos, tornando-os descrentes em relação à própria misericórdia divina, quanto mais às intenções dos grupos de auxílio fraterno.
Tal como no orbe terrestre, muitos pensam em tirar proveito da ajuda prometida, buscando usufruir quanto possam as benesses e regalias menores das dores atenuadas e da fome mitigada. Se puderem, encostam, fazem-se atentos, mas não vão além disso. Se, por evidente razão de descrédito de que estejam sendo honestos, são colocados em xeque, preferem abandonar o recinto sagrado do centro que os acolheu, para não terem de sacrificar os hábitos desregrados ou a conduta corrompida.
Quer significar que vamos abandonar a liça? Quer dizer que o leão não poderá atrever-se no deserto?
Em absoluto. Apenas devemos revestir-nos dos devidos cuidados, apetrechando-nos com os adereços das virtudes, principalmente da paciência, e por amor ao próximo e ao Pai, refletindo o exemplo de Jesus, sob a custódia da inteligência de Kardec.
Não é assim que pensam os amigos?
Laura.



7. O CARAMUJO

Sem querer transformar estas dissertações em fábulas ou historietas infantis, vamos, mais uma vez, buscar uma comparação elucidativa no mundo animal.
Positivamente, todo aquele que se encastela em sua própria casa, sem lugar para mais ninguém, está tolhendo o próprio crescimento. Trata-se do egoísmo, que assoberba as almas e torna os corações pesarosos nos momentos de assimilação das verdades maiores do espiritismo. Quem se aquilata egocêntrico contumaz e se vê perante espíritos de sublime dádiva humanitária formula pensamentos funestos, capazes de exaltação da própria fórmula de alienação anteriormente aplicada, de sorte que o conforto do arrependimento tarda a dar-se.
Inopinadamente, esclarece o infeliz a sua condição com observar que não é guindado a regiões de maior felicidade. Só aí é que vê o quanto perdeu de oportunidades de melhoria. Um chamado tímido, uma lágrima honesta, um pedido sussurrado, qualquer manifestação de dor ou de sofrimento irá atrair quem possa dar-lhe lenitivo e indicar-lhe a melhor maneira de preparar-se para receber seu quinhão de benemerência, justamente aquela que se negou a oferecer aos demais.
Até vir a compreender a realidade do amor universal, irá ter de passar por fases agudas de comiseração própria, tão acostumado sempre esteve a considerar sua própria figura antes de qualquer outra. O sentimento do próximo, sua sensibilidade, sua necessidade são o passo seguinte, mas para isso terá de esclarecer-se quanto ao que representa cada indivíduo para o todo gregário de que participa.
Haverá necessidade de anos de angústia, até a salvação? Perfeitamente, como ainda reencarnações adequadas ao seu estado psíquico, já que deve integrar-se a algum grupo familiar ou turma de companheiros de apoio mútuo.
Também existem curas quase milagrosas, quando as pessoas desenvolvem paralelamente o intelecto, assenhoreando-se da complexidade da existência. Essa força mental induz o sujeito a considerar objetivamente a questão emocional, de forma que, bem antes de sofrer com a desdita do egoísmo, acrescida quase sempre do orgulho das conquistas escoteiras, recebe convite para ingressar em colônia, onde se aplicará aos estudos, como um bom aluno humano.
Conhecemos colônia em que, para cada egoísta resgatado, se edificava uma casa em forma de concha espiralada, simbolizando, para seus habitantes, a própria vitória sobre o tremendo defeito moral. Quando se formou um bairro inteiro, os dirigentes deram um basta às construções, limitando o tempo de permanência dos habitantes a pouco mais ou menos um ano, tempo suficiente para a absorção da virtude correspondente, ou seja, do espírito de solidariedade e fraternidade.
Transformando essa idéia concretizada em pura concepção doutrinária, recomendamos que os irmãos espíritas, sempre que adentrarem o sagrado recinto do centro que freqüentam, imaginem que estão sob um teto em forma de concha, lembrando-se da necessidade de perder a consciência do que significa tal impressão, através do trabalho em prol dos carentes de afeto e de bens materiais.
Plínio.



8. UM ATO DE CORTESIA

Muitos encarnados oram com fé extremada para alcançarem as chamadas graças. Nada a opor. No entanto, nós temos para conosco que melhor fariam se consagrassem aqueles fervorosos momentos à reflexão positiva do que estão deveras pedindo.
Fique claro que a solicitação da cura de determinadas moléstias, principalmente em pessoas da família, tem o seu mérito, já que se atribui à generosidade e à misericórdia do Senhor o poder de aplicar aqui e agora o que Jesus trouxe aos contemporâneos.
É preciso saber, contudo, que o Nazareno a nem todos curou, havendo escolhido alguns através de superior critério. A atenção com que ouvia as súplicas de quantos se reuniam a seus pés, com toda a certeza, lhe trazia a alma opressa, uma vez que não podia simplesmente anular o mal ou as moléstias da face da Terra.
Quanto aos espíritos que atendem aos homens, quase sempre se vêem de mãos atadas, quer pela incapacidade de exercer influência sobre a matéria, quer pela falta de recursos ou de conhecimentos para prodigalizarem, ao menos, um pouco de conforto moral. De qualquer forma, por uma questão de polidez e solidariedade, sempre se dispõem junto ao sofredores, insuflando-lhes mais coragem e determinação em aceitarem as condições específicas da encarnação terrena.
Textos como estes nossos geram, muitas vezes, desconfianças, porque desafiam a argúcia dos encarnados quanto a não se apresentarem codificados pelas normas vigentes no movimento espírita. São textos mais crus, muito embora jamais neguemos a verdade que a doutrina atesta relativamente ao poder dos espíritos superiores de curar. É que tais casos raramente obtêm comprovação científica, permanecendo o auxílio ignorado até do próprio paciente.
Quem deseja expandir as fronteiras do espiritismo é que se interessa por divulgar os êxitos obtidos nesta ou naquela casa, muitas vezes sem a cautela necessária para manter o grupo espiritual resguardado dos ataques que passarão a sofrer dos que se encherem de inveja e até de ódio. Há também quem queira projetar o nome, situando-se junto à constelação dos espíritas de maior mérito como estrela de primeira grandeza.
Esse pensamento, ou melhor, sentimento é que nos obriga a esmerar-nos na apresentação das mensagens como fruto ainda verdolengo, porque nos faltam qualidades para a elaboração de temas com maior tino e eficácia didática. É ato de pura cortesia aceitar-nos assim limitados, ainda mais se se aplicarem os leitores ao exame dos pareceres aqui exarados, com simpatia e confiança.
Fiquem nos braços amorosos de Jesus!
Maria.



