Simpatia eu fazia
quando menino eu era;
crendice, fantasia,
mas a cura acelera.
Pra pesquisar o folclore,
cito sem comprovação;
a verdade que aflore
na sua televisão.
Dos olhos tirar o cisco,
para ter melhor visão,
é num minuto, nem pisco,
entro logo em ação.
Dou três cuspidas dum lado
e do outro dou mais três,
e pra frente, bem marcado,
mais três dou com altivez.
Cisco é hipocrisia
e do olho é tirado,
como Mateus já dizia,
mas tem que ser bem coçado.
Depois disso você vê
em que você se meteu,
o que merece vai ter,
sem dize-tu-direi-eu.
Pra tirar um olho gordo
ponho água numa jarra,
três galhos d`arruda mordo,
dissolvo, com sal, na marra.
Essa poção se descansa
sete dias sem mexer,
tampo com urtiga-mansa,
até o prazo vencer.
Então, com dois companheiros,
qual irmãos nos abraçamos,
cada qual com seus dinheiros,
aos santos nós suplicamos:
"Três poderes negativos
de olhos em nós estão,
mas nós somos bem mais vivos,
queremos absolvição.
Venceremos a demanda,
temos fé nesta arruda,
o negativo desanda,
temos fé em voss`ajuda."
A arruda pré-salgada
tem a força d`água benta,
com urtiga bem tampada,
olho gordo não aguenta.
Antes de pra casa vir,
batemos pés em tapetes,
três vezes, para sumir
cabeças de alfinetes.
E rezamos, em seguida:
"Com a força do bem vamos
com mais essa de vencida,
conforme nós nos cuidamos."
Acendemos uma vela
perto dum pé de arruda
firmado por uma tela,
e tiramos uma muda.
Fazemos o ritual
pro olho gordo passar,
até outro visual
a gente poder mostrar.