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cronicas-->Dor fininha -- 25/03/2004 - 09:37 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dor fininha
maria da graça almeida

Pedi que passasse devagar.
Pelo menos isto, já que me faltava coragem para entrar. Pudera! Das duas últimas vezes, a experiência fora desastrosa.
Assim que chegou à rua, minha irmã desacelerou. Calou-se.
Sabia que sua mudez era uma forma de respeito à dor que mais uma vez sabidamente eu sentiria.
O coração bateu-me rápido. Meus olhos conferiram a solidão e o silêncio.
Ainda que deserta, consegui ver, na calçada, as cadeiras de antigamente que no fofo das almofadas suportavam corpos inquietos, ou relaxados.
Na rua silenciosa, pude ouvir a algazarra das crianças de outrora.
Percebi uma dor fininha que me abusava do peito.Estranhei. Até então, sentia-me bem.
A casa estava ali, pintada de amarelo claro; portas e janelas brancas, porém, sob minha visão ainda as paredes vestiam camurça, a cor de tantos e tantos anos.
Tudo me pareceu como antes, como se o tempo tivesse capacidade de voltar.
Minha irmã parou o carro. Imediatamente pude pressentir que a saudade, a alegria, a surpresa, a decepção, o pesar, aprisionados naquela casa, onde eu fora tão feliz...e tão triste, dançavam a Valsa do Adeus. E nunca mais parariam.
O adeus não é fugaz. O adeus persiste, pois possui a perenidade do nunca mais.
Então, entendi as razões da dor fina que em mim insistia.
Constatei que dor fina dói mais, porque, fina, penetra mais fundo.

O bem material permaneceu ali, conservado, enquanto se fora para sempre o bem maior.
Minha irmã saiu devagar. Levou-me dali. E eu, sobre os ombros, tentei levar o calor dos braços da minha mãe e dentro dos olhos, a doçura do olhar de meu pai.

































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