9. COM CALMA E COM PACIÊNCIA

Muitos encarnados buscam conforto espiritual de forma açodada, impetuosa e intempestiva, como se tudo pudesse ser-lhes dado imediatamente, sem a contrapartida de seu esforço e de sua compreensão da humana lide.
Também nós, na erraticidade, quando vagamos perdidos para as noções doutrinárias, ainda que muitas vezes sabedores das teses e capazes de reproduzi-las de cor, procuramos o mesmo efeito miraculoso das solicitações, que temos como as mais justas e honestas.
No entanto, ao adentrarmos alguma colônia de aprendizado e trabalho, somos, desde logo, postos a par do fato de que tudo o que lograrmos aprender e incorporar à personalidade vai depender um por cento das exposições dos mestres e noventa e nove por cento de nosso empenho em cumprir as tarefas conforme nos são estipuladas.
A principal recomendação é a que consignamos na epígrafe, ou seja, sem calma e sem paciência, iremos ficar marcando passo, sem adiantarmos um centímetro na direção do aperfeiçoamento das qualidades e das virtudes que demonstramos para sermos aqui admitidos.
Eis o fundamento para estas dissertações mais simples, porque vão exigir dos leitores exatamente o que estamos enaltecendo, já que sempre haverá de ser com muita calma e com muita paciência que lograrão vencer cada texto e cada pequena reflexão que todos os parágrafos contêm.
Se a nossa recomendação for tida na conta de puerilidade, de lição de caráter primário, bem distante das sábias exposições das obras da codificação, pedimos que nos escusem a simplicidade do texto, incentivando-se a medir as próprias forças e originalidade, compondo mensagem de otimismo e incentivo para melhorar o procedimento.
Claro está que estamos desafiando os mais argutos a que abandonem esta leitura, porque sabemos que estarão entretidos na análise das entrelinhas, crendo que irão descobrir efeitos subentendidos e lições oportunas. Eles o farão, sem dúvida, se admitirem a nossa tese da calma e da paciência. E se conseguirem programar todas as atividades por esse padrão de superior entendimento da existência, alcançarão velhice de plena felicidade, pelas obras que falarão em seu nome e se constituirão no melhor exemplo para as gerações seguintes.
Lídia.



10. SEM TIROS NO ESCURO

Não podemos arriscar palpites durante os estudos; muito menos em plena atividade socorrista. Tudo o que fizermos, mental ou fisicamente, deve ser o produto acabado das certezas e conhecimentos.
Os encarnados, muitas vezes, oferecem idéias provindas de enunciados meramente intuitivos, numa exploração lúdica para o encontro da verdade. É exercício eficaz para a emulação à pesquisa e ao debate. No entanto, aqui onde buscamos a sabedoria, esse mesmo incentivo é proibido, já que não podemos deixar de afirmar positivamente a respeito dos temas que nos são propostos.
Isto não quer dizer que não tenhamos dúvidas ou que não haja novidades. O sistema de aproximação dos assuntos é que é outro, pois não se admite nenhuma espécie de erro, ainda que proposital. As iniciativas próprias se acham tão arraigadas, porém, na intimidade de nossas personalidades que, nos momentos de intervalo, atuamos utilizando-nos uns para com os outros de desafios de que a burla é parte importante.
A sério, durante as aulas e sessões de debates, todos os pensamentos emitidos devem ser fundamentados logicamente em fatos ou notícias que assimilamos durante a existência. A maior parte das vezes, poucos são os que atinam desde logo com os objetivos propostos pelos instrutores. Em geral, as nossas teses se transformam em simples hipóteses, porque a base não tinha a solidez do conhecimento integral da verdade.
É como se dá com estas dissertações. Pessoas existirão que, em lendo os produtos de nossos esforços, haverão de denunciar falhas e incorreções lingüísticas, vícios de linguagem e de construção, formulação insuficiente de argumentos comprobatórios das teses e assim por diante. Contudo, quem observar atentamente o estofo literário de que somos possuidores capacitar-se-á a concluir que melhor do que isto não poderemos fazer.
Em suma, estamos em busca da perfeição e isto delimita a fase de erros e titubeios. Não temos o discernimento dos espíritos superiores, mas precisamos deixar, sempre, alguns indícios de que estamos dotando-nos de conhecimentos úteis para os leitores que ousam estimular-se para compreensão mais arguta das lições contidas nas obras da codificação.
Roque.



11. UMA QUESTÃO DE PONTO DE VISTA

Naturalmente, quem nos lê, na confiança de que somos nós, espíritos, que estamos produzindo os textos, tem o direito de argumentar contra as recomendações de busca de perfeição, utilizando o fato de que estamos em plano diferente, integrados ao mundo espiritual e sabedores da verdade existencial terrena, ainda porque os encarnados carregam o peso da matéria densa do orbe, com todas as implicações que a consciência da morte impõe.
Mas esses irmãos são aqui citados apenas para a nossa demonstração, pois são eles tão apegados à doutrina que a perecibilidade do corpo mal lhes passa pela cabeça. Os que desconfiam de algum truque consciente ou inconsciente do médium é que contrapõem suas idéias às nossas, para refutarem-nos os conselhos de prudência e sabedoria.
A estes, devemos acrescentar mais uma fórmula inquestionável para aceitação da melhoria moral e do aperfeiçoamento espiritual conseqüente: a própria condição evolutiva no campo material, em todos os sentidos, fator natural da tendência à perfectibilidade incrustado no âmago da formação dos tecidos e do organismo. Se a inteligência evoluiu a partir do desenvolvimento dos seres vivos, é óbvio que deve haurir filosoficamente o mesmo princípio, para firmar o conceito de que não existem limites para a captação da verdade. Ora, desejar cair no nada primitivo é negar a própria existência carnal, o que contraria todos os sistemas naturais que se usufruem dentro do universo tangível.
Se quiserem simplificar a objeção aos nossos ensinamentos a respeito da vida espiritual, basta que digam que nós ainda estamos envoltos em certa materialidade, ainda que mais sutil e etérea. Isso nos deleitará sobremodo, pois consignará a vitória de nossa tese, já que vão desejar que estejamos todos no mesmo barco, esquecendo-se de que o principal se encontra assinalado acima, ou seja, que nós, autores da erraticidade, temos a vantagem de exararmos pareceres de ponto de vista mais elevado ou, ao menos, transcendente à visão e demais sentidos do organismo humano.
Baste-nos isso e já nos daremos por muito satisfeitos, agradecidos e honrados.
Fiquem na paz de Deus!
Antenor.



12. SEM SANGUE NEM VEIAS

É muito estranha a sensação de não sentir pulsar o coração nem circular pelo corpo, sob pressão, o precioso líquido da vida. O perispírito, é claro, possui seus órgãos e sistemas, mas não mantêm qualquer semelhança com os do corpo humano, muito embora possamos moldar-lhe a aparência segundo a que possuímos enquanto encarnados. Mas isto apenas para identificar-nos durante o tempo de adaptação à erraticidade.
A literatura espírita consigna que as impressões humanas perduram por mais ou menos tempo, existindo quem passe muitos séculos sem perceber que está dotado de novo organismo, chegando ao ponto de reencarnar várias vezes sem adquirir a sublime noção.
Para estes, a mente concentra todas as reações, mantendo todas as necessidades de quando no orbe, sem perceber em absoluto que está criando um mundo virtual, onde atua com certo desembaraço, criando alimentos, roupas e tudo o mais de que se servia no campo material.
Reunidos tais indivíduos, são capazes de moldar cidades inteiras, organizando-se em sociedades nunca perfeitas, porque cunhadas segundo o poder de realização de seres bastante atrasados. Por isso, muitas vezes os grupos de auxílio fraterno se utilizam dos ambientes terrestres para demonstração da natureza de suas existências como espíritos errantes. Quem trabalha nas reuniões de desobsessão dos centros espíritas conhece perfeitamente o trabalho que dão os mais renitentes ou ignorantes.
Quanto às colônias dos já esclarecidos da morte do corpo, adquirem elas aspecto próprio, com habitações adequadas às necessidades dos perispíritos, com administração mais sábia e confiável, havendo, neste sentido, várias ordens de qualidade, conforme o grau evolutivo dos seres que ali se abrigam.
De qualquer modo, as emoções se aperfeiçoam, despertando reações refinadas, muito próximas da compreensão das causas que lhes deram origem, de forma que até parece que os espíritos não possuem nem sangue nem veias nem coração, passando a idéia da frigidez absoluta em relação às dores e sofrimentos alheios. No entanto, muitos voltam para a face da Terra para missões ou para aplicar os conhecimentos aqui adquiridos em favor dos semelhantes. É a isto que damos o nome de amor, segundo o entendimento que temos da pregação evangélica do Cristo.
Tobias.



