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cronicas-->Nunca mais -- 25/11/2003 - 19:00 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nunca mais
maria da graça almeida

De vez em quando, ainda o vejo em seu velho
e lustroso carro. O nariz do rapaz continua
o mesmo, sempre em pé.
O sitiozinho de seus pais, quero dizer, a fazenda,
como ele sempre alardeava, era o seu grande trunfo.
Tanto insistiu, tanto convidou que não tive saída.
As inúmeras recusas faziam-me indelicada.
Depois, sempre gostei do cheiro da grama cortada,
do perfume da terra molhada.
Afinal, nasci no campo e por lá permaneci
até os doze anos. Um bom tempo para descobrir
as delícias do mato. Boas lembranças não faltavam.
Arrumei demoradamente a mala. Estava perfeita.
Biquínis, sais de banho, lingerie bonito,
botas para cavalgar , enfim, creio que pela
primeira vez tive o devido cuidado no preparo da bagagem.

Depois de três horas de asfalto, quando pensei
chegar... mais quarenta e cinco minutos de pó,
pedra e pulos.
Já na entrada, decepcionei-me com a derrubada
dos eucaliptos e senti um silêncio que me
incomodou. Era a falta do canto, normalmente,
insistente das cigarras.

Na casa. Quartos cheirando a mofo, espirros.
Quadros empoeirados. Nariz vermelho, alergia.
Droga!
Ai, medo de lagartixa! Casa velha...nunca se sabe. Fiquei aborrecida com Raul... Puxa! Que idéia! Deveria, ao menos, contar com a ajuda de uma faxineira.
Ele me olhava com um sorriso cínico. Fizera de
propósito -pensava eu olhando-o, desconfiada.
Creio que eu não merecia aquilo.Minhas férias.
E tão esperadas.
O consolo era pensar no banho, "uma enorme
banheira", como descrevia Raul.
Porém, para meu desgosto, na verdade, o que
havia só era uma tina que ali jazia cheia
de ferrugem, sob uma torneira que insistia
em pingar, pingar.

Quem sabe a piscina? O calor estava bravo.
Ah! Um tanquinho de vinil, seco, cheio de ranhuras
esverdeadas.

No pretenso haras, dois burros, visivelmente,
doentes e uma égua magricela.

Bem, talvez à noite, um clima agradável...
O vinho? Argh! Azedo! Que vontade de fumar!
Unzinho que fosse...Esqueci o pacote de cigarro
na mesa do escritório e nem me dei conta ao sair.
Havia uma "vendinha , mas ficava a quilómetros
dali.O carro bebera toda a gasolina.
A pé não daria para chegar. Depois já era noite,
e noite é noite.


É... oito dias passam depressa.
Bem, nem sempre. Principalmente, quando sob as
costas há o afundamento de um surrado colchão.
Que estada, que condições... Cruzes!
No decorrer dos dias em que estive refém do
desconforto, mantive-me muda.
Só voltei a falar quando em frente de casa,
descendo do carro, ironizei:
- Dias inesquecíveis! Nossos amigos morrerão
de inveja quando eu lhes contar das férias maravilhosas!
Ele se foi.
E o pior: acreditou no que eu lhe disse.
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