1De minha mana recebo
mensagem interessante;
esclarece, eu percebo,
situação intrigante.
Ela pede que eu leia
2antes o noticiado,
depois, ao ver coisa feia,
deixe tudo publicado.
No distrito federal
jornalistas renomados
publicaram num jornal
3nota sobre deputados.
Parlamentares aflitos,
procurador pressionado,
pleiteavam seus desditos,
4parlamento difamado.
Um programa de tevê,
de 5afamado canal,
deixou-os bem à mercê
de 6deputados do mal.
7"Deputados de programa",
foi-lhes dada tal alcunha,
a prostituta na cama
servia de 8custemunha.
9Perguntada se eleita
mostrou-se mui indignada,
não tolerou a desfeita
e 10se disse ultrajada.
Contra 11febre "afurtosa"
todos foram vacinados,
cada um recebeu rosa,
mas ficaram magoados.
12Na moita, na quarta-feira,
um grupo de deputados
reviu a fita inteira
dos ditos então gravados.
Duas deputadas choram,
diz o bom procurador,
ao presidente imploram
um 13ato limitador.
O diretor do canal
afirma que só responde
14depois do judicial,
que ainda se esconde.
15Os humoristas, então,
esclareceram os fatos
com nota, de supetão,
sem maiores desacatos:
"Foi com surpresa que nós
integrantes deste grupo
ficamos a par, 16depós
do jornal, de tal apupo.
Os deputados desejam
nos processar por piada,
não querem que outros vejam
nossa 17trama bem bolada.
Não queremos ofender
18prostitutas federais
queremos só nos ater
às classes profissionais.
Nossa boa intenção
era só de comparar
quem 19muda de posição
para dinheiro ganhar.
Cedemos 20nosso espaço
pra resposta de direito,
sem nenhum estardalhaço,
sem tempo muito estreito.
Nossas gravações são feitas
sempre 21às segundas-feiras,
e sem maiores suspeitas
gravamos suas besteiras.
22Nesse dia, com certeza,
23descansos dos deputados
— falta-nos delicadeza —
terão que ser 24adiados."