13. QUIMÉRICAS CONQUISTAS

Muitos podem pensar que só o fato de estarmos ditando estas comunicações já tenhamos atingido algum pináculo intelectual ou sublimidade emotiva. Longe disso. Estamos apenas sendo aquinhoados com esta oportunidade de ouro, para testarmos a capacidade de controle dos aparelhos que nos possibilitam entrar em contato com os humanos.
Quanto aos temas, necessariamente desenvolvemos os que foram tratados nas aulas como deveres curriculares, sempre sob a supervisão do professor, que nos impede, como anteriormente dissemos, de errar muito. Também, subjetivamente, fica-nos furtiva a impressão de que nossas mensagens não desencadearão profundos estudos nem atingirão o cerne dos conhecimentos dos leitores, para fazer deles meros títeres das forças espirituais com suficiente discernimento para perturbá-los quanto às convicções doutrinárias.
O poder de escrever se limita pelo de demonstrarmo-nos humildes e carentes de melhores estudos. Se conquistas alcançamos, é bom que ressaltemos sempre que a principal é a de sabermos o quanto estamos atrasados e defasados relativamente aos mentores. Em suma, neste aspecto, a intenção é a de fazer pensar em que, por mais sábios, os homens ainda tendem a fechar o circuito dos conhecimentos, colocando limites materiais ou abrindo definitivamente a imaginação aos devaneios e fantasias.
Nesta direção, os textos curtos favorecem vôos não muito largos, sempre buscando pouso tranqüilo em terreno seguro. Por isso, as expressões se consagram ao fito da objetividade, rareando a linguagem figurada, impedindo-nos de florear o estilo, o que evitará, sem dúvida, a inserção de pontos obscuros ou totalmente abertos à interpretação livre dos leitores.
Quando assinalamos um título como “Quiméricas conquistas”, no entanto, avançamos um pouco além da programação e facultamos à intuição dos amigos penetrar a área das conjeturas, para, em seguida, através dos raciocínios, demonstrações e exemplos, despertá-los para a armadilha que eles mesmos prepararam e caíram. Não é verdade que este mesmo texto arremessa a inteligência para a perscrutação da verdade, despertando o interesse para leituras mais massudas e filosóficas, literatura espírita adentro?
Que tal agora deixar nosso opúsculo de lado e relembrar as judiciosas recomendações feitas a Kardec pelos espíritos que lhe orientaram a disciplina da codificação? Teremos alguma surpresa agradável ou a nossa consciência se permitirá recriminar-nos a ausência de tais conhecimentos? De qualquer modo, que Deus nos abençoe a todos e nos permita prosseguir conquistando valores morais cada vez mais próximos das excelsas virtudes cristãs.
Lavínia.



14. AS LENTES DE AUMENTO

Rigorosamente, não deveríamos usar nenhum artifício para preencher as necessidades de exame e de conclusão a respeito de qualquer tema ou assunto de interesse espiritual. No entanto, tal qual na Terra onde os cientistas empregam recursos instrumentalizados, aqui também temos aparelhagens que nos permitem aproximarmo-nos mais dos objetos em estudo.
Para a apreciação da aura dos seres que devemos auxiliar, meio mais eficaz para reconhecer o nível de honestidade quanto à exposição dos sentimentos, utilizamos certo aparato de medição da intensidade das ondas em que se transformam as vibrações sutis emitidas pela força dos desejos, quer no sentido de oferecer boas referências, quer no de afastar os que desejam estimar simplesmente a complexidade dos enervamentos das células cerebrais.
Achamos que nos basta o exemplo acima para demonstrar quão diferentes são nossos organismos. Assim, a citação da epígrafe deve interpretar-se como mera figura metafórica, porque lentes mesmo não nos serviriam para nada.
Quando estamos, entretanto, junto à mesa mediúnica, precisamos estabelecer contato inteligente, de sorte que o léxico mais adequado aos textos será aquele que traduz a intenção de esclarecimento, bem mais do que o que descreve a realidade etérea. De qualquer modo, fique a sugestão de que os leitores devem, ao menos, capacitar-se a compreender que os recursos de caráter científico à disposição dos estudantes da colônia são de tal ordem que favorecem a apreciação da própria alma dos que se apresentam com boa vontade para a matrícula nos cursos elementares.
Ainda que a impressão pessoal seja de muita simpatia, já que as pessoas têm discursos preparados e ademanes civilizados, sempre existe uma história a ser investigada e intentos a serem esclarecidos. Além disso, a base cultural e a inteligência precisam ficar bem conhecidas, para que os organizadores dos currículos individuais possam encaminhar os estudos e trabalhos dos recém-chegados. Um engano aqui seria fatal para o desenvolvimento regular das qualidades e virtudes potencializadas pelas vivências das diversas encarnações.
Fique o aviso para que os amigos possam saber da seriedade dos procedimentos nas diversas colônias de agasalho dos irmãos cônscios de suas próprias dificuldades, mas que possuem boa vontade e discernimento para requerer auxílio especializado. É quase como a internação em unidades de tratamento intensivo.
Deixemo-nos ficar nas mãos benemerentes de Jesus!
Olívio.



