A OBRA PRIMA
Ana Maria era uma poetisa de grande prestígio.
Só que ela tinha um grande defeito: só sabia escrever no banheiro.
Certo dia ela foi viajar e levou seu caderno onde escrevia seus poemas. E durante a viagem, com o sacolejar do ónibus, começou a não se sentir bem. Mas aguentou até chegar ao seu destino: uma pequena cidadezinha do interior.
De repente ela sentiu um cólica terrível. Correu ao banheiro levando apenas seu caderninho.
Quase não houve tempo de se despir, antes que o pior acontecesse.
Sentada ali, sozinha, enquanto as contrações iam se diminuindo, ela abriu o caderninho e se pós a compor mais um poema. Era á última página do caderninho.
E daquela dor, daquele momento inusitado, surgiu um belo poema.
Mas eis que ela vira para o lado para pegar o papel higiênico para se limpar e não o encontra. O lugar onde ele deveria estar, estava vazio.
Ana Maria olhou em todas as direções e nada de encontrá-lo.
Ficou pensativa. O que fazer para se limpar?
Não encontrando outra alternativa, arrancou algumas folhas do caderno e fez uso delas.
Depois, vestiu-se e seguiu seu destino.
Passou alguns dias na pequena cidadezinha e voltou para sua terra natal.
Dias depois, estava tranquilamente assistindo ao noticiário quando deparou com a seguinte notícia:
Um repórter noticiava que um lixeiro de uma pequena cidadezinha (citava o nome da cidade) havia encontrado algumas folhas contendo três poemas. O mesmo noticiava que, segundo especialistas, aqueles poemas eram verdadeiras obras primas. E a quem pertenciam aqueles poemas? Perguntava o repórter.
Ana Maria os reconheceu de imediato.
Muito constrangida, procurou a direção da emissora e se identificou como a autora dos referidos poemas.
Diante das càmeras, teve que explicar o acontecido. E quando o repórter à perguntou se os poemas eram realmente dela, ela respondeu instintivamente:
-- Fui eu quem cagou aqueles versos.
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