AMOR INATO
(Ivone Carvalho)
Vestiste minh’alma com as cores do amor,
Trouxeste-me a confiança que em mim já não existia,
Iluminaste meus caminhos com luzes de valor,
Transformaste meu coração na mais pura poesia.
Passou o tempo e nada, dentro de mim, mudou.
Relevei os contra-tempos e somente o amor ficou.
Cantei meus sentimentos ao universo, aos quatro ventos,
E o amor que tu me deste, sinto ainda, em cada momento.
Despi minh’alma das virtudes condenáveis.;
Tornei-a pura e a ti a entreguei, por direito e de fato,
Uni meu coração ao teu, com laços desatáveis,
Compreendi que um grande amor não nasce, é inato!
Para declarar o que sinto usei a lua, as estrelas, o céu,
Convoquei os anjos, o mar, o relógio, toda rima.
Depositei, em teus lábios, beijos doces, doce mel,
Transformei soltas palavras buscando uma obra prima.
Ouvi muito o que desejava e até o que não queria,
Ousei, brinquei com a arte, com o futuro e a nostalgia.
Fiz das letras meu baluarte, na forma fria da tela,
E não consegui impor o que a minh’alma revela.
Volto a despir-me toda, a ti entregando-me nua.
Venhas! Vista-me a roupa com as cores do teu amor!
Sabes, eu sei, que sou tão somente tua
E que sempre comporei hinos em teu louvor!
17/09/2006
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