15. CONJUGAÇÃO DE FORÇAS

Nem sempre conseguimos expor através do título toda a extensão e compreensão do tema. Neste caso, pareceu-nos muito próprio estabelecer paralelo entre a união dos seres humanos em sociedade e a verdadeira unidade que se estabelece no plano da erraticidade. Isto é o mesmo que dizer que os homens tentam representar, no teatro da vida, algo que irão realizar depois de mortos.
Enquanto os exércitos marcham sob o comando das autoridades, as falanges de espíritos superiores avançam sob a diretriz suprema dos ideais cristãos consignados no evangelho. Não necessitamos nós de que nos ordenem o que fazer, porque, se nos unimos, foi para dar seqüência à fase de aprendizado e de trabalho dos tempos em que estivemos nas colônias educativas. Recebemos avisos de que algo ocorre em determinado setor e, conforme as habilidades que possuímos, aprestamo-nos a servir como protagonistas ou como auxiliares no drama que ali se desenrola.
Antes que nos contestem apresentando casos análogos de união de seres infelizes e malignos, como na Terra amiúde contendem os povos, temos de informar que as hostes do Senhor, ou seja, aqueles grupos que agem em nome de Deus, no etéreo, não possuem inimigos, porque são desconhecidos das forças reunidas em torno de interesses espúrios e grosseiros. É isso que faz toda a diferença.
Que haverá mais além? Não sabemos, exatamente, mas podemos supor que o nível de felicidade obstará qualquer desavença, ainda que relativamente aos que se deixaram ficar para trás e que arremessam dardos venenosos contra antigos desafetos. A ilha de ventura dos que superaram as rudes condições em que estão mergulhados os encarnados e os que se encontram nos báratros dos sofrimentos é o paraíso dos trabalhadores e socorristas extraídos dos extratos espirituais que se formam a partir dos que são arrebatados pelo bem que praticaram.
Neste ponto, esperamos que tenham percebido que nos darão muita alegria, caso se unam em vibração de amor conosco, através do entendimento de que esta obra visa ao desbaste dos preconceitos terrenos, aceitando o compromisso inicial da oração e da meditação, como se exige de quantos pleiteiam servir a Deus dentro das ordens religiosas, com a diferença, porém, de fundamentar os pensamentos tão-só nas virtudes essenciais, decalcando a filosofia resultante do estudo da doutrina espírita no amor incondicional ao próximo.
Vejam bem que não estamos reivindicando exclusividade de atenção no decurso dos anos que vão completar seu ciclo de vida. Estamos desejosos, sim, de convencê-los a compenetrar-se de que Deus é justo, de que todo sofrimento deve ser sublimado e de que toda alegria deve envolver as pessoas em aura de sublime felicidade espiritual.
Paulo.



16. BELEROFONTE

O homem sempre sonhou com grandes feitos, necessidade, com certeza, de se estabelecer na sociedade como insigne criatura, digna de encômios e de respeito. O nobre exemplo da epígrafe talvez seja desconhecido da maioria que terá nas mãos este opúsculo, o que significa que a grandiosidade não é permanente e os mitos se desfazem com a perda da memória deles.
Se cantados em poemas nacionais, merecem maior consideração, enquanto persistir o valor dos ditos e a linguagem através da qual se manifestam. Mas quem é que lê, hoje em dia, a Odisséia e a Ilíada, para citar apenas duas das epopéias mais belas? Pois bem, as formas artísticas evoluem acompanhando a moral vigente, às vezes, mesmo, dando-lhe diretrizes.
No etéreo, as recordações dos atos grandiosos dos espíritos superiores, entretanto, não estão sujeitas às mesmas leis que entre os humanos. Aqui reverenciamos as figuras excelsas dos que estimularam os mais imperfeitos a buscar o caminho da felicidade, através do expurgo dos vícios e falhas de caráter, Jesus na frente de todos.
Assim, toda vez que nos deparamos com alguma invenção, algum artefato, alguma revelação, associamos de imediato com o ser dotado de extraordinária energia que nos outorgou o instrumento físico ou moral. É pouco mais ou menos como nas ciências, em que os nomes dos descobridores e dos inventores são vinculados à sua obra. A diferença está em que, toda vez que topamos com o objeto assim denominado, logo nos recolhemos em prece de agradecimento.
Resta refutar a objeção do personalismo e do enaltecimento dos indivíduos, como que a incensar-lhes o orgulho, a vaidade, o egoísmo. Nada mais injusto, porque são tão superiores e tão imunes a tais vibrações de bajulação, como também nem sequer nos passa pelo coração outro sentimento que não o do amor, que se consolida na proposta íntima de chegarmos, um dia, a oferecer nossa inteligência e nossos conhecimentos para facilitar a caminhada ascendente de nossos companheiros. Não é mais ou menos isso o que deixamos nestas páginas para intuição dos amáveis leitores?
Que Maria nos proteja e guarde em seu manto de caridade!
Romeu.



17. FLORES DE SEDA

Existem técnicas de imitação da realidade capazes de superar muitas das dificuldades naturais do produto original. Assim são as flores feitas de seda, de arame, de plástico, de cera e de outros materiais de duração muito maior, como se a imitação artística adquirisse maior poder de deslumbramento. No entanto, ainda que se injetem nesses objetos oriundos da inteligência e da habilidade humanas perfumes dulcíssimos ou fragrâncias delicadas, sempre haverão de quedar muito aquém da vitalidade das plantas.
De resto, os adornos e guirlandas assim fabricadas terminam por enjoar-nos com sua presença imutável, apresentando a degradação das flores maior sublimidade para as pessoas sensíveis ao evento da vida do que aquelas que se podem lavar e restaurar, organizando-se novos arranjos e novos efeitos visuais. Um documentário extraído da história da humanidade sempre haverá de impressionar muito mais do que as mais caras e espetaculares obras cinematográficas.
Eis que estamos retratando mui fielmente as mensagens que enviamos mediunicamente aos mortais, dado que, por mais que nos esforcemos por demonstrar a necessidade do aperfeiçoamento moral, sempre iremos incidir em trabalho confeccionado através da inteligência, com o uso do material de comunicação elementar da linguagem dos humanos, ainda que busquemos ser realistas e verossímeis. Simples palavra de afeto, simples gesto de compaixão e compreensão soem ser mais enérgicos junto aos carentes de carinho do que estes longos discursos eivados de silogismos e de exemplos, mesmo que sejam palpitantes e expressivos.
Contudo, como o recurso que possuímos é este, vamos impregnar as comunicações do maior número possível de idéias criativas e de comentários pertinentes, no sentido de despertar a atenção para as verdades sobrenaturais ou extrafísicas que revelamos. Um texto lido com amor sempre irá representar para seus autores uma pequena conquista, pois sentiremos os fluidos da boa vontade e as vibrações sutis e poderosas da amizade.
Fiquemos com Deus!
Isaura.



18. ESTUDOS PROVEITOSOS

Recomendamos sempre aos nossos amigos mais novos que se dediquem ao máximo aos estudos relativos à doutrina, mas não apenas a ela, porque o conhecimento deve ter por característica ser universal.
A base que propomos como a mais sólida tem de partir da escolaridade em nível superior, o que não alcança senão minoria muito irrisória da população. Sendo assim, os graduados têm o dever de ministrar palestras, conduzir seminários, organizar cursos e supervisionar o aprendizado de quantos se interessem por obter o mínimo de educação espírita.
Em nossos grupos da Escolinha de Evangelização, a cordialidade não é meta: é condição. Estabelecida a amizade entre os colegas, só então é que mergulhamos profundamente nos temas curriculares, sem o temor de ofender durante as discussões de nossos pontos de vista. Este o principal tópico externo a nortear o máximo proveito que se pode extrair da dinâmica impressa pelos mentores às aulas e pesquisas.
O principal empecilho à realização integral dos objetivos determinados para as turmas está nos apelos constantes que recebemos dos entes amados que ficaram para trás, quer ainda no planeta, quer na erraticidade. Não corremos para providenciar o que nos pedem, porém, esforçamo-nos para que recebam assistência e proteção, instando junto aos grupos de auxílio externo que levem conforto moral aos que se afligem.
Dias como o de hoje, em que as famílias estão reunidas por força de o trabalho estar suspenso para a maior parte da população, despertam-nos o desejo de compartilhar dos sentimentos de amor e de companheirismo de nossas famílias, como ainda nos oferecem o ensejo de intervir mais diretamente nos distúrbios de procedimento que a folga propicia aos que estão em litígio. Em suma, são dias de trabalho de campo, de tarefas importantes para o equilíbrio mental e moral dos que têm permissão para participar dos grupos de proteção das pessoas merecedoras de tais providências.
Tudo bem, contudo, que nos tenha sido dada esta oportunidade de desenvolver um dos tópicos de nossa programação. O pouco que aqui permanecemos terá sido bem aproveitado, caso fomente nos corações dos leitores o desejo de compreender como se dá a formação dos socorristas.
Elivélton.



