Insônia
maria da graça almeida
Ruídos externos
impedem meu sono,
gemidos da rua
imitam o inferno.
Eu fecho a cortina,
o som não se cala,
convido-o a partir,
sirenes disparam.
Remexo a cama
que assiste tal drama,
eu chamo o silêncio,
responde-me a insônia.
E assim como antes
os ruídos ressoam,
tapo os ouvidos,
porém é à toa...
Suo o pijama
e o sono, sem jeito,
molhado, reclama
do frio no meu leito.
Clareia e a chuva
cai fria e fina.
Cerro a cortina
da noite insone,
enfim, nessa hora
o som vai-se embora,
levando meu tempo
de ali repousar...
Só então percebi,
não vinham de fora
os sons contundentes
que à noite ouvi.
Era o som da minha alma
a chorar com ardor
a ausência do amor
que um dia senti.
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