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Artigos-->Goethe e as modernas Ciências Naturais -- 27/08/2002 - 19:53 (Elpídio de Toledo) |
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Goethe e as modernas Ciências naturais
Goethe não viu no fato de ser poeta nenhum prejuízo para sua pesquisa científica. Ele tomou a união da intuição artística
e imaginação com o método da observação científica, potencialmente, como a mais alta garantia do verdadeiro conhecimento.
Com isto, ele tirou proveito de uma vantagem que a arte tem sobre a ciência: em contraste com as ciências que se esforçam
para entender uma cadeia de reações em sua dinâmica e avaliá-la coerentemente, a arte é capaz de deter-se dentro de um
movimento constante, fazer-lhe um corte visível e enfatizá-lo. Arte e, por conseguinte, poema são métodos satisfatórios
para prefigurar a realidade, quando ocorrem contínuas metamorfoses somente. Por este meio, agora, fica compreensível
porque Goethe poderia representar, em uma seqüência gradual, o desenvolvimento anual da florescência de uma planta no
verão, cujo crescimento prosseguia, continuamente, da primavera até o outono.Entende-se que a " ciência moderna "não quis
conhecer nada sobre as opiniões de Goethe. Quando se compara os métodos da pesquisa científica com os métodos de Goethe,
depara-se com sérias diferenças.
O modo de Goethe trabalhar cientificamente mostra características antigas de pesquisa da natureza : primeiro, um
pensamento estático é típico da filosofia antiga; o dinâmico, no qual nossa pesquisa da natureza é baseada, desde o
renascimento, opõe-se a ele. Assim, a ciência grega não pôde, e com ela, até mesmo Aristóteles, entender o conceito de
movimento. O movimento sempre se dissolveu para os gregos em uma série de condições individuais.Outro diferencial
importante de antigüidade e ciência moderna é a chamada "qualidade de aprendizado". Contra isto é característico da
ciência moderna substituir qualidades em todos os lugares por quantidades " para medir o que é mensurável, e fazer
mensurável o que ainda não pode ser mensurado. "Em contraposição, os antigos recusavam tal modo de pensar cada vez
mais. Outra diferença surge das opiniões filosóficas gerais. No mundo antigo, a percepção da natureza sucedia do geral
para o particular.
Um significado crucial vem do "mais geral de todos os problemas gerais, o problema de Deus." (*7). A ciência antiga era
orientada teleologicamente, por conseguinte. Considera-se quem admira a devoção, e a elegia de Goethe à planta fala
sobre devoção universal, parecendo evidente a relação direta de Goehte com a antiguidade. Além disso, a característica
do método grego é sempre desviar-se do fundamento de todas as ciências, a filosofia, para as ciências específicas, e
interligar os fenômenos com elas. Em nosso tempo, porém, pelo menos com as ciências, a filosofia trilha no fundo; as
ciências assumiram até mesmo a posição principal. Assim, alcança-se a filosofia, talvez, a partir das ciências de hoje.
No quadro seguinte, são comparadas as diferenças fundamentais e históricas entre as ciências antigas e modernas.
Diferenças históricas essenciais entre as antigas e as modernas ciências naturais:
PESQUISA ANTIGA
Perfeição
Estática
Geometria
Qualidades
Contingência
Do geral para o particular
Da filosofia para a ciência especial e para o fenômeno
Deus como ponto de partida indispensável
PESQUISA MODERNA
Processo infinito
Dinâmica
Análise (An. Infinitesimal)
Quantidades
Causalidade
Do particular para o geral
Do fenômeno e sua ciência especial, talvez, para a filosofia
"Hypothesis non fingo"
[De MEYER-ABICH, Biologia do tempo de Goethe. Página.21.]
(Fonte: www.udoklinger.de) |
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