19. RELIGIÃO SEM FÉ

Quem sabe estejamos, com nossas comunicações, desafiando a argúcia investigativa dos leitores propensos ao materialismo, muito embora se dediquem a considerar a possibilidade da revelação pela forma que o fazemos. Deseja quem assim procede ver-se, de repente, perante a fórmula da verdade da existência como um contínuo evoluir.
Cremos, os deste Grupo dos Discípulos Fiéis, que instigar a curiosidade daqueles que não apresentam fé religiosa seja muito pouco deleitoso e quase nada atraente, uma vez que a decepção do abandono da leitura é o que se deve esperar em tais circunstâncias. Que texto teria a força de captar a atenção dos que em tudo querem ver a mais rigorosa demonstração intelectual, como se tudo no universo se resumisse aos contornos da lógica humana?
Eis que, perigosamente, enfrentamos o tema das frustrações mais graves de quantos trazem mensagens que buscam dar conforto e consolação aos que sofrem. Todos os amigos em desacordo com esta postura espiritual, ou seja, tanto os que gostariam de que os do etéreo só oferecessem mensagens realistas e objetivas, quanto os que só admitem como das esferas mais equilibradas moralmente os escritos com a chancela dos arautos do espiritismo, todos iriam rejeitar o presente trabalho, atribuindo ao médium a confecção dele, tendo ou não consciência do teor obscuro aqui impregnado.
Precisamos esclarecer que o “teor obscuro” redunda apenas do parecer daqueles mesmos amigos?
Ramalho.



20. MODESTA CONTRIBUIÇÃO

Cada um dos que se apresentam junto à mesa mediúnica conhece perfeitamente a necessidade de contribuir para a obra que se vai formando, no entanto, todos nós temos de ter arraigada na mente a firme convicção de que não possuímos inteligência nem saber científico capazes de dar ao texto algo que não seja modesto e humilde.
Desde logo, precisamos, à vista dos resultados esplêndidos obtidos por muitos, deslindar o mistério da clareza dos escritos, uma vez que, perante mensagens que muitos dos leitores não teriam condições de redigir, nos vemos como farsantes quanto à humildade e ao conhecimento na área da linguagem, pelo menos.
Ocorre que cada um de nós recebe o poderoso auxílio dos mentores na hora da confecção do trabalho e, ainda que sejam pobres os fundamentos doutrinários expressos, a formulação deles se equilibra pelos padrões estabelecidos para o conjunto das composições, sem contar que muito dependemos do instrumento humano a quem transmitimos a mensagem.
Para o efeito deste grupo, nesta casa, não temos do que nos queixar, a não ser contra a acusação de que ficamos na dependência dos recursos do médium, já que o aparato léxico e o instrumental sintático que nos oferece é bem superior ao que encontramos na maioria dos centros espíritas. Se ditássemos mecanicamente, isto é, se nosso mediador não tivesse nenhuma noção do que vai escrevendo, poderíamos descartar de imediato a razão aludida. Do jeito como as coisas se dão, apenas podemos registrar o fato de que as mensagens produzidas são nossas, em todos os aspectos, menos no que respeita à correção gramatical, que corre por conta dele.
Resta observar que devem os amigos nortear as conclusões pelo conjunto da obra e pelas idéias que lhes parecem estar tisnadas de alguma originalidade. O mais deve ser esquecido para o bem das diretrizes evangélicas que quedam no substrato filosófico dos textos.
Para quem for mais rigoroso e não aceitar como válidos nossos pensamentos como de alguma qualidade, temos de agradecer as valiosas vibrações críticas, pois por elas poderemos orientar-nos para futuros investimentos na bolsa da psicografia.
Mário.



21. DO CONTROLE DAS EMOÇÕES

O sistema mais eficaz que conhecemos para evitar que as emoções nos prejudiquem, quer no desempenho das missões, quer nos relacionamentos, se resume em dar a elas total liberdade de atuação sobre nosso ânimo. Se os sentimentos envolvidos forem bons, não causarão nenhum distúrbio e poderemos exercer o direito ou o dever de fraternidade. Ao contrário, caso verificarmos que estamos sendo desequilibrados intelectualmente pelas preocupações de caráter emocional, paramos para estabelecer o grau da intensidade dos males que estamos infligindo-nos, para estudar-lhes as causas ou origens e para pôr-lhes cobro mediante reação positiva, absorvendo as virtudes cuja falta evidenciamos.
Está claro que, no nosso meio transcendental à matéria, temos a vantagem de nunca estarmos sós na luta, porque, de uma forma ou de outra, todos temos os defeitos sob domínio ou do grupo a que pertencemos ou dos responsáveis pelo bom andamento dos cursos e dos trabalhos na colônia, esta dotada de magníficos recursos terapêuticos, seja pela aplicação de seu magnetismo desenvolvido, seja pela inoculação preventiva de drogas auxiliares para a contenção do desespero.
Estas informações não destoam das que produziríamos se descrevêssemos a assistência clínica dentro dos parâmetros da psicanálise ou da psiquiatria no campo humano. É importante ressaltar, porém, que toda a ajuda que recebemos se faz preceder de aprofundados estudos de nossas personalidades, porque somente fazem jus ao tratamento aqueles que sofreram e trabalharam em prol da melhoria de si mesmos. Nas profundezas das trevas, onde se debatem os irmãos mais onerados de crimes, de nada adiantaria proceder com eles da maneira que relatamos, já que tão imersos estão nos problemas resultantes de seu egoísmo, de seu orgulho, de muitas outras formas de perversão, que não atinariam sequer com a presença dos socorristas.
Infelizmente, este quadro terrífico em que se debatem os piores muito se assemelha aos antros em que se espojam as almas mais torpes do mundo, ainda que ocupem posição de relevo na sociedade. Este o ponto que desejávamos esclarecer: muitas pessoas dão a impressão da frieza e do mais absoluto controle das emoções, tanto que não se abalam com a tristeza que provocam. Não é desse controle que estamos falando. Estamos fazendo referência àquele descortino superior das nobres emoções fundamentadas no amor, na amizade, na compaixão, na fidelidade aos bons princípios morais...
Será que Jesus não possuía total ascendência sobre as emoções? Claro que sim! Nem por isso, porém, deixou de amar a humanidade, sacrificando-se por ela.
Renato.



