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Contos-->Na antesala -- 08/09/2006 - 14:40 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi amor à primeira vista. Trocaram olhares na antesala do cinema, veio aquela energia fantástica que enlaça os corações, provoca um curto-circuito geral e, aí não tem mais jeito: o amor está no ar, preenche os poros todos, a química se instala nos organismos e nas almas.
Ja na sala de exibições, mão na mão, olhos nos olhos, troca de juras, beijos, tesão, tudo conspirando para uma paixão sem limites.
Queriam logo o casamento, mas as condições financeiras dele pediam um tempo, tinha a formatura, o emprego, a estabilidade.
Não demorou muito, as coisas aconteceram: o diploma, o emprego, o dinheirinho que era pouco, mas já dava para ir driblando as dificuldades de um começo de vida.
Casaram com meia pompa e foram residir numa casinha aconchegante, que ainda serviu para abrigar os dois filhos, até que a situação melhorou bastante e construíram uma casa grande, confortável, planejada para suas necessidades e a dos dois filhos.
A vida passou num clima de romance, de construção de um lar pautado nos ensinamentos cristãos.
Assim, numa velocidade incrível, o calendário desfolhou quarenta anos de união. E aí veio o que ninguém se prepara para receber: ela adoeceu gravemente e exalou o último suspiro no final de uma noite fria de junho, deixando um vazio impreenchível na vida dele.
Hoje, decorridos alguns meses, pude trocar rápidas idéias, levar alguma palavra de conforto, embora com um certo atraso. Mas, não foi por desleixo, porque tentei antes várias vezes, em vão.
Ele, quando falei a respeito, retrucou:
- Foi melhor assim, eu andei chorando muito, logo que aconteceu. Agora, com o conforto dos filhos e dos netos, vou me recuperando paulatinamente. Para não ficar pensando, estou mergulhado no trabalho, que é um bálsamo para a vida da gente. A mente ocupada num trabalho sério não nos dá muito tempo para ficar pensando no irremediável.
Aconselharam-me a sair da nossa casa. Mas, não tem sentido. A casa é boa, confortável, cheia de excelentes lembranças. E os filhos e os netos sempre me vêm ver, dar apoio, preencher as horas de solidão.

Toda a obra de Deus tem um significado: a demora no contato nos poupou de emoções desencadeadas, de pranto, de vozes embargadas.
Notei que havia uma tristeza imensa na sua voz, mas não havia tremor nem desânimo. A vida continua. Ela se foi, é verdade, mas ficaram os filhos e os netos. Há um sentido muito lógico na permanência dele aqui, recolhendo saudades, é verdade, mas, dando a marca da sua tranquilidade e do seu amor aos que resultaram daquele encontro mágico na entresala do cinema.
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