Ei, você aí! Já sentiu aquela tristeza que nasce do escondido, vem se insinuando lentamente, com ares de nostalgia, mistura de saudade e ansiedade inominada, processo sem recurso que não lhe dá, sequer, o direito de impetrar um mandado de segurança, um "habeas corpus" ou coisa parecida.
Aí você perde o encanto, desanima, descolore. O céu fica logo atacado por um cinza abafado, sem sol, sem nuvens, só aquela coisa parecida com fumaça, vapor d água bem distante, constrangedor. Aí você olha ao redor de si e não há ninguém, à vista, nem voz por perto, é a solidão braba que lhe pega de jeito como se fosse o olho de um furacão.
Aí você fica sem saber direito para onde ir: se fica em casa curtindo aquela melancolia; se vai à rua para a solidão povoada.
Não tem jeito. O tempo parece ancorado: navio cansado de singrar os mares e atracado num cais estranho, sem qualquer perspectiva de encontrar algo em que se agarrar.
Então, do centro nevrálgico do seu eu, nasce um alento: esperar, esperar, esperar.
Há uma bifurcação, mas você para indeciso. Que estrada tomar?
Você se agita, sente um formigamento, procura uma saída. De repente, um grito: é por ali. Aí você mete o pé naquela estrada. E a voz do arrependimento grita ainda mais alto: volte! Siga aquela outra estrada. É a melhor para você.
Você entra em transe, sofre calafrios, o suor poreja em bagas... e desperta aborrecido por ter tido mais um sonho ruim. |