22. PACIÊNCIA E RESIGNAÇÃO

Temos dado demonstração de que estamos sempre agitados e prontos para a luta, tantas são as informações de trabalhos e estudos de que necessitamos para avançar rumo ao próximo círculo existencial. No entanto, o que mais ouvimos nas preces que acompanhamos junto aos mortais, não aquelas ditas em voz alta, mas as que se transformam em vibrações para a comiseração dos espíritos benignos, são pedidos de paciência e de resignação, dado que quase todos percebem que são impotentes para enfrentar os problemas da vida.
Realmente, nós nos azafamamos e nos desdobramos em atividades as mais diversas, aplicando quase todo o nosso tempo na absorção das lições que nos são ministradas ou nas tarefas que nos são determinadas. Contudo, obrigatoriamente, nós nos recolhemos para meditar a respeito de todos os atos e fatos que nos envolveram durante o dia, vamos dizer assim. São horas de completo repouso em que estamos proibidos de preocupar-nos.
Todas as vezes, resulta a reflexão na descoberta de novas falhas e defeitos, tudo concorrendo para nos desconcentrarmos do principal objetivo: a caracterização de nossa personalidade e os meios de superar os vícios de procedimento arraigados no coração ou na mente. Eis que se configura a necessidade de nos resignarmos à condição de inferioridade, para o que a chamada virtude dos santos, a paciência, deverá exercer papel de suma importância.
Mas a resignação não é definitiva bem como a paciência vai crescendo à medida que constatamos a anulação dos efeitos deletérios de nossas ruínas morais, através dos trabalhos e estudos de cada dia. É verdade que nem tudo o que fazemos visa ao aperfeiçoamento intelectual ou sentimental, o que redundaria em mero exercício do egoísmo. Por isso, muitas vezes nos esquecemos das descobertas psíquicas, aplicando-nos denodadamente ao auxílio aos irmãos carentes de tantas coisas, de sorte que acabamos por eliminar a maior parte dos problemas sem perceber.
Talvez a aplicação do nosso exemplo não seja possível no campo material dos encarnados, porém, que fique a sugestão.
Benedito.



23. RISPIDEZ NECESSÁRIA

Às vezes, deparamo-nos com situações em que indivíduos inescrupulosos desejam pregar-nos alguma mentira ou enlear-nos em malévolos laços silogísticos. Tal fato, parece-nos, ocorre com muito mais freqüência no âmbito das relações entre os humanos, contudo, se nós, na erraticidade, desejarmos vagar em busca de ajudar a algum sofredor por quem nutrimos certa simpatia, podemos ver-nos perante quem deseje apenas um alívio para os sofrimentos mais tormentosos, mantendo-se no gozo perverso de alguns desvios de conduta.
Em tais casos, recomendam-se medidas que não contemplem o infeliz com contemporizações ou minimizações dos defeitos. Sempre haveremos de ser ríspidos no sentido de evidenciar o mais cruamente possível os artifícios de que se utilizam para a obtenção do que não declararam com honestidade e lisura.
Não estamos voltando-lhes as costas nem desconsiderando o que possuem de sagrado pela origem divina comum. Estamos, simplesmente, buscando torná-los conscientes das falhas morais, do mesmo modo que um ortopedista não pode deixar de observar ao paciente que lhe falta um braço ou uma orelha. A comparação pode parecer excessivamente material, todavia temos de deixar claro que, para quem se utiliza de seus recursos espirituais para decifrar a personalidade dos irmãos ainda em condições de inferioridade moral, é como se dá a nossa observação.
Antes de fechar a curta dissertação, ressaltemos que apenas tomamos como exemplo a incursão solitária no campo das vibrações mais fortemente impregnadas de vícios e perversões, já que, para quem freqüenta as aulas desta ou de outras colônias de aprendizado socorrista, a primeira noção que nos passam os mentores é de que jamais ensaiemos tentativas pessoais de atendimento.
Graças a Deus!
Roberto.



24. PIPAROTES DE AMOR

Quem estiver ainda sob a impressão do rigor que imprimimos à censura prognosticada no texto anterior deve respirar aliviado, porque nenhum de nós, muito menos os seres mais evoluídos, iremos sapecar nas criaturas nada que não sejam piparotes de amor.
Os afagos carinhosos com que a mãe brinda o filho não a eximem de exigir dele procedimento compatível com a educação que lhe está sendo ministrada. Até os animais castigam as travessuras de suas crias, o que, no caso, significa uma advertência capaz de evitar-lhes males maiores.
Se tivéssemos o cuidado de agasalhar as crianças sob as nossas asas, como o fazem as galinhas com os pintainhos, conforme o exemplo de Jesus, nós providenciaríamos resguardo para todos. Entretanto, não haverá crescimento que não represente para as aves a total impossibilidade de eterna proteção.
Ainda bem que, no etéreo, os riscos de perda da potência vital, ou melhor, existencial, não se configuram, a não ser como resvalos para as trevas de quem se deixe surpreender pela maldade ainda incrustada no coração. Eis o aviso para quantos se consideram espíritas e tudo promovem no sentido de demonstrar que o são com fervor e aplicação. Se não forem naturais e legítimos os sentimentos de piedosa filiação à doutrina, eis que se ouvirão mais uma vez, a partir do báratro, as lamentações desesperadas dos que se descobrem falsos e interesseiros.
Meus amigos, se vocês se deixarem aborrecer por causa da notícia contida no parágrafo acima, não se esqueçam de considerar tal advertência como um simples piparote de amor.
Cláudia.



25. UM SERVIÇAL ATENCIOSO

Quando o caríssimo leitor estiver nas mesmas condições que nós, ou seja, estiver pleiteando junto a algum encarnado que lhe transmita um recado qualquer, sinta-se bem confortado se for ele um serviçal atencioso, que se predisponha a trabalhar pela psicografia até quando lhe faltem as forças.
Então, a pergunta virá com certeza:
— É justo solicitar aos encarnados que se esforcem para além de seu estrito dever perante a própria consciência?
É claro que não, notoriamente porque os textos que produzimos não sustentam grandes teses, não tendo o dom do necessário. Por outro lado, sempre haverá quem se apresente, nesta ou naquela casa espírita, com a vontade de servir, estando em robusta saúde.
No entanto, como ocorre tantas vezes, os próprios médiuns se dispõem a trabalhar ainda que em sofrimento. Neste caso, não seria justo atendê-los, para dar-lhes o conforto moral de que estão sendo úteis e prestativos? Pois bem, ao fazê-lo, pense o amigo leitor em transmitir algo de valor, algo oportuno, específico e satisfatório, para não dar a eles a impressão de que estejam a serviço de si mesmos ou que algum espírito menos feliz se tenha apossado de seu instrumental mediúnico.
Como derradeiro conselho, nunca deixar de oferecer uma prece bastante original e condizente com o momento vivido pelos encarnados em transe, não necessitando para isso de muito mais do que dois ou três minutos.
“Senhor, eis-nos aqui perante a boa vontade e a capacidade de sacrifício de nosso companheiro. Dai-lhe, Pai, a confiança de estar executando, com humildade e desvelo, os vossos sacratíssimos desígnios. Aliviai-lhe a dor que o aflige e extraí de sua alma a preocupação com o fato de estar desleixando as atividades, por motivo irrisório. Abençoai-nos a todos. Assim seja.”
Valdir.



