Briga (*)
Brigamos outra vez, gentil princesa,
Talvez só por brigar, sem real motivo.
E agora, num remorso e pensativo,
Não sei como deixar a chama acesa.
Sinto-lhe muito a falta... Só, à mesa,
Do alimento -- faz tanto que me privo.;
Sem comer nem beber, o lenitivo
Não chega e faz a língua bem mais presa.
Vou experimentar este regime
Forçado até quando? Prever não posso,
Se o conflito a crescer não me redime.
Consola-me pedir um padre-nosso,
Porque não pratiquei o menor crime...
-- E ainda espero, firme, o encontro nosso!
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(*) Brasília, DF, 04/11/1965.
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