26. NÃO EXISTE PERDA DE TEMPO

Quando encarnados, víamos o transcorrer da vida, contando as horas, dias, meses e anos. Não era raro ficarmos descontentes por deixarmos de executar algo, contribuindo para a falha certa preguiça ou indisposição para a tarefa. O que mais lastimávamos era não comparecer às sessões de benemerência de nossa religião, quando ficávamos como que frustrados ao percebermos que certas pessoas não tinham sido atendidas.
No entanto, sempre construíamos desculpas de segunda categoria, como quando afirmávamos que todos os males, um dia ou outro, desta ou daquela maneira, iriam ser superados, especialmente porque a lei do progresso é irrepreensível, não havendo, portanto, quem permaneça para sempre em estágio de inferioridade.
Não temos agora na erraticidade outro modo de encarar a evolução do espírito, entretanto, houve oportunidades que não se concretizaram na prática, nos momentos em que falimos, adiando certos fatores de compreensão da verdade da parte de quem poderia ter sido esclarecido por nós.
Este é um dos pensamentos que nos trazem à presença dos mortais, porque sempre haveremos de redimir-nos dos passados defeitos. Não é verdade, então, que todo tempo perdido pode ser recuperado, quando se trata de praticar o bem? Vejam, caros amigos, que nós não temos definida nenhuma perda de tempo no etéreo, porque, aqui, a eternidade está mais presente.
Não quebrem a cabeça, contudo, tentando decifrar todas as minúcias de raciocínios que empregamos em nossos silogismos. Façam o bem, cumpram o dever e, se estiverem necessitados de descanso, antes de falhar no trabalho socorrista, peçam a seus pares que cubram as suas ausências. Prevenir é sempre bem melhor do que remediar...
Clodomiro.



27. RECURSOS EXTREMOS

Não nos atreveríamos sozinhos a vir ministrar os conhecimentos que pautam as aulas que recebemos neste período letivo. Por isso, assistem-nos os mestres, que nos estimulam para redação mais ou menos original dos textos.
A natureza do tema de hoje é de sorte a causar polêmicas em todos os campos que se relacionam desde a erraticidade até o plano material, isto porque vamos falar de um ponto de vista completamente nosso.
Certamente, a feitura da composição é o próprio tópico a ser desenvolvido, haja vista a dificuldade que expressamos por intermédio destas frases mal feitas, não de propósito, naturalmente, mas por injunção das imperfeições intelectuais deste que foi designado para a manifestação.
Sendo assim, por medida de segurança é que buscamos expor os problemas antes de externar opiniões e conceitos, como se verá. O título se acha perfeitamente integrado ao contexto da redação, muito embora exista pequeníssima falha nele, ou seja, os recursos extremos não são extremos senão quanto à pouca capacidade expressiva dos alunos deste Grupo dos Discípulos Fiéis, nomenclatura que orienta os trabalhos individuais e coletivos.
A correlação que gostaríamos de estabelecer com o procedimento habitual dos amigos leitores é que, através da aplicação aos estudos e do burilar das obras, vamos ampliando a quantidade dos recursos, sempre avaliando os mais recentes ou dificultosos como extremos, estendendo para um pouco além os limites de compreensão do universo, da obra de Deus e da existência em si como fenômeno divino.
Quando tivermos uma explicação mais adequada para os temas que apreciamos nestas páginas, voltaremos para expô-los mais a contento. Enquanto isso, prometemos trabalhar com muito denodo para efetivarmos em nós as conquistas das virtudes e para construirmos para os semelhantes refúgios de paz e tranqüilidade.
Amoroso.



28. POR AMOR E SIMPATIA

Se não estivermos atraídos pelas pessoas a quem devemos dedicar esforços no sentido de orientar-lhes as diretrizes evangélicas de vida, façamo-lo por amor e simpatia, como conceitos imprescindíveis ao bom andamento dos socorros a serem administrados a serviço do bem e da caridade.
Estamos tentando evidenciar que, ocultos nas penumbras das vibrações malévolas, muitos seres perversos acabam por não despertar-nos interesse, tão mesquinhos são, da mesma forma que os criminosos encarcerados provocam revolta pela desfaçatez incrustada em seu caráter e por seu histórico de perversidade contra os semelhantes.
Bastaria dizer que não nos cabe julgar segundo a medida que possuímos, porque com ela seremos medidos, conforme a lição de Jesus, mas vamos insistir em outro ponto básico, fundamental: qualquer névoa de ódio, qualquer bruma de malquerença, qualquer sombra de insensibilidade quanto ao sofrimento alheio, em suma, qualquer sentimento avesso a quem quer que seja irá refletir-se como tremendo defeito de formação de caráter, tornando-nos inaptos para a prática pura do bem.
Deixemos claro que os humanos não precisam, no dia-a-dia das relações pessoais, sentir afeto por todos, nem ao menos simpatia. É próprio da natureza de quem está imerso na matéria o sentido da defesa pessoal contra quem constitui ameaça à integridade física ou ao equilíbrio psíquico. Por isso é que Jesus não estipulou de forma definitiva que os vendilhões do templo não devessem ser açoitados; no entanto, dando seu sublime exemplo, não imprecou contra os algozes que o prenderam, torturaram e mataram.
Jesus tinha poder junto aos encarnados e desencarnados, o que não ocorre com a multidão dos que ingressam na matéria, caso contrário, haveria injustiça em estabelecer para espíritos de eleição as tribulações da carne. Contudo, em tendo consciência da penúria das forças espirituais de que somos possuidores, devemos sofrear os instintos da barbárie animal e buscar aperfeiçoar os dons de virtude que vislumbramos como o caminho mais seguro para a perfeição.
Mal comparando, é como praticam o bem os mensageiros que psicografam comunicações, pois imprimem aos dados que transmitem a simpatia e o amor que concebem como essenciais para o cumprimento dos deveres cármicos.
Que nosso abraço encontre amigos em todos os que concluíram a leitura! Obrigado pela simpatia e pelo amor!
Carlos.



29. REMENDO GLORIOSO

Ardilosamente, refletimos que seria melhor que os médiuns tomassem nossos ditados da forma que lhes aparecesse no pensamento, para impossibilitar-lhes correções espontâneas, conforme o grau de sabedoria doutrinária de que são possuidores. É evidente que aperfeiçoamentos idiomáticos sempre serão bem-vindos, notadamente no que respeita à ortografia vigente.
Entretanto, não encontramos um único que seja capaz, ainda que mecanicamente, de registrar de forma acabada os nossos textos, sempre ficando para trás algumas idéias, que não se inscrevem em absoluto, como também outras em que se deparam lacunas ou falhas de compreensão do que desejávamos comunicar.
Assim sendo, devemos alertar, em sentido bem amplo, que todos devem realizar percuciente trabalho de leitura crítica, para a descoberta das “escorregadelas” que estamos citando, algumas bastante graves, o que irá requerer do companheiro psicógrafo bastante embasamento doutrinário e aguda inteligência. Caso não exista completa confiança em que se possam escoimar as comunicações dos erros mais grosseiros, devem os amigos médiuns ser suficientemente humildes para oferecer seus trabalhos a pessoas dispostas a fazer as revisões e a propor as mudanças, todas, evidentemente, fundamentas e documentadas.
Podemos afiançar que esta mensagem não passou nem irá passar pelo crivo do nosso escrevente, conforme lhe estamos solicitando neste exato instante, para oferecer aos leitores preciosa oportunidade de análise de uma pequena composição mediúnica. Caso se encontrem deslizes graves, queiram, por gentileza, encaminharem seu parecer ao médium, que de nós haverá de receber condigna resposta, para o que precisamos que os reparos tenham a nobre tendência da honestidade, o que, automaticamente, incidirá, de nossa parte, em um remendo glorioso.
Fiquem com Deus!
Ramiro.



30. EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS

Deve ter ficado bem evidente que as propostas contidas em nossas comunicações mais não são do que exercícios de caráter espiritual, uma vez que demandam estudo, reflexão e aplicação de princípios doutrinários.
Nesta linha de apresentação, elaboramos textos de curta extensão, de forma a propiciar ganhos seguros no campo da filosofia espírita, muito embora os desafios não sejam exatamente aqueles que se contêm nos produzidos pelos que ofereceram a Kardec as noções e conceitos essenciais desenvolvidos nas obras da codificação.
Quer dizer que estamos indo um pouco além? Em hipótese alguma. Estamos, sim, pretendendo facilitar o ingresso dos leitores no árido campo das leituras obrigatórias, tanto que cada pequenina sugestão apresentada aqui deve imediatamente suscitar a lembrança ou a busca dos correspondentes ensinamentos lá contidos. Trata-se, pois, de um curso bastante simplificado, singela orientação para discussões íntimas ou em grupos nos centros espíritas.
Claro está que, muitas recomendações ou exposições nossas possuem o dom da novidade ou da formulação original dos temas antigos, agora sob roupagem mais condizente com a mentalidade deste século que se inicia, o que não significa, em absoluto, que sejam melhores ou piores que a utilizada nas obras antigas; são apenas diferentes. Em outros termos, é como se descosturássemos os fatos de outras épocas e lhes déssemos um corte mais justo ao novo figurino.
A fórmula meio erudita ou quase sofisticada das apresentações individuais de alguns dos colegas contrasta forçosamente com as menos trabalhadas ou depuradas da maioria, entretanto, todos estamos interessados em cumprir o mesmo objetivo: a estimulação intelectual para obtenção de domínio sobre os efeitos negativos das emoções fundamentadas no orgulho, no egoísmo e caterva de viciações de caráter. Por isso é que temos tido o ensejo de oferecer o resultado de nosso trabalho didaticamente, em doses passíveis de assimilação imediata.
Sofia.



31. REPOSITÓRIO DE FÉ

Não passam estas mensagens de verdadeiro repositório de nossa fé na compreensão dos leitores, como também correspondem ao íntimo desejo de que se encontrem nelas as orientações e conselhos suficientes para encaminhar para região de paz e harmonia, após o desenlace da vida.
Entretanto, para satisfazermos as necessidades desses fiéis companheiros encarnados, precisaríamos exercer total domínio da natureza humana, o que estamos muito longe de conseguir. Assim sendo, vão os textos produzindo impressões mais ou menos argamassadas nas primícias do amor e da virtude, que é como nós mesmos nos dispomos para este trabalho.
Aqui se encontram os objetivos dos autores com aqueles dos leitores, como que a eleger complexa relação psíquica a partir de elementos bastante simples e facilmente encontrados na maior parte das comunicações que buscam essencialmente a comoção ou o despertar para vida de paixões sem entraves e sem desilusões, apelando basicamente para um esforço de sacrifícios pessoais de pequena envergadura.
Como a nossa exigência raia pelos cimos doutrinários em constante apelo à abstração, à meditação e à deliberação de auxílio aos semelhantes, tudo regado ao bom vinho do companheirismo e da mútua aceitação em nome do perdão e do esquecimento, escrevemos de forma por demais seca e positiva, sem dar trela às lágrimas ou aos arrepios.
Não é assim que sentem os amigos estas manifestações, como se não nos movesse nenhum sentimento de afeto?
Pois bem, afirmamos que estamos conscientes das necessidades dos amigos encarnados, até mesmo mais do que eles mesmos são capazes de suspeitar. Eis porque ainda insistimos em solicitar paciência e descortino.
Solange.



32. SEM INQUINAMENTOS

Por notável tendência do grupo, buscamos todos sempre realizar pequenas obras impolutas, ainda que as acoimemos de simplórias ou imperfeitas. Acontece que podemos atribuir ao estilo ou à forma a estrutura de nossa personalidade, o que redunda em composições fracas. Entretanto, quanto ao teor do texto, o antigamente chamado fundo da obra, necessariamente, temos de cuidar que não contenha vestígio algum das opiniões dos redatores, mas que expressem sensatamente os ensinos recebidos e debatidos nas sessões de estudo.
Outro aspecto importante a considerar é o fator de improvisação que, teimosamente, mantemos aceso, já que desconsideramos a importância dos textos acabados como obras de arte. Preferimos o tom do informal, do pitoresco e até do surpreendente, para não dizer do absurdo aparente que vai revelar, no final, o pensamento mais positivo e lógico, aquele destinado a provocar reações de contentamento intelectual, pela sagacidade dos torneios.
Estamos, porém, muitíssimo limitados por alguns pouquíssimos parágrafos, obrigando-nos tal fato a censurar as composições, suprimindo-lhes os ademanes literários e os luxinhos frásicos dos arremedos dos autores que ainda admiramos pelo emprego saudável das figuras e pelos processos sintáticos mais imbricados e solertes. Este mesmo trecho está aqui só como exemplo, para justa demonstração da inutilidade dos adereços literários.
Talvez o título devesse ser mudado, após esta manifestação tão incômoda para os amigos da turma que se consideram no domínio do vernáculo e desejam ministrar ao médium as vibrações de maior atrevimento na área dos conhecimentos lingüísticos. Valham-me, contudo, as qualidades à flor da pele de que me utilizo, sem medo de ser levada a inquinar os raciocínios e a prejudicar os objetivos do Grupo dos Discípulos Fiéis.
Fiquemos por aqui.
Glória.



33. ENTORNA-SE A ÁGUA

Guindados a este posto de trabalho para honra do grupo, desempenhamos da melhor maneira as tarefas que nos foram atribuídas. Partimos agora mais ou menos satisfeitos com os resultados, já que melhor do que fizemos só poderemos fazê-lo após novos estudos, em estágio mais adiantado.
De qualquer modo, não nos parece que a assimilação pelos leitores dos temas por nós tratados iria ser muito superior, ainda que nos integrássemos em grupo de maior potencialidade intelectual, isto porque, pelo que sabemos, existem obras mediúnicas que tratam de todos os aspectos doutrinários necessários para que os humanos cumpram de maneira esplêndida a sua destinação cármica.
Estas colocações nada têm de pessimistas, porque se fundamentam na mais absoluta verdade psíquica dos que habitam a Terra e esta região espiritual. Valha, assim, o aviso de que a luta pela perfeição terá de passar pelo entendimento dos princípios básicos da filosofia moral que advogam os espíritos voltados para o auxílio da humanidade.
Agradecemos a todos pela atenção e despedimo-nos alegremente, cônscios do dever cumprido.
Fiquem na paz de Deus!
Plínio.
Indaiatuba, de 6.05 a 21.06.02.
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